Capítulo 3

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Observar e admirar a JM Construções e Reformas antes de começar mais um dia de trabalho se tornou meu passatempo preferido, poder observar o lugar que conquistei, saber que meu sonho de se tornou realidade, mesmo que de modo pequeno, mas que aos poucos vem crescendo e ocupando espaço no mercado de trabalho com certeza é muito gratificante.

Paro meu carro na vaga do estacionamento da empresa, desço e sigo para minha sala, tenho muitas coisas para resolver hoje, alguns materiais que foram encomendados na semana passada ainda não chegaram e a madeira para o acabamento interno que chegou e precisa ser distribuída para as obras.
Entro na empresa, me dirijo até o elevador e vou para o meu andar, sigo para minha sala, há muitos papéis para eu assinar hoje, preciso resolver tudo.

- Bom dia dona Júlia! A senhora tem uma reunião com o senhor Marcel Goebel.
Havia esquecido que o senhor Marcel viria hoje a minha empresa para conversarmos a respeito da reforma em seu edifício.

- Tudo bem Silvia, obrigada. Quando ele chegar pode deixa-lo entrar.
Verifico meus e-mails, preciso analisar a lista de pedidos.

Meu telefone toca, meu pai não tem limites, preciso que ele entenda que a JM vai bem e que não preciso de um homem para me ajudar.

- Bom dia pai. Falo caminhando pela sala.
- Júlia! Por que você não foi ao almoço que agendei com o Henrique, sabia que ele é extremamente ocupado e cancelou compromissos para ir a esse almoço!
Meu pai insiste em me arrumar um marido, logo, Henrique foi o escolhido por ele.

Henrique é o filho mais velho de Antônio Pedroza, presidente da empresa Pedroza empreendimentos, uma das maiores empresas do estado. Um homem bonito e bem elegante, porém fútil, egocêntrico, tem o ego tão grande quanto a empresa que gerencia.

- Pai, não estou interessada, tenho muito trabalho, em nenhum momento eu disse que iria a esse almoço. Com certeza no restaurante não haveria espaço para eu e o ego do senhor Henrique.

- Júlia, só você não percebe que uma empresa de construção gerenciada por uma mulher não tem como dar certo! Você está dando sorte, aproveite enquanto tudo está correndo bem e case-se logo!

-Henrique é um ótimo negociador, saberá muito bem comandar as duas empresas!

- Pai, você que não entendeu! Eu me dediquei incansavelmente para o crescimento dessa empresa! Não quero ver ela se desfazer ou ser fundida a Pedroza Empreendimentos! Tenho meus próprios princípios e sonhos e é uma pena que o senhor não veja o esforço e dedicação do meu trabalho!

- Acredite Júlia! Vejo uma mulher linda e jovem que pode conseguir o esposo que quiser, ter filhos e deixar o mundo dos negócios para os homens.

- Você não foi criada pra isso! És uma presa fácil, você vai cair em um golpe logo logo, vai se meter em problemas....

Minha mente já não está mais escutando meu pai. Ele não vai mudar. Nesse momento, eu não havia percebido a entrada de alguém na minha sala, mas ao olhar pelo espelho, vejo lindos olhos azuis atrás de um par de óculos me olhando de maneira tão admirada que desligo o telefone sem ao menos me despedir e me viro de frente para encara-lo.

Analiso seu rosto, olhos azuis como o céu, cabelos castanhos e queixo quadrado, é um lindo rosto.

Sua camisa xadrez deixa marcado os braços e peitos naturalmente fortes, é perceptível que se alimenta e se exercita, mas nada exagerado, alto e com um rostinho de bom menino.

Sinto minhas pernas trêmulas e minha garganta seca.
- Boa tarde dona Júlia! Me chamo Marcel!
A voz dele é rouca, os dentes perfeitos e ah covinhas na bochecha quando ele fala.

- Boa tarde!
Eu respondo ainda analisando seu rosto.

Estendo-lhe a mão para um cumprimento formal.
Ele tem mãos grandes, firmes, mas suaves, imagino aquelas mãos pelo meu corpo e me sinto acalorada.

Percebo que ele analisa meu corpo, também me olha com curiosidade e desejo, mas age normal e profissionalmente.

- Senhor Marcel, por favor sente-se!
Ele senta diante de mim e falamos sobre a obra em seu edifício.

Enquanto ele explica toda a situação do prédio eu faço anotações, informo que precisarei ir até lá analisar o local para ter uma maior precisão do que realmente necessita ser feito e o período de execução da reforma.

Em nenhum momento ele diz nada que não seja profissional, não elogia minha aparência ou faz algum comentário inapropriado como vários clientes homens que recebo aqui.

Óbvio que há clientes que nunca me faltaram com respeito e sempre me trataram da forma mais profissional possível, mas de certa forma eu gostaria que Marcel falasse alguma coisa além da reforma, contudo ele somente fala sobre a obra, sobre dona Helen, a síndica do prédio e eu só consigo pensar no quanto ele é bonito e como ele fala com admiração do local.

Talvez ele tenha alguém! Talvez esteja apaixonado!

Lembro dos olhos dele verificando todo o meu corpo. Ele analisou minha aparência, isso eu não tenho dúvidas.

Combinamos de nós encontramos a tardinha no edifício, pois ele dará aulas até o final da tarde.

No meu tempo não tinham professores gatos assim. Como as alunas prestam atenção?

Ele levanta, me estende a mão novamente e olha diretamente para minha boca.

Percebo a respiração dele ofegante, ele com certeza parece interessado, mas é respeitador demais para dizer algo em nossa primeira reunião.

Não seria ético nem profissional de ambas as partes, então eu sorrio e me aproximo mais, somente como um sinal sutil de que é recíproco.

Ele fica tenso, contrai o queixo e engole em seco.

- É... eu...preciso... ir, agradeço a sua disponibilidade ele diz com os olhos vidrados na minha boca.

Acho que deixei ele nervoso, coitado, até gaguejou. Nesse momento ele bate no meu porta canetas e derrama tudo pelo chão.

Ele se abaixa para recolher e eu também para ajuda-lo. Estou de salto, me desequilibro por um momento e agarro seu ombro para não cair.

Ficamos muito próximos, sinto o seu cheiro amadeirado, seu braço forte, seu corpo próximo ao meu, nunca me senti atraída dessa forma, algo nesse homem me deixa quente e ansiosa.

Levantamos juntos, ele com uma mão na minha cintura e a outra com o porta canetas e eu com as duas mãos em seus ombros.

Ele se afasta, largando o porta canetas no lugar e pedindo desculpas pelo ocorrido.

Eu o acompanho até a porta e ele se vai.

Fico sozinha na sala, pensando no que acabou de acontecer ali. Meu corpo queima, sinto o calor e a ansiedade por algo que não aconteceu, mas que eu preciso experimentar.


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⏰ Última atualização: Aug 22, 2023 ⏰

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