Tinha sido mais um dia cansativo no escritório, tudo o que me apetecia era regressar a casa e esquecer aquele dia. Quando acabei o meu curso de direito decidi fazer um estágio no estrangeiro e, apesar de não ter sido a minha primeira opção, foi a Manchester que acabei por vir parar.
Depois de um dia inteiro a aguentar ser diminuída por um conjunto de advogados prepotentes que me tratavam de modo inferior por não ter a sua experiência, a Beatrice continuava a insistir que fossemos tomar um copo num dos bares pomposos de Manchester.
Ela era natural de Inglaterra e também estava a fazer um estágio no mesmo escritório de advogados que eu. Tinha-se revelado uma das minhas poucas amigas no curto período de tempo que tinha estado nesta cidade.
-Vai ser divertido, Sofia. Podes por favor tirar essa cara de poucos amigos? - pediu com o seu sotaque britânico carregado, enquanto nos dirigíamos ao exterior do edifício. O frio que se fez sentir obrigou-me a apertar o casaco.
-Mas porquê aquele bar todo chique? Eu, por vezes, passo por lá e aquele não parece nada o género de lugar que costumamos frequentar, Bea. - protestei sem sucesso. -Para além disso, estou cansada. - acrescentei na esperança de obter alguma compreensão da sua parte.
-Meu Deus, tens a certeza que tens 23 anos? Pareces aquelas velhas que só sabem reclamar. - observou rindo. -Eu vou apresentar-te uns amigos meus hoje, já está na hora de foderes um britânico! - disse piscando-me o olho e entrou num táxi, dando a localização ao motorista.
-Claro, era mesmo esse o meu objetivo. - falei irónica sem conseguir conter a vontade de rir, só esta rapariga para me distrair.
Assim que chegamos ao nosso destino, observei que o local era ainda maior do que aquilo que esperava, as paredes tinham tons cinza e os gigantes candelabros pendurados deviam ter o preço do meu apartamento inteiro. A música que suava era agradável, tornando o ambiente um pouco mais descontraído.
-Sofia, este são o Tyler e o George. - apresentou e reparei que os dois eram muito altos.
-Prazer! - cumprimentei os dois.
-A Beatrice fala muito bem de ti. - proferiu o loiro, George.
Depois de algumas bebidas servidas, a conversa foi fluindo naturalmente. Os dois rapazes eram muito simpáticos e Tyler dirigia-me vários olhares aos quais a bebida ou talvez a carência me faziam corresponder de volta.
A bebida que consumi estava a deixar-me alegre, sentia-me mais extrovertida o que me permitia interagir de outro modo com o grupo. Conseguia ver que a Beatrice estava satisfeita por me estar a ver a divertir. Acabamos mais uma rodada de shots e como nenhum empregado se dirigia à nossa mesa, impaciente levantei-me e dirigi-me ao balcão. Antes que lá chegasse senti uma bebida ser projetada na minha direção, manchando a minha camisa branca.
-Olha aí, portuga! Você só faz bosta, mesmo! - disse alguém com sotaque brasileiro e assim que olhei, fiquei incrédula ao reconhecer Gabriel Jesus, o jogador de futebol.
-I'm so sorry! Please, let me help you. -falou alguém que reconheci como o Bernardo Silva e desatei a gargalhar.
-Quem é que vem a seguir, o Cristiano Ronaldo? -perguntei sem conseguir parar de rir e senti os olhares confusos dos dois. -Eu realmente devo ter uma fraca resistência ao álcool. -constatei divertida e sai em direção a casa de banho.
-Deixa-me ajudar-te. -falou o moreno seguindo-me. -És portuguesa? -questionou entregando-me alguns guardanapos que estavam ao lado do lavatório.
-Não, sou holandesa. Mas falo fluentemente 7 idiomas. - trocei, tentando manter-me séria.
-A sério? Isso é impressionante! -elogiou sincero o que me fez rir.
-Não! Estava a gozar, nasci em Lisboa! - disse e consegui vê-lo gargalhar.
-O que é que se passa contigo? - questionou divertido enquanto me observava a limpar a camisa.
-Eu não costumo ser assim, desculpa. - justifiquei-me, sabia que o álcool estava a deixar-me demasiado efusiva.
