Santiago

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Um mês com o seu OTP

A Primeira Vez

"Autumn"

Capítulo Um: "Santiago"

By: H.K. Chase

 O ano era 2010, a data era vinte e um de outubro.

 Como de costume, as folhas secas se apossavam das calçadas e parques de Boston, e juntamente com as levemente gélidas rajadas de ar, conseguiam deixar o clima de Halloween um pouco menos "assustador".

  Majestoso como sempre, o Boston Public Garden estava tomado por tons desbotados de verde, vermelho e caramelo. As pessoas mais velhas se sentavam nos bancos e passavam horas e horas conversando enquanto as crianças chutavam as folhas secas caídas das árvores, – um método de divertimento tanto quanto duvidoso, se me permitem dizer – e lá estava eu entre as crianças, chutando folhas e rindo como se tivesse cinco anos de idade – O que eu posso te garantir que não era o caso.

  O que eu vou te contar é a história de uma garota de 16 anos que conheceu um carinha de 18, bem estilo clichê de filme americano, pois é, eu sei. O que acontece é que a garota, em certo ponto da história tem que fazer uma decisão muito importante e talvez, apenas talvez, ela tenha feito a escolha errada (SPOILER ALERT¹), mas isso vai depender do ponto de vista de cada um. Então se acomode na poltrona, coloque a sua melhor playlist de músicas românticas bonitinhas da Taylor Swift e não larga desse... (seja lá por onde você esteja lendo isso) até terminar, ok?

 A propósito, caso você não tenha percebido ainda... A garota da história sou eu, Savannah Griego.

  Eu imagino que você já tem uma ideia do porque a data ser tão precisa, não? Você deve imaginar que foi o dia em que a Eu de Dezesseis Anos conheceu o Carinha de Dezoito, mas não. Na verdade, eu conhecia o Carinha de Dezoito já faziam uns dois ou três anos, aproximadamente, e faziam uns dois ou três anos que eu tinha uma quedinha por ele, aproximadamente, é claro. Mas não era bem minha culpa, afinal, Noah Concordia Marsden era o tipo de cara por quem garotas como eu tinham quedinhas. E não, não é o clichê do Bad Boy e Nerd. Ele só era realmente muito lindo e, aparentemente, perfeito.

   Enfim.

 Enquanto eu chutava folhas como uma garotinha junto com as crianças, Noah observava o irmão mais novo junto com as pessoas que, bem, observavam as crianças brincando. O caçula era a cara dele desde aquela época, eles tinham os mesmos cabelos castanhos da mãe e olhos esverdeados do pai, e o sorriso, bem, os dois tinham o mesmo sorriso torto dos homens da família Marsden, que contrastava bem com o sorriso perfeito de Katheryn, sua mãe. Foi no dia 21 de Outubro que Noah e eu tivemos nossa primeira conversa de verdade, antes disso nunca havíamos tido um diálogo minimamente importante, então eu não conto nada daquilo como verdadeiras conversas, afinal nós trocávamos apenas alguns "Bom dia", "Oi" ou ele me ajudava com a lição de Matemática. Mas na verdade eu era ótima em Matemática.

 A conversa começou como sempre começava, com seu típico "Boa Tarde", mas dessa vez ele claramente segurava o riso – talvez pelo fato de que eu parecia ser mais infantil de que seu irmão – e eu segurava o riso também, mas era de nervoso mesmo. Eu o respondi com um aceno de cabeça e ele foi atrás do Mini-Noah, vulgarmente conhecido como Thommy Marsden, que carinhosamente, como toda criatura (digo, criança) de sete anos, riu dos resquícios de grama que tomavam conta do meu cabelo e roupas.

 – Moça, eu acho que seu cabelo 'tá meio verde... – disse em meio a risos enquanto segurava a mão do irmão, que tinha apenas o sorriso torto no rosto.

 – Ah, eu meio que percebi. – o respondi, rindo. – Obrigada mesmo assim.

 – Dá 'pra dizer que é um charme seu. – o menininho completou, não tenho certeza se foi de um jeito fofo ou de um jeito cruel, mas prefiro acreditar que foi de um jeito fofo.

 – Eu acho que seria o charme mais charmoso dos charmes, você não concorda? – brinquei, colocando a touca roxa afim de esconder um pouco o ninho que meu cabelo tinha virado.

 – Na verdade, ficaria ótimo. O verde até que combina com.... Hum... seus olhos? –  Noah finalmente se pronunciou, me olhando e então fazendo uma leve careta, imagino que talvez imaginando com o quê na minha pessoa verde poderia combinar.

 – Com meus olhos castanhos, Noah Concordia Marsden? Tem certeza? – acho que aquilo não soou tão leve e divertido quanto eu imagino que tenha soado, mas verde nunca foi a minha cor, muito menos a cor da Eu de dezesseis anos.

 – Tenho. Na verdade, não, – ele mudou de ideia – mas você deveria tentar. Você pode lançar a nova moda, Savannah Alguma-Coisa Griego. – E então ele sorriu, e o coração da Eu de dezesseis anos se derreteu.

 Eu não sei como foi/é com vocês, mas comigo, se apaixonar sempre foi um desastre, ainda mais quando foi minha primeira paixão – Noah. Era ele sorrir que eu me derretia inteira, uma troca de olhares e eu já imaginava nossa vida juntos. Bem ridículo, olhando tudo de ponto de vista completamente diferente hoje em dia.

 – Savannah Adelaine, e não é Griego.

 – Como assim "não é Griego"? – Noah perguntou.

 – Meu sobrenome, ele não é Griego. É... Santiago.

 Noah não comprou minha mentira, mas pareceu entrar na brincadeira ao que cruzou os braços e me encarou, as sobrancelhas arqueadas e o sorriso sarcástico nos lábios ressecados. Depois de alguns segundos de silêncio, ele voltou a se pronunciar:

 – Ah é, Savannah Santiago? – assenti. – Me corrija se eu estiver errado, mas eu acho que Santiago é sua amiga loira e você é Griego.

 – E o que te faz achar isso, Noah Concordia Marsden? – saboreei o fato de poder dizer seu nome em voz alta, geralmente quando falava de Noah não era diretamente com ele e quase sempre tinha que manter o tom de voz baixo.

 – É bem simples, na verdade. – começou. – Você não tem cara de Santiago. Savannah Adelaine Griego é o nome que combina com seu rosto e corpo, se encaixa perfeitamente para você assim como Noah Concordia Marsden se encaixa para mim. – concluiu, descruzando os braços para poder segurar a mão de Thommy.

 – Okay, é um bom argumento. – dei risada, fechando os botões do casaco amarelo. – Mas eu ainda insisto que meu sobrenome é Santiago.

 – Okay então, Santiago.— foi a vez dele dar risada, e de eu sentir um quentinho no coração. – Você não mora muito longe, né? – concordei. – Quer nos acompanhar até em casa?

  Eu não soube bem o que fazer diante daquela pergunta, acho que hoje eu provavelmente responderia um simples "sim" e, você sabe, vida que segue, mas para a Savannah de dezesseis anos tudo aquilo foi demais para apenas cinco minutos de conversa. Para ser completamente sincera, não me lembro com certeza absoluta qual foi minha resposta para aquela pergunta feita há quase oito anos, mas acho que foi algo assim:

 – Maséclaroqueeuqueroteacompanharatéemcasa. – engoli em seco e decidi que não seria tão fácil assim. – Sim. Pode ser.


AutumnWhere stories live. Discover now