Red Cadmus III

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       Samantha sentia o peso da competição em seus ombros, sem família alguma, ela sentia que precisava ganhar por todos aqueles que são menosprezados e não veem uma escapatória. Sam sabe com é, ela já foi uma dessas pessoas. Seu nascimento foi diferente dos demais, ela nasceu no laboratório, a primeira criança a ser criada com dna sintético. Num período em que Cadmus queria garantir o melhoramento da raça humana. Usando dna das mães fundadoras do abrigo ela foi criada. Infelizmente a replicação desse projeto não teve bons resultados e a morena se tornou a única cobaia bem sucedida.

        Por esse motivo, ela se encontrava em Green Cadmus pela terceira vez naquele semestre. Os exames realizados eram dolorosos, serviam para garantir que o dna de Sam estivesse estabilizado e sem risco de mutações. Após os exames, a confinavam por 48 horas até o resultado ser conclusivo. Eram os dois dias mais solitários e frios pelos quais a latina tinha que passar. Sua única alegria era quando a filha de Lilian vinha visitá-la. Por crescer no trabalho da mãe, Lena desenvolver uma amizade secreta com o projeto Sinterização Anatômica Multicelular 001, também conhecido como S.A.M que a pequena Keiran acreditava ser um apelido para Samantha.

     Em dias posterior aos exames, a morena de olhos verdes costumava visitar a cobaia e brincar com a garotinha. Com o tempo tiveram que reduzir as interações para não levantarem suspeitas mas até hoje, Lena fazia questão visitar a amiga mesmo utilizando a desculpa de querer se aprofundar na ciência. Aquele dia não foi diferente, quando Samantha despertou com o desaparecimento dos sedativos em seu sistema, lá estava a sua amiga.

      _Você demorou bastante tempo para recobrar a consciência, tem certeza que eles não estão exigindo demais? Cada vez demora mais tempo para você voltar, Sam.

      A morena de pele branca estava preocupada e suspeitava que houvesse um motivo obscuro atrás desses exames de rotina.

     _E o que eu posso fazer, Lena? Ao contrário de você, nem mesmo sou uma pessoa de verdade, não tenho autonomia ou desejo. Sou só um experimento, eles podem fazer o que quiser comigo até mesmo... você sabe.

     Falar sobre Ruby ainda doía e muito. Quando a criação de clones não estava sendo bem sucedida, os cientistas decidiram tentar algo diferente. Durante a sedação de Sam, em um dos seus exames, eles implantaram um embrião nela, imaginando que a gestação natural poderia ser a solução para seu problema de reprodução das cobaias. Foi conturbado para Samantha quando descobriu que haviam a engravidado mas com o tempo se acostumou a ideia e começou a amar a criança em seu ventre. Ser uma adolescente grávida e sem família na escola de Cadmus 6 havia sido duro mas enquanto seu bebê estava bem, a jovem conseguia suportar.

       Porém quando o sexto mês de gravidez foi completo, a latina teve uma nova surpresa após despertar de seu exame, não havia mais bebê. Como o feto estava bem desenvolvido, os cientistas haviam a retirado para terminar o desenvolvimento no laboratório e longe do envolvimento emocional do projeto S.A.M 001. Apesar da falta de cicatriz, a morena podia sentir o local onde a extração foi realizada. E isso doeu, muito. A dor se tornou pior quando três dias depois o bebê não suportou e faleceu. E aquele era um dos milhares de segredos de Cadmus que foi lançado no incinerador para que não houvesse provas do que ocorreu.

        Samantha só foi perceber que estava se debulhando em lágrimas quando Lena tocou seu rosto e falou.

        _Você não está sozinha, eu já te disse. Eu vou cuidar de você. Nós temos um trato lembra? Você cuida de Kara e garante que ela não se meta em encrencas e eu trabalho para derrubarmos essa pocilga de uma vez por todas. Não vou permitir que façam isso novamente, nem com você e nem com mais ninguém,Sam. Você é uma pessoa e não um objeto, você não está sozinha. Estou aqui, você sabe que somos família e mesmo meio doida, você sabe que pode confiar em Kara neste quesito. Ela deseja o seu bem tanto quanto eu.

