Prólogo

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            Os contos que serão relatados transmitirão apenas uma pequena parcela de todo o horror sentido durante esses e traumáticos acontecimentos, nem aqueles que sofreram e agonizaram por conta disso são capazes de descrever tamanho terror. Marcas profundas foram deixadas, tão profundas que seriam capazes de atingir o âmago dessas almas miseráveis.

            "Vamos todos nos calar e pedir para o Senhor que tenha piedade de nossas almas! Oh, Senhor!! Hahahahahahaha!"

            Mas não, não serei eu o protagonista dessa história... não dessa...

            Ah... quem sou eu?

            Apenas um propagador da palavra, assim como muitos outros iguais a mim, moldados e criados para servir um único propósito:

            "Matar".

            Tal palavra pode soar de forma vil aos ouvidos de pessoas comuns quando dita de forma tão natural, — de forma tão...instintiva... — entretanto, muitas delas não conhecem tamanho prazer, a forma que a adrenalina corre por suas veias, a forma que atiça cada parte do seu corpo arrepiando até seu último fio de cabelo.

            A lâmina entrando macia na carcaça cortando qualquer coisa que esteja no caminho, essa sensação prazerosa somada à doce melodia dos gritos, indo dos tons mais agudos aos mais graves — diminuindo gradativamente assim como a vida em seus olhos.

            Sem contar o sangue, — ah, o sangue... — aquele líquido vermelho com um aroma doce e ferroso, característico e hipnótico, saindo em abundância de cada corte profundo banhando-lhe ainda quente as mãos.

            Poderia passar horas e mais horas descrevendo meu trabalho atiçando-lhes ainda mais a curiosidade, mas não estou aqui para isso, terá a chance de experimentar esse prazer caso "Ele" te escolha. Apenas lembre-se que tudo tem um preço, e as vozes e alucinações fazem parte do pacote.

            "Já disse para calarem a boca!! Oh, piedade... huhuhu..."

            "Ah... sim..."

            Você já deve ter se sentido perdido, não? Uma pobre alma vagando no vazio e sem esperanças, totalmente só.

            Esse era o sentimento que crescia mais e mais no peito de Jonathan, esse sentimento de solidão, completamente... perdido.

            O escuro se demasiava ao redor, algo que passava do absurdo, seus pés descalços afundavam numa massa fria e viscosa misturada a folhas secas, tendo a textura semelhante a lodo ou lama, no entanto, soltava um forte odor ferroso putrefato a cada passo. Seus olhos, profundos e castanhos, sofriam pela falta de proteção ao mesmo vento gélido que bagunçava seus escuros cabelos. O calor escapava como uma fina faixa de vapor por seus lábios arroxeados, — quase azulados agora, — que não conseguiam esconder o constante bater de seus dentes. Por vezes, esses espasmos acabavam que por prensar violentamente sua língua, criando feridas que custariam para cicatrizar.

            O jovem esfregava as mãos nos braços em uma tentativa frívola de gerar calor, mesmo um agasalho não seria o bastante para aquela situação — ah, não naquela—. Sussurros e grunhidos chegavam aos seus ouvidos acompanhados com o fantasmagórico assobio do vento que ressoava entre as árvores, "Jonathan" era o que mais repetiam, como se o chamassem mais e mais para a escuridão.

            O rapaz andava de cabeça baixa estreitando os olhos tentando achar algo, mesmo não sabendo exatamente o que procurava, ele já andava faziam horas... dias talvez? — Quem sabe? — A essa altura o cheiro pútrido já estava absurdamente forte, causando ânsias no fundo de sua garganta.

            Ele precisou parar para tomar folego assim que sua boca começou a amargar, tentando não colocar tudo para fora — ou simplesmente não virar seu estomago do avesso, ele não se lembrava da última vez que tinha comido algo.

            As árvores ao redor eram escuras e robustas, tão altas que nem suas copas poderiam ser vistas — se é que ao menos existiam —. A essa altura seus pés pareciam não aguentar mais, os galhos e folhas secas furavam suas solas e o frio parecia tornar a sensação ainda mais dolorosa.

            Jonathan encostou na madeira escura, as vozes então simplesmente pararam, fazendo com que o assobio do vento ficasse mais audível. Logo um chiado podia ser ouvido ao longe, se movimentando vagarosamente entre os troncos indo calmamente de um lado para o outro — ... talvez estivesse o procurando...

            O mal-estar em seu peito aumentou, fazendo com que as árvores girassem ao seu redor, o escuro só foi aumentando, até engolir tudo em volta.

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⏰ Last updated: Dec 01, 2018 ⏰

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RedHunter -  A Origem (Creepypasta Autoral)Where stories live. Discover now