MERAK - Filha do Fogo - FILHO DO DRAGÃO VOL 2 (Completo) lançado 19/11/18

CONLUIO

Andrej Alioth entra na sala de reuniões, sua expressão está carregada e áspera.

O padre Custódio o está esperando. Parece sereno, sentado atrás de uma mesa redonda feita de madeira de lei.

O local não é grande, porém, é apropriado tendo em vista que está localizado em um vilarejo.

É também muito discreto e recebeu o nome dado pelo próprio padre, de:

"Magistratura"

A população acredita que os dois reúnem-se lá para procurar entender os desígnios de Deus em favor da cidade.

Embaixo da citada mesa há um tapete vermelho com uma figura, algo como o símbolo eclesial da Igreja de Roma.

A verdade é que o tapete esconde um fundo falso.

O local é usado para tentar "tirar", ou mesmo "exorcizar" os espíritos imundos das pessoas.

As jovens donzelas, submissas, são tratadas como santas, depois da "exorcismo", porém... As que são abusadas e, podem de alguma forma servir de ameaça, mesmo quando coagidas, os citados homens nomeiam como "Brujas", em um dialeto novo e pouco conhecido, que vem da parte leste da Valáquia, na Romênia.

Chamá-las em dialeto pagão desconhecido gera mais medo na população.

— Você ficou sabendo algo sobre um forasteiro e seu cachorro? — Pergunta o Padre com as duas mãos sobre a mesa.

— Sim, mas agora isso pouco importa. Temos problemas maiores padre. A população já vem desconfiando dessas mortes de bruxas, e o pior é que não aparece sequer uma mulher grávida.

— Por outro lado, isso é bom... — O padre Custódio abre um sorriso leviano.

— Não vejo o lado bom disso! Lógico, tirando as jovens que defloramos aqui. No entanto, meu projeto de ser rei de Werzog, sem uma população crescente, mesmo com o apoio da Igreja está indo por água abaixo.

— As mulheres são uma casta problemática nobre Andrej. Vide, há algum problema de ordem espiritual acontecendo aqui. — Avisa o padre.

— Você deveria resolver os problemas dessa ordem! — Andrej esbraveja.

— O problema caro amigo, é que passo o tempo limpando as suas merdas e as do seu filho Esteban.

Andrej fita o padre e o enxerga bem pequeno.

— Lembre-se, amigo, eu ainda sou o maior poder aqui! A Igreja não é o maior poder.

O padre percebe o recuo dos olhos do amigo, mas, mesmo assim, não se conforma. Sabe que algum momento eles poderão estar em lados opostos.

— Continuando meu caro amigo da nobreza, onde você estava com a cabeça ao tentar comprar a virgindade de Lira Merak, e tentando negociar com sua tia Ana? - Custódio inquire com certa irritação.

— Aquela menina mexe comigo. Eu me sinto um lobo no cio. Minha vontade é escuta-lá gritando e gemendo de prazer enquanto a penetro.

— Cuidado... Posso achar que aqui exista um "Brujo" e não uma "Bruja". — O Padre Custódio fala rindo. Porém, Andrej não sabe que o velho pároco também nutre pensamentos nada castos em relação à jovem donzela.

— Verdade. — Começa Andrej. — Não deveria ter assassinado a tia de Lira.

— Você não só a matou, como, inclusive, a deixou ser comida pelas feras da floresta. O corpo carcomido da velha, estava tão deplorável que não perceberam a marca da paulada que lhe abriu o crânio.

— Mas ela mereceu. — Andrej passa uma mão nos cabelos enquanto apoia a outra na cintura. — Onde ela estava com a cabeça em tentar me ameaçar?!

— Presa em uma tora de madeira!

Os dois homens gargalham com a piada macabra que o padre fez.

Ainda rindo, Andrej diz:

— É, creio que não seja muito salutar me ameaçar.

Padre Custódio continua sorrindo e finge que não entendeu o recado.

— Verdade meu amigo, mas cuidado. O pai e o avô da moça eram muito queridos aqui. Embora ela esteja quase na sarjeta, ela é uma Merak. E esse sobrenome lhe traz algum carinho entre a população.

— Só por que eles serviram a Ordem do Dragão?

— Não apenas por isso, mas, porquê deram a vida por essas pessoas, então, cuidado. Se você a quer, poderemos conseguir isso, mas não com estratégias estúpidas como a que você usou.

Andrej ajeita-se na cadeira e coloca suas duas pernas sobre a mesa.

— Meu maior problema hoje é saber que meu filho mais novo gosta dela, já que ela parece retribuir o carinho dele.

— Um problema e tanto nobre amigo, um baita de um problema. — Fala o padre coçando o queixo.