Prólogo

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Fim do Ciclo 3800
Quando nasci uma chuva torrencial caiu do céu, o povo ficou alegre, as vidas puderam continuar. Todo ano é assim, uma completa sequidão até o sétimo luar de cada ciclo, então como mágica o céu nubla e as gotas pesadas começam a descer e levar consigo toda a morte.

  Mas agora deitada na esteira de bambo vejo que talvez tudo tenha sido mera coincidência, o céu aberto e o sol escaldante estão levando minha vida embora, o chão de terra batida dentro da cabana mostra rachaduras . Preciso de água.

Estar viva não é mais considerado sorte, na verdade parece mais um castigo. A minha boca esta seca, e todo o meu corpo enfraquecido, dessa vez vou morrer, e sinto um grande alívio por isso.
—Não me olhe assim, estou bem.


— Eidyia fique calma ,vou conseguir água, eu prometo.

Antes que eu possa falar qualquer coisa, um som conhecido se manifesta. Eles chegaram, preciso morrer agora, tento alcançar o punhal de meu pai, mas ele me impede.

— Não posso deixar...sinto muito querida.

Fico apavorada, eles vão me levar. As imagens são borradas, estou tão fraca.As vozes  soam como cochichos, distantes e pouco compreensíveis.

— Quantos ciclos ? —não consigo reconhecer essa figura.

— Ela tem 17 senhor.— papai responde por mim, ele não deveria.

Sinto meu corpo ser levantado da esteira de bambu, não posso morrer longe de casa. Tento gritar,mas minha voz falha, e então tudo fica escuro.

Eidyia - A portadora da visão.Onde histórias criam vida. Descubra agora