》Que se foda《

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Era fato que Félix daria um jeito de ver Changbin e o moreno sabia disso. Estava se preparando para esse momento desde que decidiu devolver as coisas do mais novo sem sequer olhar para o rosto dele. Com certeza seria um momento complicado, mas teria que lidar com isso. Era o preço de ter se apaixonado por seu amigo colorido.

O que Seo Changbin não esperava é que tal momento complicado chegaria no meio daquela fria noite de sábado, onde alguém invadiria seu quarto pela janela, as quatro da manhã.

A primeira coisa que fez - depois de cair da cama com o susto, porque o até então intruso desconhecido parecia ter decidido acordar a vizinhança toda derrubando as coisas do quarto - foi se segurar para não gritar e pegar o taco de basebol que servia de enfeite para sua prateleira de brinquedos - ou bonecos colecionáveis, como o mesmo gostava de chamar.

Ele quase não enchergava por conta da pouca luz que vinha dos postes amarelados da rua, mas manteve os olhos fixos no invasor, os músculos tão rígidos que não se movia um milímetro sequer.

- Por que quando é você que entra pelas janelas dá tudo certo, e quando sou eu parece que o mundo vai acabar? - a voz grave e levemente manhosa do intruso reclamão denuncia sua identidade.

Changbin respira fundo, relaxando os ombros e deixando o taco em suas mãos onde estava. Anda até o pequeno abajur e o acende, vendo a luz dourada iluminar um pouco o cômodo. Em seguida, dirige lentamente seu olhar a Félix.

- O que você está fazendo aqui? - sua fala é rígida e ele fica quase orgulhoso por não ter deixado seu nervosismo transparecer em sua voz.

Porém o olhar que recebe do outro é suficiente para desmontar toda a sua falsa armadura de durão insensível. O ruivo lhe mira com uma espécie de preocupação, raiva e algo a mais que o mais velho não consegue decifrar. Se sente ser analisado dos pés à cabeça e um misto de vergonha e dor o forçam a olhar para as próprias mãos.

O silêncio que surge em seguida é desconfortável e desesperador para ambos, parece esmagar seus corpos até que não reste nada e o moreno não sabe se fica aliviado ou mais nervoso quando Félix se dirige até ele, seu andar fazendo o piso de madeira ranger audívelmente.

Mas o australiano não chega além de dois passos de distância do mais baixo, o que impede que Changbin possa sentir o cheiro de groselha do garoto ou a respiração deste contra sua derme.

- Você pode me explicar o que tá acontecendo? - Changbin ergue o rosto de imediato e encontra em Félix uma expressão de raiva que nunca pensou ter visto nele antes. Seu maxilar tenso e os olhos escuros esfolavam os seus com uma intensidade de tirar o fôlego.

- E-eu não quero que você fique aqui - se amaldiçoou por ter gaguejado. Nunca se sentiu tão intimidado por alguém dessa forma.

As batidas de seu coração soavam na orelha e se forçou a manter o olhar penetrante de Félix.

- Eu não vou sair daqui até você me dar uma explicação descente pra essa merda toda, Changbin.

Para o bem da sanidade de Changbin, o garoto decide se afastar e sentar-se sobre a cama do seu hyung, e embora ainda o olhasse com uma raiva palpável, aquilo permitiu que o coreano pensasse um pouco.

Não que seus pensamentos fossem muito além de "Caralho, ele fica muito gostoso quando me olha desse jeito", mas isso não é relevante agora.

O silêncio reina novamente e Changbin fica parado no meio do quarto, no mesmo lugar, respirando fundo sem saber formular qualquer frase com sentido.

Vendo sua confusão, Félix coloca o cabelo para trás e começa a falar:

- Você não atendeu minhas ligações, nem viu minhas mensagens, você não foi para a escola e ignorou os meninos quando eles vieram desesperados bater na sua porta. - seu tom, ao contrário de antes, agora parecia mais próximo de expressar a angústia que sentia e denunciava o choro preso em sua garganta - Você simplesmente sumiu de tudo por uma semana! E ainda mandou a tua mãe levar as minhas coisas para casa!

Rules || Changlix Onde histórias criam vida. Descubra agora