forty-four

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Philippe Coutinho

Desperto assustado por conta do meu celular que tocava desesperadamente de baixo do travesseiro, o coloco no ouvido sem ao menos olhar para o eclã.

— Alô? — atendo com a voz rouca pela falta de uso.

— Phil, eu.. — Neymar falou do outro lado da linha e eu automaticamente revirei os olhos. — Não desliga por favor.

— O que você quer? — perguntei ríspido.

— Será que a gente poderia se encontrar? Faz um tempo que eu gostaria de falar com você, pelo menos como amigos. — ele pergunta um pouco nervoso e eu apenas suspiro, afinal eu também gostaria muito de conversar com ele, era horrível não termos mais nenhum contato.

— Tudo bem, me encontre as 19h no restaurante que tem aqui do lado. — falei e em seguida desliguei o telefone, encarando a tela do celular.

[...]

— Fico feliz que tenha aceitado sair comigo. — Neymar falou pegando na minha mão e eu recuei. — eu.. eu gostaria de pedir desculpa pelo que eu fiz com você nos amistosos. Eu ainda te amo e não consigo ficar sem falar com você.  — o mesmo disse sem graça.

— Você tem certeza? Porque quem ama não sai beijando os outros. — falei antes de suspirar.

— Eu estava bêbado, tudo bem que isso não justifica a merda que eu fiz mas é que as coisas não estão nenhum pouco fáceis e eu achei que seria bom descontar meus problemas em uma garrafa de vodka. — ele contou colocando suas mãos em seu rosto.

— E você não acha que seria mil vezes melhor se tivesse desabafado comigo? Você sabe muito bem que eu estarei aqui para o que der e vier e sempre te apoiarei independente de tudo. — falei finalmente olhando no fundo de seus olhos, por um segundo pude perceber que havia dor em seu olhar e aquilo querendo ou não acabava comigo. — O que está acontecendo?

— Não posso contar aqui, será que podemos ir para a sua casa ou a Maria está lá ?

— Podemos sim, ela voltou para o Rio com a Aine onde as duas estão morando agora com a família dela. — falei me levantando e Neymar fez o mesmo.

O caminho até a minha casa foi silencioso, assim que entrei na mesma destranquei a porta e abri passagem para que Ney entrasse.

— Tudo bem, agora pode me contar. — falei enquanto me sentava no sofá e ele se sentou ao meu lado.

— Então, nos últimos meses eu ando me sentindo muito mal porque estou sendo obrigado a namorar com a Bruna, a felicidade não depende mais de mim e sim dela.

— Como assim? — perguntei a ele confuso.

— Eu preciso ficar com ela por causa de sua reputação, como ela é atriz da globo se namorar com um jogador famoso ficará ainda mais conhecida e terá mais chances de trabalho. — contou ele se sentando com perna de índio, eu o encarava surpreso.

— Eu não acredito nisso.

— Pois acredite, agora tenho que viver em função dos outros e isso está acabando comigo aos poucos mas ninguém percebe. — ele disse com os olhos marejados e eu me aproximei do mesmo.

— E por que você não desiste? — perguntei a ele.

— Porque não é tão fácil assim, se eu fizer isso corro o risco de ser processado, além de pagar uma multa super alta. — vi uma lágrima solitária escorrer do rosto do mesmo que a limpou rapidamente.

— Não fica assim. — falei o puxando para um abraço e senti minha camiseta molhar por conta de suas lágrimas mas apenas ignorei, afinal eu precisava ajudá-lo, nem que seja com apenas um abraço.


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