SCARS TO YOUR BEAUTIFUL

⤷ hoseok 001

Hoseok estava se sentindo o cocô do verme da bosta do cavalo do bandido.

Não era por menos. Estava pensando em explodir daquele jeito – em falar com Taehyung sobre tudo aquilo, pedir desculpas – havia muito tempo. Mas agora foi forçado pelo desespero, não conseguia prever os atos do pai quando terminasse de conversar com o advogado. Talvez nem mesmo tentasse defesa, talvez atirasse o filho direto nas mãos da condenação.

Hoseok sabia que merecia, mas se lhe fosse dada outra chance, ele faria tudo diferente.

Ele teria defendido Taehyung na frente de Yoongi – poderia ter se afastado do moreno, mas se pouparia da covardia. Poderia ter mesmo feito Yoongi uma pessoa melhor, uma pessoa menos insegura, que apesar de não ter posse de justificativa para suas ações, tinha seus motivos para ser impulsivo. Poderia ter evitado toda aquela bagunça. Mas não fez nada disso.

No final das contas, talvez fosse bom que ele pagasse por tudo o que fez. Mas tinha de obter o perdão de Taehyung, no mínimo. Tinha que deixar sua alma em paz.

Seria bom distrair sua mente no momento, tentando pelo menos fingir que era uma boa pessoa. Desbloqueou o celular e discou o número de Yoongi, enquanto se recolhia no sofá da sala.

— Oi, Hoseok?

— Yoongie? Você tá ocupado? Eu preciso falar com você...

— Não, não. Você ligou numa hora ótima, inclusive... Você tá em casa?

— Sim, sim. Você quer vir aqui? A porta dos fundos tá aberta. Já consegue pular o muro?

— Consigo, consigo sim.

Yoongi desligou o celular e apareceu por trás de Hoseok em menos de dois minutos. Ambas as casas eram coladas uma na outra, o que facilitou a aproximação brusca dos dois garotos. O mais baixo se sentou ao lado do Jung, que suspirou antes de olhar diretamente nos olhos de Yoongi.

— Como suas mães reagiram?

Yoongi engoliu a seco.

— Elas não param de brigar. Isso é ridículo, Hoseok. Ridículo. – Yoongi enterrou o rosto nas palmas das mãos.

— Eu entendo... Mas... Você sabe que a gente... A gente meio que merece, né? Depois de tudo o que a gente fez com o Taehyung, Yoongi...

— Você vai defender aquele filhinho de mamãe agora?! Essa porra vai destruir minha família, cara.

— Yoongi, pensa bem. – Hoseok engoliu a seco. — Faz um ano que a gente não deixa ele em paz. Alguém descobriu, ele não queria fazer a denúncia. Ele aguentou muita coisa também...

— Como você sabe que ele não queria fazer a denúncia, Hoseok? – silêncio. — Você falou com ele? Eu não acredito.

— Falei, falei sim... Mas eu tô falando sério. Olha pra mim. Você sabe que eu não tô aqui contra você, muito pelo contrário. Mas... O Taehyung é uma pessoa ótima, e a última coisa que ele faria é machucar a gente. Mesmo que a gente faça isso constantemente.

— Olha, se você vai ficar enaltecendo ele você nem me chama aqui, tá bom? – Yoongi fez menção de levantar, mas Hoseok o interrompeu.

— Yoongi, por favor, me escuta. A gente fez piada da morte da mãe dele, da morte do irmão dele. Como você se sentiria se alguém fizesse piada com o divórcio das suas mães, uhn? Com a morte do seu cachorrinho...

Yoongi abaixou a cabeça e sua respiração começou a descompassar.

— Como você se sentiria se fizessem piada com seu pai? Com o que seu pai fazia...

Yoongi deixou uma lágrima cair direto no carpete. Hoseok comprimiu os olhos. Odiava estar falando daquele jeito, odiava estar vendo Yoongi chorar.

— Então... Nós merecemos isso. Mas nós vamos tirar o melhor desse processo, Yoongi. A gente... A gente vai aprender essa lição. E eu tô aqui com você, você não vai ter que passar por nada disso sozinho. Nada.

Yoongi soluçou baixinho com o rosto nas mãos. Hoseok pousou a mão em seu cabelo, fazendo carinho ali. Costumava acalmar o mais baixo de uma forma extraordinária, mas não daquela vez. Yoongi empurrou a mão de Hoseok, se levantando e passando as mãos nos olhos.

— Cala essa porra dessa boca. – ele disse, engolindo a seco. — Você não sabe de nada, não sabe de nada!

— Yoongi, por favor...

— Eu vou embora. – o mais baixo negou com a cabeça e deu as costas, deixando que Hoseok se torturasse nas próprias intenções. Mas no meio do trajeto o Min parou em uma breve cambaleada, antes de cair com tudo no carpete.

— Yoongi! – Hoseok correu até o mais velho, se abaixando no meio do desespero. Seu pai e seu advogado saíram da sala ao ouvirem o grito do garoto.

Mas nessa altura, Yoongi já não respondia a qualquer estímulo. Não importava quantas vezes Hoseok mexesse seus ombros, lhe desse leves tapas ou balançasse sua cabeça, Yoongi não dava sinal de vida.

— Tá esperando o quê?! – Hoseok gritou, aos soluços, para o pai. — Chama uma ambulância!

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