Big Rigs ፡ Pcy + Bbh

2

────── Chapter 2

“ Do you remember when I told you
That I'd love you to the
bottom of the sea?
Yeah, I know, I know, it's over
But I guess that's just the way
it has to be. ” – Moving On, Kodaline

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  Eu acordei. Outra vez eu abri meus olhos e encarei o teto branco, a forma como ele era vazio, inexpressivo de todas as formas. Eu queria pintar, mudar aquela cor e deixar verde, azul, amarelo ou algo assim. Amarelo seria uma boa, mas azul também combinaria com as paredes brancas. Parte de mim sabia que eu devia levantar e me arrumar para ir a escola, mas nenhuma parte de mim queria fazer isso. Eu só queria ficar ali deitado, sem ter que ver ou ouvir ninguém. Mas eu me levantei, eu me sentei na cama e deixei meus pés tocarem o chão gelado. O quarto estava vazio, mas era assim desde que Chanyeol havia ido embora. As vezes eu o via no corredor, com seus novos amigos, sorrindo e se divertindo. Muita coisa havia acontecido desde que eu briguei com Yeol pela sua falta de atenção em relação a mim, mas eu não imaginava que aquilo nos distanciaria, e desde então não converso mais com os garotos que era meus amigos antes. Mas eu não os culpo, sinceramente, a única pessoa a quem eu poderia culpar sou eu mesmo. Isso me incomoda.

É difícil sem ele aqui, sem chama-lo de Big Rigs, coisa que só nos dois conseguíamos entender. Acho que depois que ele se foi, eu me senti indefeso demais, inseguro demais. Chanyeol já estava se afastando, e eu não conseguia deixar de pensar que a culpa era totalmente minha. Eu não conseguia manter as pessoas perto, talvez por ser entediante em demasia. Sempre tive diversos defeitos a listar sobre mim, mas depois que ele se foi, não tenho mais ninguém para dizer que eles não são reais. No lugar de apoio, eu tenho minha mente dizendo coisas que me destroem facilmente, e isso não para. Eu sempre fui uma fábrica de pensamentos, mas agora eu era uma fábrica abandonada, o problema é que ainda estava em funcionamento. E é nisso que estou pensando agora, enquanto ando pelo corredor da escola vendo todos com seus grupinhos indo em um sentido contrário, e enquanto eu vou até a sala de aula, eles esperam animados, conversando e rindo. Já devia estar acostumado com tudo isso, mas por alguma razão eu sempre me sinto sem ar, envergonhado, como se todos estivessem olhando o garoto sozinho, e em meio a isso, aquela voz rouca pôde ser ouvida. As salas sempre estavam vazias naquele horário, mas naquela manhã ele estava lá, com os amigos idiotas que ele tanto amava. Eu pensei em desviar, ir para outro lugar, mas antes disso ele olhou, aquele olhar fervente me lendo como se eu fosse um livro infantil. Foi aí que eu não pude fazer nada a não ser continuar andando, caminhando em passos rápidos até meu assento.

Eu amaldiçoava o dia do nascimento de Yeol com todas as minhas forças, porque mesmo sendo mais novo, ele ainda era velho o suficiente para estar no mesmo ano que eu e como o mundo devia me odiar, ele definitivamente estudava comigo. E não doía porque ele ficava encarando, mas sim porque aquele projeto defeituoso havia me esquecido, e nossos olhares não se encontravam porque ele nunca olhava para mim. Ele nunca me notava, e isso só doía porque eu me abri com ele, eu confiei, e ele me destruiu completamente. E eu não funcionava bem estando destruído.