Capítulo 2

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 A inconveniente situação fez o coração de Rukia bater dez vezes mais rápido. É estranho, mas ela não sentia como se aquele batimento fosse do coração dela, embora fosse, afinal a vibração vinha de seu peito. Ela tocou para ter certeza do fato. Talvez as constantes perguntas acerca do seu acidente na noite anterior a tenha agitado, mas sinceramente ela não se sentia assim.

Um nó se formou na sua garganta no momento em que se lembrou do olhar aterrorizado de seu Aniki quando ela acordou pela manhã, então seu peito esquentou em outra batida frenética de seu coração, e dessa vez sentiu que realmente a vibração foi causada por ela. Seus dedos ainda estavam doloridos por conta do aperto das mãos dele, a dor visível em seu olhar intenso refletiam o medo que ele sentia em perdê-la. Rukia desejou nunca mais ver esse olhar de novo no rosto dele.

Os dois oficiais trocaram olhares duvidosos, um deles limpou a garganta antes de questionar:

— Jou-chan está bem? Devemos parar as perguntas por hoje?

Eles estavam sentados no pequeno sofá que ficava ao lado da sua cama. Embora não fizesse exatamente 48 horas desde a noite do acidente, ela já estava em um quarto vestida informalmente com uma calça de moletom azul e uma blusa masculina de manga média. O cabelo longo estava preso no topo da cabeça num rabo de cavalo frouxo.

Ela respirou fundo tentando acalmar o estranho comportamento do seu coração antes de responder:

— Não, por favor continue.

Oburo Suzuki, o mais velho de construção gorda, sinalizou para que Suuji Hikari, seu parceiro mais novo, magro, alto e de pele bonita - observação feita por Rukia - voltasse a tomar nota do depoimento dela.

— Como eu estava dizendo antes, Jou-chan não acha estranho que esteja viva?

— Eu só me lembro de atravessar a rua, não posso dizer exatamente o quão forte fui atingida.

Shuuji olhou para Oburo novamente. Ela tinha a impressão de que eles queriam transmitir para ela a atmosfera de um filme de terror.

Dessa vez Shuuji foi quem falou:

— Kuchuki-san, testemunhas oculares alegaram que a ambulância te atingiu em cheio e que o seu corpo foi arremessado para trás dela. A descrição bate com a perícia informal do local do acidente. No entanto, Jou-chan não sofreu nada. Nem um arranhão.

As sobrancelhas dela arquearam em descrença.

— Talvez eles tenham visto errado.

— É possível. Agora que eu penso sobre isso, é realmente estranho Hikari-kun, Yamamoto-sama não falou algo sobre as câmeras de vigilância não terem captado o momento em que o acidente aconteceu?

— Eu não sei, eu não estava lá na hora. Mas peguei o depoimento de um cara que jurou ter gravado o acidente em tempo real. Ele foi muito convincente, mas quando eu conferi o celular dele, não tinha arquivo algum.

— Então deve ter sido isso, eles aumentaram a história.

— Kuchiki-san não entende a situação?

— Não, eu não acho que tenho que entender coisa alguma. É óbvio que eu tive a sorte de não ter sofrido nada grave.

Mesmo que ela tenha dito isso, sabia que era impossível ser atingida por uma ambulância e sair intacta. Deveria ter sofrido no mínimo uma escoriação leve. Quanto mais o assunto se aprofundava, mais arrepiada ficava, por isso resolveu que fingir ignorância talvez os fizesse ir embora. E no fim das contas o que ela sabia realmente sobre o assunto? Ela estava tão no escuro quanto eles. A diferença é que ela não queria sair dele, porque sua intuição dizia que nada de bom surgiria ao descobrir a verdade.

Meu Monstro de EstimaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora