Capítulo 1

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Eu estava, pontualmente, às sete da manhã, chegando ao escritório. O que, eu consideraria um milagre, porque eu não sou pontual. Meu chefe me esperava para o café, e é claro, para podermos ir ao lançamento do livro de Vitória, uma cantora famosa, porém com uma péssima reputação, que eu precisei melhorar no livro.

Eu, Marina Carvalho, sempre sonhei com a vida que tenho. Mas em meus sonhos era ainda melhor, pois os lançamentos eram meus. As fotos em revistas, sites, e Televisão, eram minhas.

Minha maior conquista, até agora, foi o meu emprego na Editora Estrela. E minha função é, basicamente, escrever as biografias dos artistas que não possuem o mínimo conhecimento sobre limites e português (alguns).

Não possuo um horário fixo para trabalhar, que é a melhor parte para uma pessoa que sempre se atrasa em tudo. E ganho muito bem, tornando os artistas aceitáveis pelas pessoas e a mídia. É incrível como as pessoas amam histórias triste, de superação.

Só trabalho quando o meu amigo e chefe, Gabriel, tem um cliente novo para mim. Normalmente, o meu trabalho leva um tempo razoável como dois meses, dependendo do artista e da minha inspiração.

- Não acredito que você conseguiu chegar no horário! Meu Deus. – Meu chefe, Gabriel, me cumprimentou com um abraço e um beijo na testa.

- Pedi o táxi com o login da Empresa, só para avisar. – Pisquei um olho, e segui para a lanchonete do prédio, deixando-o sem tempo para responder.

- É a sua cara fazer esse tipo de coisa. – Gabriel diz. Sentou à minha frente na mesa, e fez o pedido para o garçom. O mesmo de sempre, pão integral, uma taça de frutas com iogurte e granola, e um café sem açúcar, porque ele é fitness. Eu pedi a taça de morangos com chantilly, pão francês com bastante queijo, e um achocolatado.

- Que coisa? – Perguntei, com um sorriso no rosto.

Ele riu.

- Me deixar falando sozinho, me fazer pagar suas contas. Quanto deu o Táxi, Marina?

- Foi baratinho. Você é rico, para.

Gabriel revirou os olhos, mas continuou sorrindo.

Nossos cafés chegaram, e nós comemos sem a menor pressa.

Só quando Vitória começou a ligar para o telefone dele, que nós aceleramos para chegar a tempo do lançamento.

Vitória usava um vestido vermelho, junto a muita maquiagem e acessórios. Estava ótima, e a mídia amou.

Fizeram perguntas sobre a infância triste dela, sobre os pais, e tudo sobre a garota que eu inventei. Porque nada era verdade.

Enfim, perguntaram:

"Quando você descobriu que escrevia tão bem?"

E,

"Já pensou em seguir com a carreira de escritora?"

Que ela respondeu:

- Há pouco tempo. Eu faço terapia, e foi uma sugestão. Me ajudou muito, sabe. Sim! Eu penso. Aguardem que o próximo livro está vindo aí!

Sussurrei para Gabriel, no mesmo momento:

- Imagina se soubessem que ela não sabe nem a diferença entre "mas" e "mais".

- Mari, nem brinca com isso.

Ri.

Vitória me abraçou e agradeceu, e disse "Vou entrar em contato para falarmos sobre o próximo livro."

Pedi outro champanhe, e sai da festa de lançamento bêbada, como sempre.

E nenhuma foto minha foi tirada.

Eu sou, basicamente, um fantasma.

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