Era uma vez um reino.
Um reino onde ninguém morre.
Um lugar onde os campos verdes se estendem para muito além do que nosso olhos podem alcançar.
Os rios e lagos são puros e cristalinos.
Assim como os seres que lá viviam.
Puros. Livres de qualquer maldade. Livres do pecado.
Viviam como irmãos, sobrevivam do que plantavam e colhiam.
Dormiam em casas simples e se divertiam vendo o por do sol e o a amanhecer.
Era tudo perfeito.
A vida perfeita.
A imortalidade, era a dádiva dada a todos os seres.
A vida, vivia entre todos.
Como um igual.
Pois todos ali, tinha a vida como dádiva.
Mas algo estava prestes a mudar.
Eles podiam sentir.
Sentiam no bom dia com sorriso torto que alguns davam.
Na preguiça que alguns tinham de ir ao campo colher seu próprio alimento.
Preocupada com esses atos de certos indivíduos, a vida passou a visitar as pessoas todas as noites.
Ela ia, e se sentava com elas. Comia com elas.
Levava palavras de fé e esperança.
Foi assim durante muito tempo.
Mas mesmo com o esforço da vida, as pessoas pareciam revoltadas.
Elas pareciam não se conformar com o pouco que tinham.
Com a vida simples que levavam.
Os campos verdes, não eram suficientes afinal!
A esperança que existia nos corações de cada um, foram de esvaindo aos poucos.
Os dias sempre iguais... Sempre perfeitos... A perfeição do reino incomodava a todos.
Triste com tudo isso, a vida se fechou em sua casa.
Do lado de fora, as coisas ficavam cada vez piores!
As pessoas discutiam... Brigavam entre si!
Será possível!
Perguntou a vida.
Oque mais eles querem Senhor?
Perguntou... Perguntou e não obteve resposta.
As coisas nunca estiveram tão fora de controle!
Até o dia em que ia desmoronar de vez.
Era noite de terça feira.
Vida, ainda muito triste com os acontecimentos não saia de casa. Se fechava e não se misturava mais.
Revoltados. As pessoas passaram a culpar a vida por suas frustrações. Por seus anseios.
Por seus medos.
A lua brilhava no céu.
Vida estava tranquila em sua casa quando ouviu os barulhos.
Os gritos vindos do lado de fora.
__Sai daí agora vida!
__Sabemos que está aí!
__Você nos deve isso!
__Mostre a cara!
Vida respirou fundo, calçou seus chinelos velhos e foi até a porta.
Estava frio.
O vento balançava a saia longa de seu vestido branco meio encardido.
__Oque querem meus irmãos?
Ela diz. Com um sorriso brilhante e caloroso no rosto.
__Não ouse nos chamar assim! Quando nunca se sentiu uma de nós!
Um homem diz. Vida o conhece bem. È Eric. Ele tem um sorriso malicioso nos lábios, e uma tocha de fogo nas mãos. O que a deixa assustada.
__Eric! Oque quer dizer com isso?
__Quero dizer que você se sente melhor que nos!
Todos gritam em uni som.
Sim! Ela se acha melhor que nos!
__Não meus irmãos! Não è verdade!
Um grande número de pessoas se reúnem em volta dela. Formando um círculo. A encurralando.
__Você sabe como estamos na miséria! Os campos não florescem mais! As plantações não vingam! Você percebe? Olhem para o jardim dela? Somente lá tem cor! Somente lá tem alimento!
__Não irmãos! Apenas pensem! Pensem em seus atos! Deus não quer que se voltem contra ele!
Vida diz. Seu rosto já está molhado pelas lágrimas que ela está derramando.
Mas nem um deles parecem ouvi-la.
Nem um deles quer entender.
__Você se acha melhor que nós! Quem è você para se erguer diante de nós e dizer que és melhor?
__Ela è a vida ora!
Uma menina surge entre a multidão de revoltados e diz a plenos pulmões.
__Ela è a vida! A representação da nossa imortalidade!
__Pois eu digo... Que ser irmotal è uma droga!
Todos berram em concordância.
Vida, cheia de medo e dor, se afasta de Eric, que está dizendo tantas palavras hostis e cruéis.
__Pois eu digo! Mantem-na! E seremos livres! Ela è nossa imortalidade pois então vamos matá-la!
__Não! Meus irmãos não fassam isso!
Eric se aproxima e a agarra vida pelo braço. Ela grita e se debate tentando se soltar.
__Ela è imortal esqueceu idiota! Ela è tão imortal ou até mais que nós!
Uma mulher diz para ele.
Vida concorda.
Eric sorri, seus olhos negros como carvão, vida olha no fundo deles.
Seu corpo se arrepia. O que ela vê ali a deixa apavorada.
Maldade. Ela viu maldade.
Não maldade que se comente quando se nega algo a alguém... Ou quando se mente.
Maldade real.
Daquelas que nunca deveriam existir.
__Oque vamos fazer com ela?
__Ela è tão imortal. Quero ver... Juntem uns galos grossos. Montem uma fogueira.
__Não! Oque pensam que vao fazer!
A menina corre até vida e a abraça pela cintura.
Alguém chega por trás e a puxa com força.
