Capítulo Único - Não se forçe

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Mais uma festa que me obrigava a ir. Não é como se eu não gostasse da companhia de meus amigos ou não conseguisse me soltar e "ser eu mesma". Nada disso. Eu já estava sendo exatamente quem eu era de verdade, sempre tive um jeito peculiar de me divertir, algumas vezes eu dançava, pulava e gritava e outras – que aconteciam na maior parte do tempo – a melhor coisa a se fazer era ficar sentada observando todos animados. Era meu jeito e não se tornava ruim por ser diferente dos outros, infelizmente muitas pessoas não entendiam isso, incluindo boa parte de meus amigos. Na verdade, todos. Menos John.

Nos vimos pela primeira vez em uma das viagens de Brian. Era um passeio em busca de bons ângulos para usar seu telescópio que acabara de comprar, alguns amigos foram junto e resolveram todos acampar perto da estrada para relaxarem enquanto observavam as estrelas pacientemente. Onde me encontro nessa história? Bem, estava passando um tempo na casa de uma tia e foi justamente até lá que os meninos se dirigiram para pedir água e usar o banheiro. Como sempre fui curiosa e percebi que estavam fazendo algo que eu adorava fazer também, decidi me aproximar discretamente e observá-los encostada em uma árvore.

Quando olhei para o lado, vi o rapaz saindo da casa e soltando um leve sorriso para mim, paralisado em seu lugar enquanto me encarava e outros dois esbarraram nele, tirando sua concentração e o fazendo andar rapidamente para se juntar a eles. Continuei os observando e percebi que ele estava mais distante dos outros e parecia ser o único a se ligar com a natureza naquele momento. Andei até ficar ao seu lado e o mesmo se assustou.

– Olá... – decidi puxar assunto e não sei de onde tirei essa coragem, mas ele me passou uma sensação confortável.

– Ah... Olá. – olhou-me e sorriu ao terminar a frase.

– Você... gosta disso? Quero dizer, ver as estrelas? Você parece meio distante. – perguntei, duvidando que fosse o mesmo que eu pensava.

– Gosto sim, mas é mais a praia do meu amigo cabeludo ali. Na verdade, eu sempre sou assim. Acham que não estou me divertindo mas fico mais calmo quando estou sozinho. – enquanto ele falava pude confirmar que eu me sentia bem perto dele, afinal, ele parecia comigo.

– Olha, eu sou igualzinha! É bom saber que não sou a única.

Viramos confidentes depois disso, melhores amigos, mas que apesar de tudo, não tinham tempo um para o outro, o que não era marjoritariamente nossa culpa. Morávamos longe um do outro e nossas vidas nos levavam ao limite.

Nessa festa que mencionei anteriormente, senti-me do mesmo jeito de sempre. Sentir que estava sendo uma estranha por mais que fosse o modo com que eu me sentia mais confortável e confiante. Alguns meninos me chamaram para dançar mas não fui e os cochichos começaram, pude ouvir Roger falar no fundo: "Ela está certa, ela faz o que quiser. É o jeito dela, caras. Não encham o saco!". Ele parecia bêbado mas não deixava de ser sensato.

Freddie passou por mim super animado e depositou um beijo em minha testa, ele sempre fazia isso.

Brian estava tocando enquanto uma rodinha se formava ao seu redor.

John chegou e se encostou na parede olhando seus amigos enlouquecerem e sorriu fraco. Ele parecia ser de outro mundo entre eles e eu sei que o primeiro a entendê-lo estava ocupado demais jogando perucas para o alto enquanto puxava o próprio bigode e gritava.

Só sobrava eu, mas não queria atrapalhar suas chances de socializar e se divertir.

John me viu sentada e veio em minha direção. Bom, parece que não deu certo.

– Ei, você parece mais para baixo hoje, houve alguma coisa? – seu olhar tornou-se preocupado.

– John, sinto-me sozinha. – um peso que eu não sabia que existia parecia ter sido tirado de mim apenas por eu falar aquilo.

Need Your Loving Tonight (John Deacon one-shot)Onde histórias criam vida. Descubra agora