Sozinha. Há muitos ao meu redor, mas é assim que me sinto. Permaneço reprimindo as lágrimas, sei que ninguém de fato irá se importar. As lágrimas quentes sobre minha face. O amargor da vodka em minha garganta. Os planos de morte em minha cabeça. Minha alma solitária, definhando. Me sinto totalmente mergulhada na escuridão. Sem saída. Tudo dói. Para os que chamo de "amigos", sou irritante, imatura, criança. Quando quero alguém, quero demais, sufoco. É por isso que ninguém ousa me entregar o coração, e quando tenta, eu estrago tudo. Eu vou direto ao fundo do poço, sem querer. Eu sou uma granada que quer diminuir o número de vítimas em sua explosão. Paranóia. Insegurança. Ansiedade. Meu corpo treme. Minha garganta seca. Mas ninguém se importa. Poucas coisas me mantém viva ainda. Acho que apenas o medo de trazer esse tormento aos meus pais. Minha mãe não aguentaria ver a sua única filha coberta de sangue na banheira. Meu padrasto se culparia eternamente por perder outra filha. Meu pai se arrependeria por não ter tanto tempo comigo. Meu cachorro ficaria confuso. Minha tia sentiria a dor de minha mãe. E eu mergulharia no sono eterno, levando mais dor mesmo na morte.- Ana Maria Kuntze