__Eric. Você está muito enganado se pensa que isso dará certo.
Vida diz. Seus olhos ardendo com a vontade de chorar.
Mas ela prefere orar.
Orar em voz baixa e pedir sua salvação.__Senhor por favor ouça-me... Ilumine a mente deles!
__Você vai queimar! Se não tirar essa maldição de nós!
Eric grita.
Revoltados. Todos estão revoltados a vida.
Pois querem morrer.
Eles regeitam a imortalidade que Deus lhes deu.
__Acendam!
A tocha de fogo toca o montinho de pólvora e o fogo se alastra pelos galhos da fogueira.
Amarrada a um tronco, no centro da fogueira, vida sente as primeiras chamas tocarem seus pés.
Ela grita de dor.
A multidão revoltada parece sentir prazer com aquilo.
__Não! Parem! Senhor! Ouça-me Senhor!
As lágrimas escorrem por suas bochechas ela se debate no tronco, as cordas apertando sua pele.
As chamas subindo cada vez mais rápido.
Ela fecha os olhos. Não quer olhar pra eles.
Não quer olhar nos olhos dos que um dia chamou de irmãos.
Os gritos de ódio esplodem pela multidão.
Vida queria poder tapar os ouvidos também.
Abra os olhos vida.
Uma voz muito dece e calma sussurra em seu ouvido.
Os outros gritos sessaram.
Quando ela abre os olhos, percebe que estão todos parados a olhando com surpresa.
__Eis aqui a vida. O bem mais precioso que Deus, nosso Senhor deu a vocês.
A voz diz, seu tom ainda doce e calmo.
__È como animais... Como seres desprezíveis! Vocês não só... A humilharam, como tentaram destruí-la! A vida! A maior dádiva de nosso Senhor!
Vida escuta tudo, emocionada.
O homem parado ao seu lado. O homem de cabelos loiros e pele pálida.
Seu corpo brilha como o sol.
__Vida. Venha até mim.
Ele diz e estende a mão para ela.
Vida da um paço, e percebe que está livre. Seus braços não estão mais presos e a fogueira a muito já fora apagada.
Ela caminha até o homem e segura sua mão.
__Assim disse o Senhor: Eis aqui a vida. O meu presente aos meus filhos. Aqueles que a respeitaram e a cuidaram... A terão. Não mais eternamente, pois está dadiva foi lhes tirada. Não souberam desfrutar de tal presente então o perderam. Vida. Para sempre vida, imortal. Seu reino deve ser puro e livre da maldade dos outros. Aí de quem, ousar macular esse reino.
Ele toca a testa da Vida com a ponta de sua espada.
Uma luz radiante se espalha por seu corpo e toma conta da vila.
As pessoas ficam alvorossadas.
__Assim disse o Senhor: Eis aqui, o mais cruel ente os homens.
O anjo está perto de Eric agora. Ele olha dentro dos olhos. Seu brilho parece deixar Eric ainda mais sem graça e sem vida.
__Este homem, que ousou se levantar contra a vida, será de hoje em diante, privado dela. Mas condenado. Condenado a viver para sempre. Sem vida. Sem Alma. Eis ali a vida.
O anjo aponta pra ela. Linda e radiante a luz da lua cheia.
__Eis aqui a morte.
Ele se vira pra Eric, e toca sua testa com a ponta da espada.
__Que de agora em diante, o reino da vida não sofra com a maldade do reino da morte. Assim disse o Senhor.
O anjo mal fecha a boca, e uma ventania muito forte sopra pelo norte.
__Não! Espere! Não pode me condenar assim! Não!
Eric grita. O vento tira seus pés do chão e o leva pra longe. Junto com todos aqueles que ousaram se levantar contra a vida.
__Que se erga um muro. Separando a vida, da morte. Que esses dois reinos jamais se fundam.
O anjo diz antes de desaparecer.Era uma vez um reino.
Agora. São dois reinos!
Os anos passaram rápido.
O reino da morte parecia atrair as pessoas.
A vaidade, o dinheiro, o orgulho.
As pessoas faziam de tudo pra pertencer a esse lugar de maldade e perdição.
__Os que querem vir até mim! Venham! Tudo que devem me oferecer...è sua alma!
Dizia a morte, em toda sua magestade e imponencia.
Os herdeiros da vida lutaram muito, mas a cada dia que passava, o reino ficava menor, os muros se estreitavam mais.
Amigos e parentes vendendo suas almas... Para dar viver no reino da morte.
Tudo parecia perdido.
As coisas não se encaixavam mais.
Os que partiam do reino da vida, não se lembravam mais de sua vida passada.
Da pureza que tinham em seus corações.
Os que restaram no reino da vida, aprenderam a ficar bem longe dos muros.
Todos... Menos uma.
E sua curiosidade e inocência... Podem mudar para sempre os rumos desses dois mundos.

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PUREZA
Fantasy"Aquilo que te completa... Que te torna algo além do que jamais sonhou em ser... Não è o seu igual. È o seu oposto. E eu sei que ele è o oposto mais diferente que eu poderia sonhar em ter... Mas ele me completa de alguma forma. E eu o completo de ou...