       Lena ficou com Sam até que a mesma dormir-se e quando isso ocorreu, ela foi em busca de sua mãe. Apesar de amar sua amiga, o real motivo de estar em Green Cadmus era conseguir conversar com Lilian em paz e longe de olhos curiosos como o minion de Kara, como Keiran odiava Winslow. Ele era um ser tão opaco e sem personalidade, que seguia toda e qualquer ordem de Kara. Um puxa saco de marca maior. E se existia algo que a morena odiava era puxa sacos. Isso foi algo que ela aprendeu desde cedo, se alguém não se valoriza, não é digno de ser dado valor.

       Caminhando pelos corredores da seção oeste do bunker, ela foi colocando sua branca máscara de inexpressividade. Não ter sentimentos, isso era algo que sua mãe se orgulhava e caso Lena desejava-se conseguir atenção da matriarca, precisava espelhar isso. Lilian nunca supor choro ou risos dentro de casa, sempre considerou sentimentos uma vulnerabilidade, coisa que sua filha nunca deveria ter. A perfeição não era algo inalcançável, na verdade era nada mais do que obrigação dentro do lar Keiran.

       Após caminhar pelos corredores, a morena encontrou sua mãe a esperando com um tabuleiro de xadrez. Não seria a líder de Cadmus se fizesse de forma diferente, a loira sempre garantia que sua filha estivesse preparada, isso significava testes e mais testes em momentos aleatórios para que ela nunca baixasse a guarda. De coisas inofensivas como o jogo de tabuleiro a coisas mais complicadas como mandar seus capangas atrás de Lena para que ela precisasse se defender e provasse que estava preparada fisicamente também.

      A garota de olhos verdes, se sentou de frente a sua progenitora e começou a mover as peças no tabuleiro enquanto falava.

      _Creio que já saiba o motivo de minha visita. Você tem um legado a zelar e eu quero um rato fora do jogo.

       Lilian sorriu com a audácia da filha, foi para isso que ela criou essa menina, para ser grande.

       _Você quer dizer sobre o fato de não ter um cartão verde e que a sua perda da competição poderia afetar minha reputação? Quão ingênua você é Lena. Você quer um dos cartões? Pegue. É só você decidir que irá deixar morrer. Quem será? Uma de suas melhores amigas ou Margarita que só quer estar no poder para ter como sustentar os três irmãos mais novos? Me mostre que é digna de ser uma Luthor e então você será uma. E quanto ao seu problema com pestes, ambas sabemos que ao tocar o sino da competição o senhor Schot estará morto então nem sei para que você o citou nessa discussão.

       Mas é claro que essa era a cartada de Lilian, Lena precisava roubar para vencer o jogo, mostrar que era tão suja quanto todos os Luthor's anteriores para que pudesse ascender ao trono. Era sua escolha quem morreria naquela competição, conhecendo sua mãe, quando pegasse o cartão, Lilian lhe concederia o desejo de retirar Alex da competição e a colocaria em Blue Cadmus para que seu relacionamento não fosse ilegal. Porque é claro que a loira conhecia esse pequeno segredo da filha, ela conhecia todos os segredos de Cadmus. Condenar alguém à morte para sobreviver, esse era o obscuro jogo de Cadmus. Ela deveria roubar de Maggie, matando assim a melhor amiga de sua namorada e condenar três crianças a miséria e solidão? Deveria roubar de Sam e lhe retirar assim a única coisa que realmente a pertence que é a vida? Ou deveria roubar de Karaw Mesmo sendo uma vadia sem coração, a Zor-El ainda morava em seu coração. Lena jamais seria capaz de olhar-se no espelho caso roubasse uma delas e nunca mais seria capaz de olhar para Alex caso não o fizesse. Esse é o preço a se pagar para vencer o jogo: o seu coração.

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⏰ Última atualização: Nov 11, 2018 ⏰

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