Choque de realidade

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Meus olhos ainda permanecem abertos as seis da manhã. Juan agia estranho ontem, mas não me falou nada a respeito. Me sinto mais fraco do que nunca agora. Como vou proteger Layla se todos que eu conheço ou morreram, ou decidiram partir? As perguntas em minha mente estão correndo feito loucas para lá e para cá. Droga Albert, você está abatido como esteve nas outras situações.

Eu nunca havia visto uma cena tão bruta como aquela, e quando vi foi logo com Juan, meu amigo... Merda o mundo é cruel, como é cruel... Prometi que iria parar de fumar para sempre por causa da minha filha, mas sinto a extrema necessidade no momento, e cá estou eu, repetindo a mesma cena de meu amigo ontem, com um cigarro em mãos. Se eu estivesse sozinho no mundo, já teria metido uma bala em minha cabeça a muito tempo. Aquela garotinha é o que me mantém de pé todos os dias de minha vida.

Sim, eu passei a madrugada toda me perguntando quem o matou, e por qual motivo. Algum desentendimento no passado? Alguma mulher vingativa? Esqueça Albert, você é apenas um limpador de banheiros em um restaurante sujo no centro de Austin. Seja lá qual for o motivo, aquele senhor não mereceu isto. Eu me identifico muito com Juan, ele era um senhor sozinho, possivelmente abandonado pela família e amigos, mas ele nunca me contou detalhes sobre. Ele me contou sobre uma mulher que havia conhecido a uns anos, nada muito esclarecedor, só contou que foi a última mulher com quem se relacionou, e só.

(...)

Agora são dez da manhã, já ouvi vozes e passos no apartamento ao lado, provavelmente é a perícia investigando o apartamento de Juan.

— O que aconteceu com ele, pai? – Layla pergunta enquanto toma seu café.

— Não sei Layla.

— Por que a polícia estava aqui ontem?

— Eu não sei filha, não sei...

Ouço três batidas seguidas na porta. Olho diretamente para Layla, ela me encara de volta parando de comer. Dou um sinal para ela ficar e ela me obedece, e assim sigo lentamente até a porta.

Olho pelo olho mágico da porta e vejo um rapaz moreno de cabelo grisalho e terno. Merda.

— Sim? – Meio hesitante eu abro a porta.

— Sou o líder da perícia criminal do Texas, e estamos investigando o assassinato que ocorreu ontem por volta das cinco da tarde no apartamento ao lado do seu. Pode nos dizer se sabe de alguma coisa? – O rapaz fala guardando o distintivo em seu terno.

— Não sei de muita coisa, mas talvez possa ajudar...

— Ótimo! Me disseram que foi você quem contatou a polícia, é isto?

(...)

Estou pronto para levar Layla para mais um dia de escola quando percebo os policiais entrando e saindo do apartamento. Isto me deixa inquieto, pessoas invadindo seu apartamento dessa maneira. Juan normalmente sairia com uma escopeta se alguém invadisse seu apartamento. Peço para Layla ir até o fusca no estacionamento e ficar lá.

— Alguma coisa? – Pergunto ao homem que bateu na porta mais cedo.

— Não se resolve rápido assim, filho. – Ele continua a anotar coisas em uma prancheta sem olhar em meu rosto.

Fico observando os policiais na porta por um momento.

— Você sabe onde será o enterro?

— Não faço a mínima ideia. Preciso que se retire agora! – Ele ordena, apontando para as escadas.

Aquela mesma sensação de quando minha esposa morreu, e de quando meu pai me chutou para fora de casa está de volta... Não sei se posso chamar aquele ser de pai. Após minha mãe morrer eu conheci Layla, e ela me ajudou a superar aos poucos. Meu pai? Fez questão de pegar peça por peça de minhas roupas e me entregar, me chutando para fora de casa em seguida. Eu espero que ele tenha encontrado a sua paz em baixo da terra.

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⏰ Última atualização: Nov 21, 2018 ⏰

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