Karol

434 3 0
                                    

Ela estudava na mesma escola que eu desde sempre e desde sempre a gente nunca tinha olhado muito bem pra cara uma da outra, porque, longe de apelar pros estereótipos obveis, a gente só não tinha mesmo motivos pra trocar palavras. Ela estava um ano a frente e, ja que o liceu era uma escola enorme, dificilmente estávamos no mesmo lugar. A turma dela gostava de ir para trás da escola, sabe-se fazer o que. Eu ficava com os meus amigos, os mesmos de sempre, espiando as garotas do time principal treinarem. Acho que foi assim que eu descobri que gostava mais delas do que devia, eu ficava extasiada, fixada e curiosa. Mais tarde meu melhor amigo, Miguel, sugeriu que eu entrasse no time. Tudo bem,pensei. Vamos ao vôlei.

Os treinos eram a noite e lá foi que eu topei com a Karol, topei de verdade. Tropecei na sua beleza, agora longe das calças jeans boyfriend, que mesmo passada a moda, ela insistia em usar. Os cabelos ruivos estavam presos no alto da cabeça e o short colado prendia-se aos quadris. A blusa, diferente do resto do time - inclusive Eu - era folgada e quase cobria o short. Ela gostava de ficar livre, aparentemente.

Era quase pálida demais, eu já disse? Tinha um rosto sardento, olhos escuros, mas a boca era a melhor das partes. Carnuda, sempre torcida num sorriso, ou mordida, ou perfeita.

Acho que olhava pra ela demais.

No treino eu esquecia, e batia sempre nas outras, as vezes até do meu próprio time e muitas vezes nela, mas não de propósito. Karol me olhava sempre com ares de fúria, como quem pergunta o que diabos aquela coisa desajeitada fazia ali.

Eu só desviava a atenção e seguia em frente. Me recusava a dar explicações ou mesmo brigar com ela. Com o tempo fui aprendendo e parei de disputar a bola. Com o tempo, eu fui ficando boa e a Karol ainda me olhava com aquela cara zangada e cética. Agora, ela que batia em mim,por pura pirraça. E eu que vinha tentando tinha muito tempo esconder o quanto eu adorava a coisa toda, um dia tive meu próprio momento de impaciência.
Depois do banho, esperei que uma parte das meninas saísse. Por algum motivo, ela sempre demorava horrores no banho. Lavando os cabelos e gastando água como se não houvesse amanhã, com a porta aberta, os seios de fora pra quem quisesse ver.

Eu não olhava muito. Não me sentia bem. Então fiquei no banco esperando pacientemente que terminasse. Quando ela finalmente saiu, mal enrolada na toalha branca,o cabelo pingando em suas costas, eu respirei fundo e terminei de guardar meu tênis despretensiosamente.

Vamos ter aquela conversa? Ela perguntou. Tinha a voz rouca quando falava assim diretamente. Eu levantei meu rosto e encarei ela o mais profundamente que consegui, e por todo tempo que foi possível, sem dizer absolutamente nada. Ela, acho que sabendo qual seria a minha reação, deixou escorregar a toalha. Parte dos seios de fora. Foi a minha condenação. Acabei olhando e olhando cobiçosamente.

Ela sorriu, de um jeito que nunca nunca tinha sorrido e veio na minha direção. Eu não acreditava muito que aquilo estivesse acontecendo, porque nao era possível, era? Não podia ser. Eu sempre tinha olhado, sempre tinha sentido. Mas fazer...? Eu ia fazer.

Karol se inclinou no banco e segurou meu rosto, tirando alguns fios molhados do caminho. Pareceu querer saber se era isso mesmo, mas eu fechei os olhos e abri os lábios, esperando.

Sentir os lábios dela foi uma baita sensação. Eram macios e se moviam devagar, bem lentamente. Ela roçava,afastava mordia. E então aprofundou o beijo, avançou com a ponta da língua entre os meus lábios e ao mesmo tempo veio sobre o banco, uma perna de cada lado dos meus quadris, sobre o meu colo. Eu estava queimando por dentro. Queimava, Karol.

Ela se moveu sobre mim, rindo nos meus lábios e me fazendo deitar sobre o banco. A toalha já tinha caído pro lado e podia sentir muito da sua pele em todos os lugares. Ela desceu com beijos pela minha nuca enquanto eu segurava sua cintura e a incitava a se mover mais, porque em algum lugar o calor e o atrito estavam fazendo efeitos. Karol pôs a coxa entre as minhas de propósito. Mas o banco era tão pequeno e eu queria tanto, tão mais. Ela ria. Ria sempre e depois voltava a me beijar.

Devia ser engraçado causar aquele tipo de fome. E acho,eu realmente acho que ela não esperava que eu reagisse da forma como reagi. Me afastei dela e a puxei pra um dos banheiros. Tirei minha blusa, porque eu queria sentir seus beijos ali. Ela me lambia e beijava e eu ficava pensando que nada se comparava aquela boca macia e delicada, sem nada rude em suas ações.

Bom. Mas eu queria tudo e por isso fiz com que parasse. Desci minha boca por Ela, nos seios, me aproveitando da sensação de suga-los. Eu os tinha visto muitas vezes e sempre evitado pensar daquela forma. Mas sempre quis e me divertir quando ela se arrepiou na minha boca. Desci pela sua barriga e só parei quando cheguei onde queria. Nessa hora,Karol quis me parar, não precisa,dizia. Mas estava úmida e quente e sem fôlego. Os olhos brilhavam. A pele corada. Você queria sim, Karol.

Beijei ela. Eu realmente beijei Ela, bem lá entre as pernas contorcidas, trêmulas. Beijei como ela tinha me beijado na boca. Lentamente, macio, molhado. Ela ergueu p braço e puxou os próprios cabelos, gemeu. No meio do seu descontrole, ergueu uma das pernas e apoiou o pé no vazo sanitário, abrindo espaço. Logo tinha os dedos nos meus cabelos e tinha esquecido de quem era.

No auge, sua voz rouca sussurrou o meu nome e eu soube, que assim como eu , ela havia fantasiado com aquilo muitas e muitas vezes.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Dec 01, 2018 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Entre elasWhere stories live. Discover now