⤷ jeongguk 007

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Jeongguk estava achando aquele silêncio extremamente constrangedor, mas mal ousou reclamar em pensamento, porque não queria deixar de abraçar Taehyung tão cedo.

O médico havia dito que estava tudo bem, mas que ele teria de beber muita água pra ajudar na desintoxicação. O hospital não havia ligado para seu pai, já que Jungkook era de maior e se apresentou como responsável, mas o mais velho deixou bem claro que falaria para Youngsoo mais tarde sobre o que havia acontecido. Taehyung relutou bastante, mas acabou cedendo. Tudo o que ele não precisava era de discussões.

Jungkook finalmente quebrou o silêncio.

— Taehy... – ele disse, enquanto brincava com a manga da camiseta do garoto, se ajeitando na estreita cama de solteiro do quarto do mesmo. — Eu tô aqui com você. Se quiser conversar... Sobre... O que você quiser. Confia em mim. Okay?

Taehyung suspirou fundo.

— Ok... – ele forçou um pequeno sorriso. Logo depois piscou devagar e girou os olhos pelo quarto. — Me desculpa te fazer perder todo esse tempo. É que... É que eu sou fraco. Eu não aguento mais... Não aguento. Meu irmão se matou quando eu tinha treze anos, e ele não disse o porquê, mas eu tenho certeza que a culpa foi minha. E minha mãe morreu horas depois, indo ver a gente no hospital, e... – ele deixou uma lágrima escorrer pela bochecha. — E agora o Yoongi e o resto deles, eles... Não me deixam em paz. Até o Hoseok! E... E agora o Jimin, eu...

Jungkook engoliu a seco.

— O Jimin...?

— Ele foi uma luz no fim do túnel. Uma esperança, sabe? A única pessoa que pareceu me enxergar de forma diferente, e...

— E...?

— E eu beijei o irmão dele. É assim que eu retribuo o que acontece de bom pra mim.

Jungkook esfregou os olhos, procurando não começar a chorar ali mesmo.

— Tae, eu entendo se você quiser fingir que nada aconteceu. Tudo bem? Eu também não quero magoar o Chim, não mesmo. Então...

— Significou alguma coisa, Jungkook. – o mais novo levantou a cabeça. — Aquele beijo significou alguma coisa. Pra mim, pelo menos. Por isso que eu me odeio. Porque... Porque não tem como você gostar de mim. E por isso, agora não tem como o Jiminie gostar de mim também.

— Do que você tá falando? É claro que eu gosto de você, Tae. Eu gosto muito. – Jeongguk limpou as lágrimas do rosto do menor. — Pare com isso. Por que mais eu correria mais de três quilômetros pra te salvar?

Pena.

Jungkook se sentiu horrível ao ouvir aquilo sair da boca do garoto.

— Não. Não foi pena. Eu fiquei preocupado, eu não ia te deixar morrer. Eu já disse, e eu vou repetir. Você é perfeito. É um anjo. Nem todo mundo é capaz de ver suas asas. Só isso. – Jungkook beijou gentilmente a testa de Taehyung, que acabou sorrindo involuntariamente.

— Obrigado, ggukie.

Jeongguk riu.

— Ggukie? Você lembra?

— Infelizmente, sim.

— Foi ótimo cuidar de você, bebê Yoda. – Jeon sorriu de orelha a orelha ao ver Taehyung rir. Pensou em dizer pra ele de seus planos de denunciar os alunos da escola que praticavam bullying com ele, mas não queria deixá-lo mal trazendo esse assunto. — Bem...Jimin tá mandando mensagem. Ele... Quer saber onde você tá. Eu posso dizer pra ele?

Taehyung resolveu pensar por um instante, e negou com a cabeça.

— Não. Diz pra ele que eu passei mal, ou não sei. Não fala pra ele que eu tentei me matar. – ele suspirou, e Jungkook concordou com a cabeça, respondendo o irmão.

Ele passou mal e tava um pouco triste, por isso foi visitar a mãe e o irmão dele. Mas eu achei ele e ele tá bem. Não se preocupe. Vou demorar um pouco pra chegar, tudo bem? Pede uma pizza.

•'•

Jungkook estava prestes a sair. Ele não queria fazer aquilo contra a vontade do pequeno, e não queria se arriscar naquilo que sentia pelo namorado do irmão, mas ambos eram necessários ou inevitáveis.

Se apresentou ao pai do garoto como sendo seu cunhado, além de um amigo. Quando Youngsoo – que por sinal parecia muito atencioso – se ofereceu para levá-lo em casa, Jungkook viu a oportunidade perfeita, e apesar de estar sendo um tanto folgado, precisava conversar com o pai do Kim.

— Então... – Jungkook disse, após colocar o cinto de segurança. — Eu... Queria conversar sobre uma coisa. Sobre o Taehyung, mais especificamente.

Youngsoo ligou o carro e acenou com a cabeça.

— Pode falar.

— Eu estou aqui porque... Bem, não tem um jeito fácil de dizer isso. Porque seu filho tentou suicídio hoje mais cedo. – Youngsoo, que mal tinha começado a dirigir, freou tão forte pelo susto que Jungkook achou que morreria. — Por favor, não se assuste. Ele já tá bem, eu levei ele pro hospital, e conversei com ele. Ele tá bem.

Youngsoo voltou a dirigir normalmente, aos poucos.

— M-Meu filho tentou se matar?

— Sim... Tem uma coisa acontecendo com ele, Sr. Kim, que eu acho que deveria saber. – Jungkook pigarreou. — Tem alguns alunos fazendo bullying com ele. Tanto na escola quanto numa rede social, e isso deve ter sido a gota d'água.

— Não acredito... – Youngsoo suspirou fundo. — Não acredito. Meu Deus, eu deveria saber de tudo isso...

— Não se culpe. Olha, eu tirei alguns prints e eu acho que isso seria o suficiente para denunciar esses alunos. – Jungkook passou a língua nos lábios. — Eu só quero que seu filho fique bem, mas eu vou entender se não quiser que eu faça isso.

Youngsoo ficou alguns segundos em silêncio.

— Desculpa, eu... Eu só tô meio assustado ainda, tudo bem...? – ele parou na frente do prédio do Jeon. — É aqui que você mora?

— Sim... É sim. Obrigado pela carona.

— Por nada. E... Ei. Obrigado. Por cuidar do Taehyung e trazer ele de volta em segurança. Eu devo uma pra você. – ele disse. Jungkook sorriu em resposta.

— Sempre que for preciso.

Ele saiu do carro, e Youngsoo dirigiu de volta para casa, sem saber o que iria fazer a partir dali.

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já preparem os lencinhos pro próximo capítulo! :c

SCARS TO YOUR BEAUTIFULOnde histórias criam vida. Descubra agora