Capítulo 1

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- Brinley... – Deanna suspira depois de ler minha última crítica sobre um livro estadunidense que vem abalando corações de mulheres por todo o mundo. Bom, todos menos o meu. – Eu sei que esse não é seu gênero favorito de livros, mas, quando aceitou esse cargo, sabia que teria que le-los.

- Sim, e eu li. – Agora ela parece bem irritada. Tira seus óculos pousando-os na mesa antes de me olhar tentando parecer calma. Deanna odeia gritar com o pessoal da redação, ela diz que raiva e tristeza passam para as palavras de um escritor.

- Você sabe que esse livro é número um no The New York Times, certo? – ela espera que eu confirme para continuar. - A suit não pode ir de desencontro total com o The New York times. Sua crítica não faz sentido nenhum. As pessoas estão amando esta obra e eu li, é realmente boa.

 - Eu não disse que era ruim. – Ela pega seus óculos e os coloca antes de ler um trecho do meu texto.

-"Ridiculamente fantasioso. Uma leitura que não leva ninguém a lugar nenhum, apenas serve para tirar sua cabeça da realidade e levá-la por um caminho de ilusão sem fim." – quando volta seu olhar para mim espera que eu fale alguma coisa, mas não digo nada. Escrevo a mesma coisa com outras palavras para todos os romances que leio. – Não pode prejulgar qualquer livro que tenha um final feliz apenas porque você não teve um. – sinto o tapa mesmo sabendo que não foi a intenção dela. - Sei que prefere fantasias, distopias e não ficções, mas preciso que meus críticos leiam de tudo, inclusive romance. A não ser que queira voltar ao departamento de matérias como "10 maneiras de saber que ele está te usando", me traga algo decente. Pode sair.

Penso em contestar, mas sei que não adiantaria nada. Não é a primeira vez que minha chefe chama minha atenção em relação a minhas criticas a livros clichês amorosos. Passo pelo refeitório a fim de pegar um café.

- Olha quem está viva! Achei que ela ia arrancar suas tripas fora pela cara que fez quando me mandou te chamar. Deanna pode não verbalizar seu ódio, mas o deixa bem claro com sua cara. – Madison aparece do meu lado com sua própria xícara na mão pronta para reabastecer. Essa garota bebe tanto café que eu juro que não entendo o porquê de ela não deixar uma cafeteira na própria mesa.

- Mas dessa vez acho que a bronca foi um aviso, tipo "é a última vez que eu to falando, Brinley!". – Faço uma imitação bem tosca da chefe que faz Mad rir. Seu cabelo está solto batendo logo após o ombro. As mechas rosa a faz parecer uma garota de dezoito anos por mais que tenha quase vinte seis. – Como foi o fim de semana? Digo as noites, já que no resto do dia você só dorme.

- Durmo mesmo e com muito orgulho. Ah foi o de sempre, sair, beber e voltar com alguma garota pra casa. A propósito, quando você vai parar de passar os dias sem trabalho trabalhando e sair com seus amigos hein?

- Nós quatro sabemos que isso não vai acontecer. Reagan e James já aceitaram, só falta você. – Somos um quarteto desde a faculdade. Nos conhecemos logo na primeira semana e desde então nunca mais nos separamos, claro que a gente se odeia em vários momentos, mas na maior parte é só amor.

- Você que sabe. Eu amo ler, Brin, mas isso não pode ser a única coisa que você faz. Já dizia minha vó: "não se come a carne onde se ganha o pão". – rio olhando confusa para ela.

- Ok, o que isso exatamente quer dizer?

- Você é boa em interpretação, tenho certeza que consegue entender sozinha. Agora se me da licença, tenho um artigo sobre as eleições na Argentina para escrever. – Mad ama política. Não me surpreende em nada ele ter conseguido bem rápido a seção de política da revista.

Até a próxima vezOnde histórias criam vida. Descubra agora