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- Jeffrey Woods P.O.V. -

A escola estava chata, chata demais para mim, então fiquei bem feliz quando o sinal do recreio tocou e eu me vi livre para pular o muro da escola  e ir brincar com os meus amigos no parquinho.

Oi, meu nome é Jeffrey Woods, eu tenho sete anos e quatro amigos, também tenho um irmão mais velho chamado Liu, e tenho também o papai, ele me assusta por que está sempre com raiva de mim, e a mamãe, ela é legal, mas está sempre meio triste... Eu estudo de manhã numa escola perto de casa, mas isso é bobagem e tudo é muito chato então eu pulo o muro para brincar em um parquinho aqui perto na beirada de uma floresta, mesmo que eu esteja "sozinho", é mais divertido que a escola.

Eu estava no balanço, brincando com o "Jeff" meu melhor amigo que tem o mesmo apelido que eu, só que ele me empurrou muito forte e eu cai do balanço, ralei os meus joelhos... Estava ardendo e eu sentei no chão e fiquei olhando para o machucado, tinha areia e estava doendo mas a cor do sangue era muito bonita... Me levantei mancando e andei um pouco para fazer mais sangue sair do meu machucado, estava doendo, mesmo que fosse bonito aquilo estava me machucando.

- Ss, ai, droga... - Reclamei baixinho e usei uma palavra proibida que o papai costumava dizer - ... Cacete, isso dói...
- Ei , você está bem? - Tiro os olhos do meu joelho ralado e olho para os olhos azuis da garotinha na minha frente, ela está olhando para o meu joelho - ... Está sangrando...
- ... E doendo também... - Choramingo, eu quero atenção... - ... Quem é você?...
- Meu nome é Yukki... - Ela sorri - Vem, você precisa limpar isso, tem uma torneira aqui perto...
- Tá bem... - Sorrio e ela me apóia para que eu não precise usar minha perna mais machucada - ... Ah é, eu me chamo Jeffrey, mas pode me chamar de Jeff.
- É um prazer te conhecer Jeff...

Ela sorriu fofa e eu sorri de volta, fomos para uma torneira ali perto e ela me colocou sentado com os joelhos bem embaixo da torneira, eu usei outra palavra proibida assim que a água gelada encostou no machucado, doeu muito e ardeu mais ainda mas eu não chorei nem gritei, só disse umas palavras proibidas bem baixinho enquanto a água gelada passava pela ferida no meu joelho e tirava a areia, parou de arder quando a areia toda foi embora e a sensação da água começou a ser boa, joguei um pouquinho de água nela e ela deu um pulinho para trás um pouco assustada.

- Ah! Ei!

Ela ri e começamos a brincar com a água, jogando a água um no outro e rindo, já estávamos os dois ensopados quando uma risada familiar chamou minha atenção, nós dois olhamos para Liu ao mesmo tempo.

- O quê você está fazendo Jeff? - Ele ri baixinho - Que bagunça que você e a sua namoradinha fizeram... O papai não vai gostar...
- E-Ela não é minha namorada!
- Ah não? Tá, eu vou fingir que acredito, vem, vamos para casa antes que o papai venha te buscar, diz tchau para a sua amiguinha.
- ... Nos vemos amanhã?... - Pergunto para ela com um sorriso. - ...
- ... Não sei... - Ela responde meio triste - Vou tentar.
- Tudo bem... Tchau Yukki
- Tchau Jeff.

Ela sorri forçado e sorrio de volta meio triste, Liu ri baixinho achando que não estou ouvindo mas eu só ignoro as risadas e seguro a mão dele enquanto ele me leva para casa...
Continuei indo naquele parque todos os dias por um ano inteirinho até a nossa família se mudar, mas nunca mais eu vi aquela garotinha...

*11 anos mais tarde...*

- Jeff the killer's P.O.V. -

O tempo passa devagar demais nessa maldita cidade, nunca pensei que voltaria para cá depois de me mudar com a minha família, mas aqui estou, nessa cidade onde todos os meus problemas começaram...

"Jeffrey... Ei, não me ignora, você sabe que precisamos disso..."

- Ah fica quieto seu maldito, precisamos de uma casa antes de qualquer coisa.

"Hmpf, você é o papai por acaso?"

- Cala a boca! Ele e eu somos coisas opostas!

"Então prova, prova que não é igual a ele e derrama algum sangue"

- Não ainda, não tão cedo, eu quero um lugar para prender a vítima.

"Tá... Seu chato."

- Hmph.

Calo o demônio em minha mente e procuro um pouco pela cidade até achar uma cabana de madeira que me parecia bem aconchegante, um casal morava nela então eu matei o homem, prendo a mulher no porão junto com o corpo do cara e arrumo a casa para ficar mais do meu jeitinho, só que eu enjoei logo que o quarto e a sala estavam arrumados, eu já estava cansado então larguei de lado e me joguei na cama, meu corpo estava tão exausto que eu nem precisei  dos remédios, eu só me joguei na cama de casal espaçosa e dormi como uma pedra.
Acordei no dia seguinte com a minha cabeça girando e morrendo de fome, fui até a geladeira da casa e peguei um pedaço de bolo de chocolate para mim, tomei meu café, peguei um pedaço de pão com um copo de suco e levei até o porão, a mulher estava deitada sobre o corpo do homem que já deveria estar frio a essa altura. A chamei baixinho  e ela veio até mim meio rastejando, fiz cara de arrependido e me abaixei para ficar da altura dela, suas pernas estavam quebradas mas eu não lembro de ter as quebrado.

- Dona? Desculpa, eu te machuquei muito?
- Só me mata de uma vez...
- ... Desculpa, eu não quiz machucar você e o seu marido, mas eu não tive escolha...

"Pare com isso, ela não vai te perdoar"

- Ah! Vai para o inferno, eu já fiz mal o sulficiente para eles!

"Hah, ela vai te achar louco, louco, assassino e louco é o que você é!"

- Eu não sou assassino! Você me fez fazer aquilo seu monstro!

Ponho as mãos nos meus ouvidos e me encolho mais tentando fazer a maldita voz desaparecer, devo admitir que tenho meu próprio desejo assassino bem além dessa voz, mas mesmo assim essa voz me faz sentir horrível e ter cada vez mais sede de sangue, mesmo assim não quero me sentir assim...

Quero alguém que me faça confiar...

Jeff the killer - Um amor assassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora