Capítulo 12

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— Cuidado! — alguém gritou, mas antes que eu pudesse sequer cogitar de onde a voz tinha vindo, uma bola atingiu em cheio a minha testa fazendo com que eu me desequilibrasse para trás e caísse sobre a grama fofa, alguns poucos metros do portão de entrada da escola.

Eu fiquei estatelada no chão consciente do fato que haviam espectadores o suficiente para fazer memes sobre a imagem cômica que deve ter sido a minha queda, ou assim imagino pelas risadas que ouvia ao fundo, e os flashes que brilhavam mesmo à luz do dia.

— Eu disse cuidado , você quem entrou na frente da bola! — um garoto magro de cabelo cortado em formato de tigela estendeu a mão para me ajudar a levantar. Aceitei a ajuda com um sorriso sem graça, e quando estava de pé, chutei-o entre as pernas com força.

Ele caiu de joelhos com a boca aberta segurando o local atingido e fazendo com que as gargalhadas aumentassem ainda mais.

— Eu entrei na frente da bola? — puxei a orelha dele para fazê-lo escutar — Essa é a entrada da escola, não uma quadra de basquete!

— Ai, ai, entendi! Entendi! — Ele bateu na minha mão com força para que eu o soltasse.

Se fosse alguém menos covarde talvez tivesse me intimidado, mas ele era magrelo e apesar de alto, exalava um quê de problemático. Eu também não tinha chutado ele de propósito, foi apenas um reflexo de raiva. Então acabei cedendo e soltando-o do meu aperto.

— Que idiota! — uma voz conhecida falou de repente. — A Rukia é a melhor lutadora do clube de Taekwondo. Todo mundo sabe disso, não deveria mexer com ela.

Kevin estava de pé com os braços cruzados escorado à uma árvore próxima onde estávamos - o garoto e eu. Ele se aproximou sorrindo e o garoto aproveitou o momento para fugir. Neste mesmo instante, o sinal do primeiro tempo de aula tocou e pude sentir a multidão se esvair para dentro do prédio escolar.

— Você tá bem?

Eu sorri ao vê-lo. Ele estava com uma blusa social azul jeans e uma bolsa atravessada na lateral do corpo.

— Tô, até virei a melhor lutadora do clube de Taekwondo.

— Não deixe que os outros saibam que eu disse isso. — aproximou o dedo da boca para sinalizar que era segredo.

— Vou pens… aí! — senti uma fisgada forte na testa de repente.

Kevin aproximou-se com agilidade ao ouvir meu grunhido de dor e afastou a franja para inspecionar minha testa. O ar frio bateu na região, agora desprotegida, causando uma ardência incomoda. Sem dúvida o atrito violento da bola tinha me ferido.

— É um pequeno corte. — ele apalpou os bolsos a procura de alguma coisa, e pareceu achá-la na camisa.

Ele segurou meu queixo com as duas mãos elevando minha cabeça para cima e soprou forte. Doeu. Mais do que antes, talvez o corte fosse um pouco profundo. Empurrei ele para trás por reflexo, mas ele tinha as mãos firmes no meu pescoço e sequer vacilou.

Quando ele olhou para baixo e seu olhar se encontrou com o meu, eu me senti desconfortável. Meu coração começou a acelerar e a respiração abandonou meus pulmões. Céus, ele sempre foi tão bonito assim? Estávamos tão perto que pude contemplar o quão charmosas eram as sardas sobre o nariz dele. Era levemente arrebitado, como o meu e um pouco longo. Kevin era muito mais alto que eu, e tive a sensação de que ele tinha se inclinado um pouco, pois podia ver muito mais de seu rosto do que um dia tinha visto de longe olhando para cima.

Não sabia se os alunos tinham entrado ou se sobrara algum. Alguma alma viva para fotografar o momento, e sinceramente não estava me importando tanto quando tinha me importando minutos antes. O som da respiração de Kevin era agradável, eu estava quase fechando os olhos quando senti uma pontada forte no coração; som de passos ecoaram nos meus ouvidos, passos ligeiros, porém firmes tinha o som clak, clak, clak como salto no piso de mármore.

Meu Monstro de EstimaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora