Muito barulho por nada

355 24 7
                                    

Yixing chegou à sala de Biologia do primeiro ano praticamente colocando os pulmões para fora de tanto correr. Mas valeu a pena. Tinha conseguido chegar antes do início da aula, e Baekhyun ainda estava displicentemente sentado sobre a própria carteira, conversando com aquele amigo alto e moreno, Jongin-alguma-coisa. Todos os alunos presentes pararam de conversar imediatamente para observar o garoto novato — bem bonitinho, porém retraído demais e que andava com os flopados retrô — parado à porta. Em outras épocas, Baekhyun estaria morrendo de vergonha, talvez até fingido que não o conhecia ou avisado de cara que aquele era apenas seu tutor de inglês. Mas sua única reação imediata foi sorrir tão lindo que sua felicidade poderia iluminar toda Busan por vários meses em caso de um apocalipse zumbi.

Vendo o quanto Yixing permanecia acanhado no mesmo lugar, recuperando o fôlego perdido em algum lugar nos corredores do colégio, Baek desceu da carteira e caminhou até o garoto, o silêncio dos seus colegas fazendo o barulho de seus sapatos ecoarem pela sala. Ergueu uma mão ao rosto avermelhado do esforço e de vergonha, apreciando os olhinhos caídos agora um pouco arregalados com a aproximação espontânea, e segurou uma das bochechas, fazendo ali um carinho singelo com o polegar, antes de depositar um beijo inocente do outro lado, bem onde sabia que Yixing tinha uma covinha graciosa.

— Eu vou com você — disse baixinho, quase ao pé do ouvido, para só ele escutar.

E depois expulsou-o gentilmente para fora da sala e fechou a porta sem cerimônias.

Yixing pensou consigo mesmo que nem um exército de Chanyeols poderia arrancar o sorriso bobo que tinha fincado no rosto.


♥♥♥


É bem sabido por todos o quanto homens adolescentes, generalizando bastante, possuem uma pequena dificuldade em manter a higiene diária e os próprios odores em controle. E tudo bem, é uma fase. Mas, para Kyungsoo, esse era um fato totalmente desconhecido. Desde muito cedo, o garoto sempre gostou de se preocupar com sua limpeza e cuidados corporais. Talvez fosse da criação, uma vez que Baekhyun dividia a mesma obsessão por sabonetes, perfumes e cremes, e muitas vezes os irmãos chegavam a brigar pela posse desses cosméticos ou pela ocupação do banheiro, na época em que moravam em uma casa bem menos luxuosa. Portanto, era um pouco chocante o fato do garoto estar ali, na sala de dança do terceiro andar, despudoradamente se esfregando no corpo ensopado de Sehun como se sua vida dependesse disso.

— Kyungsoo... eu tô... todo suado... — o loiro tentou argumentar, a boca escapando da outra com muito esforço, porque o Do não parecia querer ceder-lhe nem um segundo de fôlego.

— Você disse: "gostoso"? Sim, tá sim. — o garoto retrucou antes de tornar a beijar Sehun.

— Nossa, — respirou fundo, segurando as bochechas de Kyungsoo para encará-lo melhor — se isso tudo é por causa da surpresa, na próxima eu trago a Mariah Carey em pessoa pra cantar pra você.

— Nem precisa, só me pega com vontade de uma vez.

Enfim... Pode ser que, em várias questões, Kyungsoo não se assemelhasse com outros adolescentes. Mas se tinha algo perfeitamente alinhado com qualquer cara de sua idade eram os hormônios descontrolados. Sendo assim, um sorriso deveras travesso cruzou o rosto do garoto antes que ele puxasse a gola da camiseta de Sehun para baixo, esgarçando o tecido para ter acesso livre ao pescoço longo e o torso definido que o havia deixado hipnotizado por quase um mês. A pele de Sehun tinha o mesmo cheiro de perfume caro e cigarros misturado com o suor que ainda recordava bem e que, curiosamente, não o incomodava em nada, e o garoto não resistiu a cravar os dentes naquela área macia, sentindo o sabor dele salgando sua língua. O loiro jogou a cabeça para trás, acertando o vidro polido com certa força, sem nenhum sinal de dor porque simplesmente estava gostoso demais.

Soneto 141Onde histórias criam vida. Descubra agora