— Então está me dizendo que já fez seu próprio tour sozinha? — Yugyeom perguntou, incrédulo demais. — E que você já sabe onde fica a maioria dos lugares?
— Basicamente — dei de ombros, acenando.
— Eu não consigo acreditar nisso.
— Então me pergunte qualquer coisa. Ou melhor, me pergunte onde fica qualquer lugar.
Semicerrando seus olhos, Yugyeom me encarou por alguns segundos antes de dizer:
— Diretoria.
— Na entrada na universidade.
— Banheiro.
— Segundo corredor a direita.
— Salas de aula.
— Espalhadas em todos os lugares da universidade, entre o primeiro e segundo andar. Inclusive, a minha fica no segundo.
— Biblioteca?
— Segundo andar também. Fica ao lado da sala de estudos, se era isso que você iria me perguntar depois.
— Wow, tudo bem, eu desisto — ele levantou os braços e apoiou suas costas na cadeira da lanchonete, dando-se por vencido.
Vitoriosa, cruzei os braços sorrindo e encarei o caderno preto em cima da mesa.
— O que é isso?
— Isso o que?
— Seu caderno.
— Você mesma acabou de responder. Isso é um caderno.
— Ok, mas o que tem nele?
— Por que está tão curiosa?
— É que desde que nos encontramos, você vive levando ele pra todo lugar que vai e meio que parece ser importante pra você.
— Você faz parecer que já nos conhecemos a décadas.
— É um dom. Então, vai me dizer o que tem dentro dele ou não?
— É impressão minha ou você é meio, talvez muito, curiosa? — ele perguntou, sorrindo.
— Bem — eu apoiei meus cotovelos na mesa e soltei um pequeno sorriso —, é impressão minha ou você não é tão tímido quanto eu pensei que fosse?
— Olha... é segredo — falou, tentando não parecer nervoso. Mas eu notei que estava.
— Existem possibilidades de eu conseguir ver isso algum dia? De preferência antes de morrer? — perguntei.
— Óbvio.
— Você promete?
— Prometo.
— Que bom. Agora vamos andar por aí. Eu meio que estou entendida e você é meu único colega.
Levantando-me da cadeira, joguei a caixinha de suco integral no lixo e comecei a sair do refeitório, que por sinal, era enorme, lotado e cheio de lanchonetes diferentes. Entretanto, somente uma vendia comida vegana. Uma pena, mas ainda assim era melhor que nada. Pelo menos eu ainda teria o que comer.
— Eu te convidaria para uma festa, mas digamos que você chegou atrasada para as festas de calouros.
— Sem problemas. Não curto muito festas.
— De verdade?
— Aham.
— Isso é um pouco surpreendente.
— Por que?
— Quando encontrei você hoje de manhã, parecia que você era do tipo que curtia aventuras.
— Festa não é uma aventura. Festa é apenas festa. Se quer entrar em uma aventura de verdade, entre em uma floresta e durma lá durante a madrugada. Escale uma montanha. Tente tirar sua própria vida. Isso sim são aventuras — falei, sorrindo, já no corredor. — Se continuarmos sendo colegas até daqui há alguns meses, talvez eu te ensine como se aventurar de verdade.
— Sério?
— Sim. Contanto que você me mostre o que tem dentro do seu caderno.
Yugyeom revirou seus olhos.
— Tudo bem. Vamos fazer assim: eu lhe mostro meu caderno no dia que você falar que teremos uma aventura das boas.
Estendendo minhas mãos, falei, alargando meu sorriso:
— Feito.
Voltei para o quarto após Yugyeom e eu ficarmos algumas horas deitados conversando no gramado da universidade. Eu não entendia porque ele ainda continuava falando comigo, mas apenas deixei essa perguntava para lá. Ele parecia não ter amigos e eu não queria estragar do fato de estar falando com ele apenas for falar. Até porque ele era legal. Mas por ser exatamente legal, ele não merecia andar comigo.
O dinheiro que a minha querida colega de quarto ladrazinha já estava posto na minha cama quando cheguei e isso fez que eu soltasse um pequeno sorriso. Pelo menos era honesta ao ponto de cumprir seus promessas.
Escutei o barulho do chuveiro ser ligado e pensei que assim como eu, ela estivesse acabado de chegar. Peguei o dinheiro e joguei dentro da escrivaninha marrom ao lado da minha cama e deitei-me na mesma, encarando o por alguns segundos. Retirei meu celular do bolso e comecei a ler a baixa postal. Três mensagens da mamãe e uma de Jaebum.
— Ah, você chegou — minha colega de quarto disse, ao sair do banheiro alguns minutos depois. — Eu realmente sinto muito por ter pegado sem pedir.
— Duvido que seja verdade, caso contrário você não teria pegado. Mas tudo bem. Pelo menos você devolveu — falei, bloqueando meu celular, sentando-me na cama e encarando-a neutra. — Com o que você usou?
— Como assim?
— O meu dinheiro. Você gastou ele com o que?
Layla me encarou em silêncio por alguns segundos e mordeu seu lábio inferior. Parecia não querer responder, mas talvez, a culpa em seu cérebro, causado pelo furto e medo de eu contar para alguém a fez caminhar em direção a bolsa preta em cima da sua cama e abri-la, deixando cair várias camisinhas.
— Isso — respondeu, tranquilamente. — Foi isso o que eu comprei.
— Pensei que tivesse tido uma discussão com seu namorado.
— Como você sabia que era meu namorado?
Apontei em direção ao retrato.
— Você encarava essa foto enquanto conversava. Eu apenas deduzi. Pelo visto já se resolveram.
— Isso não é para nós — ela disse, revirando os olhos. — Nós ainda não nos resolvemos. Mas o fato é que ele é um babaca imaturo. Apenas por isso ainda não fizemos as pazes. Enfim, como eu estava dizendo, isso não não é para nós.
— Para quem é, então?
Com um pequeno sorriso nos lábios, Layla jogou as caminhas em direção ao meu lado da cama. Não tive reação. Eu apenas comecei a pegá-la de uma a uma e arrumá-las em saco transparente, antes de jogar embaixo do meu travesseiro.
— Se você ainda não entendeu, Samyra, são para você. É um presente de boas vindas.
— Um presente comprado com meu próprio dinheiro — murmurei. — Bem, obrigada. Apesar de eu não saber o porquê de ter ganhado tantas.
— Por segurança. Apenas por segurança. — ela falou, piscando.
— Quer algumas também? Acho que você vai precisar mais que eu. Você namora, eu não.
— Você não namora ainda.
— Eu não vou namorar nunca.
— E por que não? — ela parecia curiosa.
— Porque eu preciso sentir alguma coisa pela pessoa para isso acontecer. E, até agora, isso nunca aconteceu antes.
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The last goodbye ❄️ Jackson Wang
FanficSamyra é uma garota de 21 anos e já passou por mais psicólogos e terapias que poderia ser capaz de contar. Todos os anos, desde seus nove anos de idade, no dia do seu aniversário, ela tenta algo: se matar. Todavia, seu objetivo sempre é interrompido...