1- salvo pela praga

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"Eu não queria ter expectativas"
Lauren Jauregui

Essa é a minha história, de como fui de garoto mimado e de futuro previsível, para uma das pessoas mais temidas do país, de como me apaixonei por um monstro sem coração, e o levei para o mais improvável dos destinos, essa é uma história de sofrimento, dor, violência e morte, mas, acima de tudo, é uma história de amor...

_

Aquele dia estava sendo puxado, faltavam algumas coisas para desenpacotar da mudança, era hora do almoço, e o suor já se espalhava pelo meu corpo todo, uma sensação que eu honestamente nunca apreciei

 O PF que havia pedido para o pequeno restaurante da esquina demorava, fui até uma caixa e a abri com o estilete, tinham porta retratos, documentos e lembranças

A comida chegou, estava com tanta fome, que corri para porta tão rapido que me surpreendi com minha própria velocidade, nem olhei na cara do entregador, apenas paguei os três pratos e fui até a caixa com utensílhos de cozinha, pegando um garfo, me sentei no chão mesmo, pois meus móveis estavam espalhados em cantos da casa, fui saboreando cada gostinho, pensando em como estaria próximo do dia da minha formatura na faculdade

[...]

Assim que sai da faculdade, era mais ou menos 09:00 PM, estava muito cansado, e com muita mas muita fome

- EI, Ag! - gritou Fernando, um cara da minha turma, ele era legal. Veio até mim, caminhando do meu lado - pensou na minha proposta?

Fernando havia me chamado pra sair, ele não tirou os olhos de mim desde o primeiro dia, eu até gostaria de ir, mas sinceramente, ele não faz bem o meu tipo, além disso, eu estava muito ocupado com a mudança faz dias

Ele tinha cabelos loiros e lisos, ia pra academia regularmente e era um ótimo, exemplo de boas notas, dedicado a família, essas coisas...

- É, eu pensei....

- Ihhh, pelo visto é um não

- Foi mal, tô muito ocupado

- Você precisa parar de se desculpar por tudo, relaxa.

- Valeu...

- Mas olha, se você quiser repensar, o meu convite sempre vai estar de pé pra você - visou parando bem na minha frente -

- Eu agradeço, Fernando, vou pensar, tá?

Passo por ele, seguindo meu caminho, minha casa não era tão próxima dali, mas dava pra ir a pé

Como disse, eu estava com muita fome, então passei em uma lanchonete que ficava no caminho, havia uma televisão no canto da parede do lugar, ligada no noticiário local

Jornalista: a policia pede a ajuda dos cidadãos, pois não tem mais nenhuma noticia de William, conhecido por seus comparças como: medo. Se trata de um homem extremamente perigoso e de boa lábia, deve-se tomar muito cuidado!

Uma foto foi mostrada, ele era lindo demais, todo tatuado, corpo bronzeado e braços enormes. Não me julguem, tenho uma tara por coisas proibidas

- oque deseja, senhor? - perguntou a moça atrás do balcão -

- um pastel de carne e um refrigerante qualquer

- tudo bem, só um instante

Enquanto esperava usei o celular, senti alguém sentar ao meu lado, mas não, não queria que a situação ficasse constrangedora, pois ele estava bem próximo, dava até pra sentir o calor que seu corpo emanava

Claro que não consegui, olhei pro lado, um homem sem camisa, coberto de tatuagens, com uma calça preta, ele estava apoiado sobre o balcão com os dois ante-braços

O rosto era familiar, olhei para a televisão, era o tal do medo, bem ali do meu lado, a moça do outro lado do balcão olhou assustada

- shhh - fez ele com o dedo na frente da boca, não sei se fez de propósito, mas seu olhar estava extremamente sexy, uma de suas sobrancelhas levantada, a mesma também era cortada em uma linha vertical - eu não vou fazer nada, só quero beber algo

- c-claro, senhor, oque deseja?

- a bebida mais forte e cara que tiver aqui, e rápido

Ela foi o mais rapido que podia, derrepente, senti o olhar dele em mim, meu coração parecia uma escola de samba, eu só queria que ele parasse, mas não parou, me olhou até quando a moça trouxe a bebida, acho que era tequila

-Você vem sempre aqui?? - ele perguntou me fitando enquanto bebia, aquele olhar era assustador, não só por ser ele, mas....algo ali conseguia tirar meu fôlego, e ele sabia disso -

- não, eu, me mudei a pouco tempo - digo pegando meu salgado da mão da moça e dando uma grande mordida -

- hum - ele se virou, agradeci a Deus por ele tirar o olho de mim - engraçado, sinto que te conheço de algum lugar...

ele virou sua bebida de uma vez, pousando o copo na mesa de maneira bruta

- to indo la, ta aí o dinheiro, fica com o troco, e nada de abrir a boca ouviram?

Eu e a menina nos entreolhamos e assentimos com a cabeça, e ele foi embora

- meu Deus, que alívio - disse ela com a mão no peito -

- sim, achei que ia morrer ou ser assaltado

- eu também

Terminei de comer e sai do bar, fui andando o mais rápido o possível para casa, no caminho, vi que tinham umas mensagens dos meus pais, sinto tanta falta deles, apesar da minha relação com meu pai ter ficado muito mais seca depois que assumi minha sexualidade, ele nunca me tratou mal de nenhuma forma

Mas minha mãe era praticamente o amor da minha vida, tão doce e amorosa...sinto muita falta do apoio dela

De repente, uma moto com dois caras para bem do meu lado, tentei andar mais rápido, mas eles me chamaram, eu parei, rezando todas as orações que conhecia em minha mente

- passa tudo aí viadinho, anda!! - ele apontava uma pistola -

Eu queria entregar e correr, mas não podia, todo meu dinheiro estava naquela mochila. Segurei com força e neguei com a cabeça

- ta afim de morrer bixinha? - disse me empurrando -

Eu cai no chão, recebi um chute na coxa, doeu demais, soltei um grito e pedi por socorro, mas ele me deu outro chute dessa vez no meu rosto

-AÍ - escuto uma voz, minha vista quase apagando -

- M-Medo? - disse um dos caras -

Escuto passos, possivelmente da pessoa, chegando mais perto

- Deixem o moleque em paz...

- Esse aqui é dos seus? a gente não tinha ideia...

- Sumam da minha frente, agora!

- Mas...

- FORA!

Olhei na direção da voz, minha visão estava turva, mas dava pra ver ele bem na minha frente, imponente, não pude ver nada, mas quem quer fosse não precisou brigar, a moto foi ligada, o som dela foi ficando baixo até sumir, ele me pegou no colo, como se eu fosse uma criança, foi aí que percebi quem era, mesmo confuso e com a vista bastante embaçada

Então....eu devo ter apagado, pois isso foi a ultima coisa que lembrei naquela noite

Eu odeio te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora