Capítulo três

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Olhava para fora da janela enquanto a chuva batia no vidro esfumaçado do táxi. Como é que o tempo pode mudar de uma hora para outra? Há duas horas atrás eu estava indo para minha "antiga casa" e estava com um sol escaldante do clima tropical. Agora neste momento a chuva cai do céu molhando a rua seca. As vezes eu penso que talvez a minha vida seja igual a este clima, o clima tropical -quente e húmida. Em um momento está tudo bem como um lindo dia de sol mas em um piscar de olhos ela consegue se transformar em um caos, como um dia frio e chuvoso. Está ai a estranha definição da minha vida: Tropical.

Eu não estou seguindo os passos que eu sempre sonhei em seguir, minha vida saiu fora dos trilhos em apenas uma noite. Tinha em mente juntar um dinheiro para fazer faculdade e arrumar um emprego melhor. Iria ter um namorado e iríamos fazer várias viagens românticas. Mas sonhar é sempre uma treta, eu por exemplo sonhei tanto para minha vida que acabou por ficar assim; Onde eu estou hoje, indo abaixo aos poucos. Fiquei grávida de um cantor mundialmente famoso mas não posso contar para ele pois, nosso filho será exposto a media e isto se ele acreditar em mim. Minha mãe quer tirar o meu filho e fingir que está tudo bem. Agora não tenho lugar para ficar e o dinheiro que eu estava guardando para pagar uma faculdade será usado para as minha despesas. Que lindo. Minha vida está exactamente ao contrário de tudo que eu planejei. Sinceramente planos são uma merda, nunca acontecem e eu sou a prova viva disso.

Sinto-me cheia de tudo isto, estou sufocada. Não faz nem vinte e quatro hora que eu descobri que estou grávida e minha vida conseguiu ir toda para baixo. Não aguentando mais deixo as lágrimas caírem dos meus olhos, afogando toda a minha angustia e dor. Não ligo se o taxista está a olhar-me, eu realmente não ligo para nada neste momento. 

"Está tudo bem senhora?" Pergunta o taxista depois de um tempo que eu estou a chorar.

"Sim." Digo baixinho limpando minha bochecha molhada.

"Bem, não parece..." Diz alguns segundos depois. Continuo calada quando ele começa a falar novamente.

"Sabes senhora, se me permitires dizer..." Desvio o meu olhar da janela para encarar o homem que se encontra a dirigir o veículo. Ele prossegue quando ganha minha atenção.

"Eu não sei o que tu estás a passa mas saibas que a dor é passageira e a felicidade é eterna." Diz docemente.

"Obrigada." Sorrio levemente para o senhor ao meu lado. Estas palavras foram realmente confortantes para mim. Eu fico feliz de saber que ainda existe pessoas de bom coração que gosta de ajudar ao próximo.

As sua palavras fizeram-me reflectir durante toda a viagem, consequentemente secando minhas lágrimas. Este momento pode ser de dor mas a minha felicidade está por ai, eu só preciso achá-la. 

(...)

Depois de uma hora rodando a cidade decido ir a casa da minha melhor amiga: Sarah. Eu sei que eu posso contar com ela para tudo, ela sempre esteve aqui para mim. Envio-lhe uma mensagem avisando que estou a ir para sua casa, nada detalhado, pois não pretendo lhe contar o que se passa por mensagem.

Após desta curta viajem de vinte minutos estou em frente a casa de Sarah. O taxista - que tem escrito em seu uniforme o nome de Paul- ajudou-me com a mala. Dei-lhe o dinheiro e acenei em forma de agradecimento enquanto ele ia embora com seu táxi. Virei-me para a porta atrás de mim e toquei a campainha levemente. Depois de  alguns segundo uma figura de cabelos loiros e lindos olhos verdes apareceu em minha frente: Sarah. O seu rosto se tornou em um longo sorriso agradável que em seguida foi desmanchado quando viu a minha cara que não devia está nada boa.

Singer {h.s} 《HIATUS》Onde histórias criam vida. Descubra agora