A única coisa visível em meu pequeno escritório era a enorme pilha de documentos sobre a mesa de madeira. Reclinado na poltrona de couro preto, meus olhos varriam a superfície de toda aquela papelada. Com poucas noites de sono, finalizando o último caso que me fora designado, meu corpo implorava por descanso. Mas, como sempre, isso não seria possível. A porta rangeu levemente antes de abrir, revelando a figura imponente de um homem alto e loiro, carregando uma pasta em mãos.
— Chegou mais uma denúncia, Jeon — anunciou Namjoon, com sua voz grave, enquanto se sentava à minha frente.
Soltei um suspiro pesado, pegando a pasta que ele estendeu. Folheei as páginas lentamente, absorvendo as informações.
— É sobre um garoto de dezessete anos — ele começou, ajeitando-se na cadeira. — A vizinha denunciou agressões constantes por parte do pai. Segundo a testemunha, o homem chega embriagado todas as noites.
Meus olhos se prenderam na foto do adolescente presa ao relatório. Por mais que já estivesse acostumado com casos assim, cada nova história parecia apertar ainda mais o nó em meu peito.
— Como alguém é capaz de fazer isso com uma criança? — murmurei, mais para mim mesmo.
Namjoon cruzou os braços, o cenho franzido.
— O maior problema é não haver provas concretas. A testemunha disse que a polícia foi acionada várias vezes, mas nunca chegou a tempo para flagrar nada. — Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos dourados. — O nome dele é Park Jimin.
Fiquei um momento em silêncio, os olhos fixos na foto de Jimin.
— Já tentou falar com o pai? — perguntei, sem desviar o olhar.
Namjoon arqueou a sobrancelha.
— Está me confundindo com um novato? — Seu tom carregava um leve sarcasmo. — A reunião está marcada para amanhã às nove. Mandarei os detalhes para o seu e-mail. — Ele se levantou, deixando um pendrive sobre a mesa. — Aqui está o depoimento da testemunha. Não quis se identificar, mas a gravação é perturbadora. A polícia já está em alerta e só aguarda o seu relatório.
Antes de sair, Namjoon lançou-me um último olhar, sua expressão carregada de preocupação. Assim que ele fechou a porta, inseri o pendrive no computador e abri o arquivo intitulado Depoimento sobre o caso 01013.
A gravação começou, e a voz da testemunha ecoou pelo meu escritório. Era uma mulher. Sua respiração ofegante denunciava o nervosismo.
— "É do serviço social?" — Sua voz tremia, quase um sussurro. — "M-meu vizinho... ele está bêbado de novo. Está batendo no filho... mais uma vez."
Houve uma pausa, seguida de soluços abafados.
— "Ele vai matá-lo se continuar assim. Já perdi a conta de quantas vezes liguei para a polícia. Vocês precisam fazer alguma coisa!"
Uma voz masculina interveio, e reconheci imediatamente a de Namjoon.
— "Por favor, senhora, preciso que se acalme. Qual é o nome da vítima e a idade dele?"
— "Park Jimin. Dezessete anos. Ele é tão novo... uma criança!" — A mulher chorava desesperada.
— "Entendido. Poderia nos passar a localização? Informaremos um assistente social imediatamente."
Finalizei a gravação e fechei os olhos por um instante, tentando processar as informações. Continuei a examinar os documentos. Park Jimin era órfão de mãe; ela falecera há dois anos em um acidente de carro. Desde então, ele vivia apenas com o pai — se é que aquele homem merecia tal título.

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Social Worker | pjm + jjk
Fiksi PenggemarJeon Jungkook é um assistente social dedicado, cuja vida muda radicalmente ao atender uma denúncia que parece apenas mais um caso difícil em sua rotina. Park Jimin, um adolescente marcado por traumas e pelas marcas invisíveis de uma infância roubada...