Um Crime Escarlate (FINALIZADA)

Capítulo 4

O rapaz entrou, ainda nervoso, mas fazendo o possível para não aparentar estar:

- Qual seu nome? - Perguntou Carvalho

- Gabriel, senhor.

- Gabriel, soube que você é casado, certo?

- Sim, senhor, minha mulher trabalha aqui também.

- A recepcionista?

- Isso mesmo.

- Qual o nome dela?

- Rebeca, senhor. 

- Vocês dois vem discutindo?

Um silêncio cobriu a sala.

- Bem... - Disse Gabriel um pouco intimidado e sem jeito.

- Não enrole meu rapaz, não se esqueça, as paredes têm ouvidos. - Apontou Freitas

- Sim, senhor- respondeu cabisbaixo- Nos últimos dias temos discutido bastante.

- E qual o motivo das discussões? - Indagou Carvalho

- É complicado...

- Acha que sua mulher conseguiria nos explicar melhor? - Sugeriu o detetive

- Talvez ,senhor.

- Bom, então pode chamá- la, por favor.

- Obrigado. - Agradeceu o rapaz já indo em direção à porta de saída, aliviado.

Rebeca não demorou mais de cinco minutos para chegar na sala do interrogatório. E, ao contrário do marido, se mostrava confiante, aliás, quase desaforada. Rebeca era uma mulher bonita, ruiva, de pernas longas e atraentes, seus olhos azuis claros podiam fazer qualquer um ficar paralisado apenas apreciando-os.

- Sente-se Rebeca- disse Carvalho em tom autoritário

A mulher sentou com as pernas cruzadas e revirando os olhos. Freitas e Carvalho se encararam rapidamente, estranhando tamanha atitude desrespeitosa da moça.

- Já sei o que vão me perguntar, mas eu juro, não fiz nada contra ela, eu tinha meus motivos para odiá-la, mas jamais seria capaz disso. - Rebeca respondeu sem o detetive ter perguntado nada, o que fez com que os investigadores se entre olhassem novamente.

- E quais são os motivos para você odiar a Elena?

Rebeca esperou um pouco, bufou e respondeu:

- Elena sempre foi uma das privilegiadas, era a "bonitinha", a que todos gostavam, mesmo eu sendo um posto à frente dela, sempre fui passada para trás. Mas não era esse o problema, e sim o fato de que ela fazia de propósito, ela sabia que eu me incomodava com todos esses fatores, e mesmo assim fazia parecer que gostava de me ver com inveja, entende?

Freitas e Carvalho se entre olharam novamente; " Não pode ser isso. Rebeca odiava ela apenas por gostarem da tal? Isso me parece suspeito." Pensou Carvalho e falou praticamente tudo isso apenas com seu olhar para o policial. 

- E por qual motivo você e seu marido vem discutindo? - Perguntou o detetive esperando uma resposta novamente sem nexo da recepcionista.

- O Gabriel recentemente me irritou bastante em relação a Elena, pois ele sabia que eu não gostava dela, e que ela me fazia mal, mas mesmo assim insistia na ideia de que "devo mesmo assim cumprimenta-lá e falar com ela, afinal é uma funcionária como qualquer outra".
- Então você tinha ciúmes da Elena? - Perguntou Freitas

- Ciúmes? Claro que não. Sei que sou muito muito melhor que ela, quer dizer... Era. Ainda não me acostumei com isso, quem faria uma coisa dessas?

Nesse momento o gerente entrou na sala e chamou o Sr.Carvalho, deixando apenas o policial freitas e a moça no recinto.

Enquanto se afastava, Eduardo explicou o que estava acontecendo:

-Existe uma médica, a Dr.Patrícia, muito famosa aqui na cidade. Chamamos ela aqui para examinar o corpo e conseguimos novas informações... -disse ele

Mas ao fundo, o detetive conseguiu ouvir Freitas fazendo mais algumas perguntas a Rebeca:

-Então, você tinha alguns motivos para matá-la, não é mesmo?- questionou o policial.
Os dois seguiram para a enfermaria do hotel, onde o corpo estava no momento.

Quando chegaram lá, a doutora já começou a falar, andando de um lado para o outro com um punhado de exames:

-Então, pelas minhas conclusões, os cortes foram feitos entre sete e oito da noite de quarta-feira, fato... Mas ainda estou tentando conseguir mais informações.

-Tudo bem, já está ótimo, obrigado.- disse Sr.Carvalho saindo apressado em direção ao saguão.
Em um local mais reservado fez alguns longos telefonemas... Em seguida, foi em direção a sala de Eduardo onde encontrou Rebeca e o policial Freitas, que ainda esperavam por ele:

-Vamos -disse- Achei o culpado, vamos falar direto com o juiz no fórum. Venham todos.