Capítulo 4

14 1 2
                                        


***Emma

- Meu tio já está vindo. - Ela avisa, ao voltarmos a entrada do Ghotan's.

- Quer carona, Matt? Vou ficar mais um pouco com a novata. - Informo, vendo ele acender outro cigarro ao lado da namorada.

- Tudo bem, vou pra casa da Jullie. Até amanhã! - Fala, vindo ao meu encontro e apertando minha mão num comprimento rotineiro de irmãos.

- Se cuida, cara. - Respondo, sorrindo e pegando o cigarro que ele estende já aceso após dar uma tragada longa.

Observo o carro do pai de Oliver estacionar a poucos metros de nós e viro de costas. Espero mais algum tempo até escutar o carro se afastando e então volto a olhar para o problema ao meu lado.

- O que foi? - Megan diz, me fitando e logo em seguida encarando o chão.

- Nada, novata. - Sussurro, observando as pequenas manchinhas espalhadas pelo seu rosto.

- Era o carro do seu sogrinho? - Diz, ironicamente e noto um brilho diferente em seu olhar, infelizmente não consigo dizer em que contexto.

- Tá com ciúmes só porque o pai do seu namoradinho está longe? - Digo, rindo. Objetivo.

- Poderia formular uma resposta plausível, mas infelizmente sua amiga já utilizou toda cota de paciência hoje.

- Isso é tão legal, sabia? - Acabo verbalizando meus pensamentos.

- O que?

- O jeito como me desafia constantemente, novata, sem nem ao menos perceber. - Explico, vendo seu rosto ser tomado por uma coloração parecida com a do céu nesse fim de tarde estranho.

- E se te disser que percebo?

Abro a boca para responder, mas já é tarde, olhamos em direção ao barulho de buzina e vejo um homem já grisalho acenar para nós.

- Te vejo amanhã na escola? - Consigo balbuciar, enquanto ela caminha para o carro.

- E onde mais eu estaria, veterana?



***Megan

- Fez até uma amiga nova e saiu para comer, nada mal para um primeiro dia de escola, hein? - Fala, alternando o olhar entre mim e a direção.

- É... Não tenho certeza. Esse lugar me traz sensações estranhas. - Comento, olhando para o lado de fora do carro, onde a noite já cai e me pergunto se Emma já chegou em casa.

- Um pouco de boa fé seria bom, hein, praguinha. - Diz, bagunçando meu cabelo com a mão livre rapidamente.

Rio e ligo o rádio do carro, acho que depois de longas semanas, é a primeira vez que me sinto tranquila. Ou então relaxada. Como se não houvesse mais preocupações. O peso do mundo que antes me esmagava, agora me sufocava menos.

Tio Phill dirige como uma senhora de 95 anos, mas em compensação ao chegarmos em frente a sua casa ele estaciona na garagem e desce, faz a volta rapidamente e abre minha porta, logo depois pega a mochila de minhas mãos enquanto desço. Mais cavalheiro não existe.

- Querida, chegu... - Grita, ao entrarmos.

- Phillip, shiu! Acabei de conseguir fazer o Petter dormir! - Louise diz, surgindo da cozinha mastigando algo e o interrompendo.

- Pensei que iria nos esperar para comer, amor. - Fala meu tio, a olhando com cara feia.

- Bom, vou subir. Tenho coisas da aula para revisar. - Intervenho, começando a ficar melancólica com a relação amorosa dos dois.

Another HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora