Apoiei o antebraço no balcão vazio, esperando meu pedido. Já faziam alguns minutos que estava esperando, e aparentemente algumas pessoas foram passadas na minha frente.
Observei a cidade de Nova Iorque crescendo em frente dos meus olhos. Os prédios gigantescos e empresas diversas cobriam o céu nublado, e enchiam a visão de quem os fitava. A chuva estava eminente, então era comum ver os cidadãos caminhando com guarda-chuvas por debaixo do braço.
Eu, na pressa, acabei esquecendo de trazer o meu. Pressa esta que não adiantou muita coisa, já que pela demora da entrega do meu café, eu chegaria atrasado do mesmo jeito.
Em uma mesa à direita do balcão de atendimento estava sentado um casal – ou ao menos eu chutei ser um – de duas garotas. Uma possuía os cabelos negros e compridos, e tomava um capuccino. A outra, de cabelos cor-de-rosa, segurava um frapuccino grande na mão direita.
Suspirei em desânimo, me perguntando mentalmente se algum dia eu poderia estar como elas, assim como meus pais, compartilhando da companhia de alguém que me amasse de verdade.
Espantei os pensamentos melancólicos assim que verifiquei a hora no celular. Já passava das sete e vinte e seis da manhã, e eu ainda estava esperando.
Batuquei levemente as unhas sobre a madeira envernizada do balcão. A demora do meu pedido estava me consumindo lentamente assim como o sono impregnado em minha mente e em minhas costas doloridas.
Suspirei aliviado ao ver meu café sendo trago cuidadosamente por uma das atendentes que sorria em minha direção. Meus lábios se curvaram involuntariamente ao segurar o copo e sentir o calor sendo passado para minhas mãos.
A sensação era quase a de um abraço quentinho. Sorri com o pensamento, em seguida focando meu caminho para a escola. Saber que iria encontrar Wade novamente me embrulhou o estômago e me fechou a cara imediatamente. Ao menos eu teria um pouco de paz enquanto caminhava para o inferno.
Saí da cafeteria, com o café devidamente pago. Andei pelas ruas calmamente, como se nenhum problema existisse. As nuvens tão presentes se fechavam ainda mais, e as mesmas pessoas com os guarda-chuvas fechados, os abriam para impedir a água de cair sobre o corpo de cada um.
As gotículas pesadas ricocheteavam no chão, fazendo-me entrar em desespero. Estava começando a chover.
Corri para um toldo próximo, antes que me molhasse de vez. Suspirei pesado, olhando para a hora em meu celular novamente: sete e trinta e nove. Eu definitivamente não chegaria para a aula hoje.
Estava pensando e desisti, quando vi, por um milagre americano, Harry Osborn saindo de uma loja de roupas.
Com um guarda-chuvas.
-HARRY! - Gritei relativamente alto, tão alto que eu tenho certeza que o bairro inteiro ouviu.
Seus olhos se voltaram diretamente para mim, e em seus lábios brotou um sorriso travesso. Veio andando em minha direção, segurando o riso.
-Atrasado para a aula, Parker? - Brincou, tomando o café das minhas mãos.
-Pois é. Estava indo para lá agora, mas começou a chover e eu esqueci o guarda-chuva em casa. - Respondi, pegando meu café de volta.
-Você por acaso está se auto convidando para ir comigo? - Debochou, sorrindo.
-Se vossa senhoria permitir, eu ficaria lisonjeado. - Brinquei, arrancando risos do loiro.
-Vamos, tem aula de biologia no próximo tempo e eu definitivamente não quero perder. - Puxou-me para baixo da cobertura do guarda-chuva.
-Gosta de biologia? - Fiz uma cara de espanto misturada com nojo.
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Blue Heart, Pink Nails
RomancePeter Parker não era o tipo de garoto que dava o lado esquerdo do rosto quando alguém já havia esmurrado o direito. Fizera aulas de boxe em toda sua vida, aprendendo com seu pai, Steve Rogers, um antigo militar, agora mecânico de uma pequena loja em...