Marcel
O alarme da escola dispara nos avisando do fim do período, é quinta-feira e os alunos já estão ansiosos com a chegada do final de semana, recolho os trabalhos dos alunos e os coloco em minha bolsa para revisar em casa enquanto escuto eles juntando seus pertences e conversando sobre a programação do final de semana, não me lembro de ter tantas festas, jantinhas e reuniões enquanto eu estava no ensino médio, sei que nunca fui muito sociável, sempre fui meio recluso, sempre muito calado, gostava de ficar no meu cantinho desenhando algum super-herói da Marvel.
- Tchau professor Marcel, até a próxima aula. - Fernanda, Jéssica e Marina dizem juntas e acenam ao saírem da aula.
- Tchau professor. Não se esqueça de trocar sua camisa. - Avisa Gabriel enquanto pendura sua mochila no ombro.
- O senhor furou mais de uma camisa essa semana professor, desse jeito vamos ter que fazer uma vaquinha entre os alunos para comprarmos camisas novas para o senhor. - Agora Mauricio fala sacudindo a cabeça indo em direção a porta.
- Não se preocupem meninos, na próxima aula eu trago meu jaleco e tudo resolvido.
- Qual jaleco professor? O senhor comprou um novo? Ou esta falando daquele que se desintegrou no nosso ultimo experimento no laboratório depois do senhor acidentalmente bater com o braço no tubo de preparo e virar a solução corrosiva direto nele? - Gabriel comenta e os dois riem. - Eles tem razão, preciso de um jaleco novo e preciso também tomar mais cuidado nas minhas aulas práticas.
- Desculpe professor, o senhor é muito inteligente, suas aulas são imperdíveis, mas o senhor é meio atrapalhado, precisa relaxar um pouco e não se cobrar tanto - Fala Maurício me dando um tapinha amigável nas costas.
- Obrigado. Maurício e Gabriel, vocês já podem ir. Vejo vocês na próxima aula. - Os dois se despedem e saem, eu termino de juntar minhas coisas e saio logo em seguida.
Tenho muitas coisas para resolver hoje, ainda bem que às quintas-feiras eu só dou aulas pela manhã, tenho uma reunião com o engenheiro da empresa ML Construções, preciso dar inicio a reforma do Condomínio Goebel antes que ele venha abaixo.
O Condomínio Goebel é um edifício residencial que meus pais me deixaram de herança quando faleceram a cinco anos atrás em um acidente de carro, foi bem difícil quando eles partiram, sempre foi só eu e eles, sem irmãos, sem tios, nem avós ou primos, somente nós três, eramos muito próximos, uma família pequena, mas muito afetiva e amorosa. Depois que eles faleceram eu fiquei muito solitário, passava horas sozinho em meu quarto lendo, dormindo ou desenhando, só saia do quarto para tomar banho ou comer alguma coisa, já havia me formado em química nessa época e já dava aulas no ensino médio, porém estávamos em período de férias então não havia com o que me preocupar, somente seguir em frente.
Dona Helen e seu Pedro, amigos e funcionários antigos de meus pais e o filho deles Enrico meu amigo de infância estiveram sempre ao meu lado, foram eles que me acolheram, foi neles que eu pude me apoiar, dona Helen não podia ver o meu sofrimento, não suportava a ideia de que eu preferia ficar em casa enquanto a vida corria fora daquele edifício.
Lembro exatamente do dia que ela bateu em minha porta com um cachorrinho ainda filhote em suas mãos e disse - Marcel meu querido, esse é o seu novo companheiro e novo morador dessa casa. Cuide bem dele ouviu! - Virou as costas e saiu, não pude dizer nada, não sabia o que fazer, mas não podia deixar aquele filhotinho desamparado, coloquei seu nome de Magnésio e a partir daquele momento eu percebi o quanto eu precisava reagir, o quanto eu precisava tomar as rédeas da minha vida, foi a partir daquele dia que minha vida começou a melhorar, não sabia que um animalzinho de estimação me faria tão bem, por isso sou grato a eles, são como uma segunda família para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Química do Amor
RomanceNarciso Molinari, um homem ultrapassado que acredita que as mulheres foram criadas para cuidarem dos filhos e dos afazeres do lar. Dono de uma grande empresa de construção civil na cidade de Nova York, seu sonho sempre foi ter um filho homem para co...