-Então e como é que costumas ser? - perguntou interessado e reparei que o seu olhar se continuava a focar na minha camisa e assim que reparei que o meu decote estava exposto protestei.
-Ei, olhos para cima, espertinho! A minha cara está aqui. - falei apontando o que o fez rir novamente.
-Desculpa, não foi com intenção. - declarou desviando o olhar. - Posso saber como é que te chamas? - interrogou e olhei para ele com atenção pela primeira vez.
Estava com uma camisa azul escura os dois botões desabotoados deixavam uma porção do seu peito exposto, a sua barba encontrava-se perfeitamente alinhada e um sorriso não largava a sua face sempre que falava comigo. Era, sem dúvida, um homem muito atraente.
-Sofia, chamo-me Sofia. - repeti sorridente e terminei finalmente de limpar o estrago que ele havia feito.
-Eu sou o Bernardo. - apresentou-se sorrindo novamente, gostava do modo caloroso como sorria.
-Eu sei quem tu és! - afirmei convicta o que o fez rir, mais uma vez.
-Isso deve ser porque Sofia deriva do grego e significa "sabedoria". - disse deitando-me a língua de fora.
-Sim, já Bernardo deriva também do grego e significa "desastrado" - falei apontando para a minha camisola ainda molhada.
-Não o vejas dessa forma. Foi o destino que nos quis unir, Sofia. - declarou confiante e piscou-me o olho.
-Essa foi péssima. - afirmei gargalhando perante a sua tentativa. - Isso costuma funcionar com alguém? - questionei em tom de troça.
-Estás a duvidar da eficiência das minhas técnicas de engate? -interrogou, fingindo-se ofendido.
-Sim, atirar uma bebida a uma mulher e depois passar o resto do tempo a conversar com ela no lavatório da casa de banho. Bastante eficiente. - ri preparando-me para virar costas.
-Dá-me o teu número, quero recompensar o estrago que fiz. Talvez, pagar-te uma bebida noutro dia. - disse entregando-me o seu telemóvel, no qual digitei o meu número.
-E porque não me pagas uma bebida agora? É o mínimo. - afirmei divertida, a verdade é que o queria conhecer melhor, pois ele tinha despertado um grande interesse em mim.
-Agora não posso, mas prometo que dou notícias em breve. - disse atrapalhado, o que me deixou intrigada e com a parte de trás da sua mão acariciou o meu rosto.
Quando saímos dos lavabos da casa de banho, o Bernardo seguiu na minha frente, como se não pudesse ser visto a meu lado. A sua atitude deixou-me incomodada e contrariava a imagem afável que me tinha dado há instantes. Estes jogadores de futebol devem achar-se mesmo melhores que toda a gente, atirou o meu subconsciente.
-Amor, achas que podemos ir andando para casa? - pediu uma mulher de cabelos castanhos, abraçando-o pelo pescoço. Vi-o olhar para trás, na minha direção, constrangido e apenas consegui rir em desprezo.
-Desculpem! Bernardo Silva, não é? - falei sorridente aproximando-me do casal e vi-o perder a cor. - É só para dizer que não prestas. Com licença. - despedi-me pousando a mão no seu ombro.
-O que é que foi isto? - perguntou aquela que devia ser a sua namorada.
-Não, faço ideia. Deve ser adepta de algum clube rival. -ouvi-o desculpar-se enquanto me afastava. - Vamos embora, Alicia. - insistiu o jogador.
Mistério resolvido, tanta discrição e a sua tentativa de manter o nosso contacto apenas limitado aos lavatórios era apenas uma forma de ocultar à sua namorada os seus pequenos flirts.
As aparências realmente enganam! Maldita a hora em que me deixei encantar por aquele sorriso...
Olá, olá! Espero que gostem deste capitulo. Ainda há muito, muito, muito por acontecer entre estes dois. Obrigada pelos comentários e pelos votos no prólogo. É sempre muito gratificante receber o vosso feedback. 😘
Votem e comentem! Até ao próximo capítulo, meninas!
Muitos beijinhos ❤❤❤
YOU ARE READING
Behind Closed Doors | Bernardo Silva
FanfictionÉramos bons deitados numa cama, como se o prazer que sentíamos bastasse, mas o que acontece quando o sentimento se revela demasiado extenso para que possa continuar escondido entre quatro paredes? No final do dia, voltavas para os braços dela, enqua...