Primeiro dia de aula

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Hoje começa o meu primeiro dia de aula, escola nova, cidade nova, mas não tô afim de fazer amigos novos, na minha cidade natal eu tinha poucos amigos, mas o tempo foi passando e todos foram se afastando de mim, e hoje não faço mais questão de amizade, prefiro tá sozinha mesmo.

Eu: pai me passa a manteiga. - abri o pão, logo em seguida ele me passa a manteiga.

Pai: iae, animada com o primeiro dia de aula?

Eu: nenhum pouco, sinceramente não tô afim de estudar.

Pai: minha filha você tem que reagir, eu sei que com a perda da sua mãe foi doloroso, todos nós sentimentos muitas saudades dela, mas a vida continua e você precisa tocar sua vida pra frente Sophie.

Eu: será possível que você não pode respeitar meu espaço, eu não acredito que você está conformado com a morte da mamãe.

Pai: Sophie, Deus quis assim, não podemos impedir a morte de ninguém.

Eu: Deus, Deus, Deus, o Senhor sempre fala a mesma coisa, e sabe de uma coisa? Eu mesmo estou começando a achar que foi Deus quem matou a mamãe e trouxe toda essa tristeza profunda para a nossa família.

Pai: não fala assim filha, Deus não tem culpa de nada, as pessoas que procuram o mal pra si mesmas, sua mãe sabia muito bem que fumar causa problemas no organismo, principalmente câncer no pulmão, mas mesmo assim continuou fumando até a doença se iniciar, aliás, avançar, pois ela não parava, então ela teve essa consequência

Eu: mais uma vez o Senhor vem com essa história, mamãe não teve culpa de nada, o único culpado foi Deus, e eu não sei por que o Senhor defende tanto ele já que ele mesmo que matou a sua mulher, e se me der licença perdi a fome.

Eu e Papai nunca conseguíamos ter uma conversa normal, sempre isso aconteceu, a gente acabava discutindo no final das contas.

Não sei por que Papai defende tanto Deus, Ele que matou a minha mãe, e minha vida está uma miséria, eu não queria mais viver, tudo mudou, vê o sofrimento da minha mãe foi muito difícil pra mim, mas a morte dela foi pior ainda, a cada dia que se passa um buraco escuro vai aumentando dentro de mim, a luz que eu tinha quando criança já não existe mais em mim, eu perdi toda a minha alegria, e hoje a única maneira que eu encontrei de me livrar da dor é me machucando.

Fui até o banheiro, olhei meus pulsos e havia várias cicatrizes e alguns cortes recente, há muito tempo eu faço isso, desde quando minha mãe descobriu o câncer, eu perdi tudo, perdi minha mãe, perdi meus amigos, e agora estou perdendo o resto da minha família, e logo logo me perco.

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Ao chegar no colégio, todos estavam olhando pra mim, deve ser por que estou de casaco em um dia ensolarado, não dei valor e continuei meu caminho até chegar a minha classe, sentei na última cadeira e fiquei de cabeça baixa encarando os dedos.

Professor: bom dia alunos e alunas, hoje temos uma nova aluna, Sophie pode ficar em pé?

Levantei a cabeça e todos estavam olhando pra mim, me levantei.

Eu: oi.

Professor: bom gente, essa é Sophie, ela veio de outra cidade, e espero que vocês sejam gentis com ela.

Sentei revirando os olhos, a aula passou bem rápido, mas ninguém ainda deu uma palavra comigo, ainda bem.

No intervalo me sentei sozinha em uma pracinha que ficava no meio do colégio, peguei um livro qualquer e fiquei lendo, ninguém ainda veio falar comigo, e eu acho isso uma maravilha, não tô afim de conversar.

Quando tocou para voltarmos a classe percebi que estava sendo observada, olhei ao redor até meus olhos irem de encontro com um menino, isso, um menino estava me encarando, mas não com um olhar malicioso, e sim com um olhar estranho, como se eu fosse tipo não sei dizer, mas ele me olhava estranho e aquilo tava me incomodando.

Ele usava uma camisa social curta, sua aparência mostra o quanto ele deve ser daqueles garotos certinhos.

Me levantei e segui pra classe, e ele ainda continuava me olhando, mas o que ele quer? não trocou nenhuma palavra comigo e mesmo assim não parava de me olhar, andei o mais rápido que pude até chegar a sala.

Sentei na minha carteira e a aula começou, uma voz ao meu lado soou.

××××: Psi.

Olhei de lado e vi um menino, vamos dizer, um menino do tipo gay.

Eu: oi?

××××: oi, meu nome é Eduardo, mas me chame de Dudu.

Eu: oi Dudu.

Dudu: uma pergunta sophie, por que você está usando casaco em um dia ensolarado?

Eu: por que me sinto confortável vestida assim.

Ele me olha torto.

Dudu: hmm entendi.

Ficamos conversando a aula inteira, e o Dudu é uma pessoa boa e gentiu, e sim ele é gay, mas isso pra mim não importa, gostei muito da amizade dele que viramos amigos, e ele era a única pessoa no colégio que falava comigo fora os professores, mas pra mim tá ótimo.

Da ferida a cicatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora