Capítulo 2

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  Acordo com a luz do sol em meu rosto, tinha adormecido lá mesmo.

- Ai, droga, estou atrasada – falo ao olhar o celular que marcava 7:10, corro até o banheiro e olho-me no reflexo do grande espelho, estou um lixo toda descabelada e desarrumada. Procuro entre as caixas minhas roupas limpas.

  A casa estava uma bagunça por conta da recente mudança.

  Pego uma calça jeans e uma blusa larga preta, passo cuidadosamente o delineador, pois sou muito desastrada, e prendo meus cabelos azulados em um coque alto e frouxo, pego minha mochila e desço correndo pela escada, meu pai me observava, encostado na batente da porta com seu café nas mãos, e fala risonho:

- É melhor vocês se apressarem, vão se atrasar no primeiro dia ? – assopra o líquido quente em suas mãos.

- Se a Annie não se apressar, vamos mesmo ! – digo impaciente, balançando minhas pernas incessantemente quando sento na pequena mesa da cozinha, a frente de uma janela que dava visão a rua.

  Como rapidamente algumas torradas que estavam ao lado da margarina.

  "Com certeza não vou gostar daquela escola, nunca faço amigos mesmo, nessa não vai ser diferente", penso quando pego uma maçã na fruteira e bato a porta de casa.

  Entro no carro e buzino pela quinta vez e não obtendo sucesso, grito irritada:

- VAMOS ANNIE, SE DEMORAR MAIS VOU SOZINHA ! – observo as horas, estressada.

  Ela corre como um jato para dentro do carro, cambaleando com sua mochila entreaberta.

- Pronto Lí, cheguei, calma – diz afobada, se sentando no banco do passageiro.

- Tchau meninas, tenham um ótimo dia de aula – nosso pai acena e dá um largo sorriso.

  Quando estava dando a ré, um imbecil passa voando na rua com uma moto, cara por sinal.

- IMBECIL, OLHA A RUA – berro, mas o idiota nem deve ter escutado, ao contrário da vizinhança inteira.

- Ainda bem que você freou, senão o cara iria bater no carro, imagina, primeiro dia de aula e uma batida, aí sim o pai nunca mais nos deixaria dirigir, ou sendo mais específica, você! – Annie fala apontando para mim, irônica, e dá uma risadinha. Não vi nenhuma graça.

- Desculpa, estou falando com a maior pilota do mundo - levanto as duas mãos ao alto, irônica – se você dirigisse, aí sim o mundo teria um perigo a mais para se preocupar – falo, gargalhando com sua cara emburrada.

  Pela grande quatidade de ruas idênticas, acabo me perdendo, mas com sorte acho um ônibus escolar e o sigo.

  No caminho, Annie estava preocupada com alguma coisa e uma carinha triste.

- O que foi ? Porque tá assim ? – falo prestando atenção ainda na rodovia.

- Você acha que o pai tá bem ? – ela fita suas unhas e mexe nelas, como se estivesse com vergonha de olhar para mim

- Ele tá ótimo, está bem melhor do que antes – levanto seu rosto com meus dedos e dou um largo sorriso, mas observando sempre que posso a rodovia- Não se preocupe com isso, tá ?

- Tá - fala animada - Não vou me deixar abalar por isso !

- Isso ai – rimos juntas

(...)

  A escola era linda. além de ser enorme, jardins verdinhos e aparados, grandes janelas, feita de tijolos bem rústicos que aparentavam um pouco desgastados ao longo dos anos, mas sua pintura encobria esses pequenos detalhes, pois era muito chique e estava bem cuidado.

  Ficamos na frente da porta principal observando que nem retardadas a grande escola. Minha irmã ficou maravilhada, ela estava vestida com uma calça preta, uma camiseta branca e um sobretudo vinho, fino e quadriculado. Com o cabelo preso em um alto rabo de cavalo, seus fios cor de mel ficavam ainda mais claros no sol. Saímos daquela “brisa” e entramos.

  O corredor era enorme e cheio de armários azuis escuros. Olhei aquela imensidão sem fim dos corredores. "Pelo jeito, devem ter muitos alunos".

  Fomos a caminho da diretoria, Annie foi pedir informações, pois não tínhamos a mínima idéia de onde ficava, então aproveitei e fui beber água. Quando me aproximo do bebedouro, me deparo com um garoto malhado loiro implicando com um outro que parecia ser mais jovem.

- Por favor não me bata, eu não fiz nada – o garoto implorava, com lágrimas nos olhos embaçando seus óculos redondos.

- Ah, você acha que não fez nada né, isso é por encher o saco – o loiro deu um chute no rosto do garoto, que ficou ensanguentado na mesma hora.

  Corri até lá e peguei um pano do meu bolso, e faço pressão em seu nariz.

- Quem é você garota, o que acha que está fazendo ? – viro e olho em sua direção, com raiva.

  Viro minha atenção novamente para o menino e pergunto:

- Você está bem ? – Ele assentiu lentamente ainda meio zonzo - Estou tentando parar um sangramento, tá cego? – aponto para o garoto machucado - Além de cego, é um imbecil também?

- O que disse?

- E ainda é surdo. Nossa, está se superando cada vez mais – gargalho irônica

- É melhor você calar sua boca se não quer ter problemas - arqueio minha sobrancelha e o encaro profundamente.

- Se eu não calar vai fazer o quê ? Me bater ? Pode vir, não tenho medo de um merdinha como você. Acha que o mundo gira em torno de você ?- me levanto - Desculpa te decepcionar, mas não gira. Porém, se quiser, posso te ensinar alguns socos. Vamos testar, loirinho ? – nossos rostos estavam muito próximos e minhas mãos já estavam serradas. Ele dá alguns passos pra trás, surpreso com a minha reação.

  E adivinha quem me interrompe no melhor momento: Annie, que entra em minha frente e fala rapidamente:

- Me desculpem, ela não quis dizer isso, ela só está nervosa por que entramos em outro colégio, me perdoem – ela sorri sem graça.

- Eu quis dizer isso...

  Antes que eu terminasse a frase, Annie me puxa pelo braço, afastando-me deles rapidamente.

- Você está louca? hoje é o primeiro dia de aula, se controla. Quero que dessa vez seja diferente. Quero que você pare de arrumar encrenca.

- Eles que começaram. Não vem me dar sermão, você não é nossa mãe, então não tente virar ela, para porque já tá ficando feio. - saio pisando duro, irritada demais pra brigar com ela.

  Ando pelo grande gramado da escola, e por sorte acho uma mesa bem afastada, ao lado de uma grande árvore que fazia sombra fresquinha. Sento-me e observo o lugar bem calmo, sem pessoas gritando, sem sinal, nada, somente o som dos pássaros e o da minha respiração, que estava tranquila. Árvores por todos os lados. Estava viajando em meus pensamentos e ouço passos próximos.

- Melhor lugar, não acha ? – ouço uma voz feminina falar atrás de mim e me viro.

Espero que tenham gostado
Bjs
Ainda não sei quando irei postar o próximo mas avisarei ksksk fiquem atentos :3

Entre novas ondas 🌊 (Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora