Lar doce lar

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Cambaleando tonta e confusa a pobre garota assustada diminuiu seus paços ao mesmo tempo em que sua visão foi ficando turva .

Sua percepção de espaço e profundidade agora não existiam mais .

A única coisa que  ligava ela a realidade era um vulto magro e misterioso que agarrou-a antes que se chocasse com o solo de terra avermelhada do cemitério .

Após quatro horas inconsciente ela acordou com uma dor latejante no supercilio esquerdo. Ao fundo com um som típico de disco de vinil a musica "For Elise" tocava.

O teto baixo e de madeira pintada denunciou que o lugar onde ela estava não era nenhum dos cômodos de sua casa.

Um rangido alto veio direto da porta rasgando o silencio.

Os olhos de Lara se arregalaram e em um gesto rápido ela se cobriu ate metade das bochechas com o lençol florido.

Um homem barbudo, de cabelos brancos, olhos azuis e braços fortes passou raspando bem devagar pela fresta da porta e direcionou seu olhar ao machucado no rosto da menina.

Depois de três eternos segundos de silencio ele sorriu meio tímido e disse:

- Vejo que o corte começou a cicatrizar ...

A garota acenou delicadamente com a cabeça afirmando a fala do homem, porém ainda com medo continuou encolhida na cama sem dizer uma palavra.

O homem, percebendo que ela estava incomodada, saiu em direção a cozinha deixando a porta do quarto bem aberta. O que foi suficiente para despertar curiosidade na menina que levantou cuidadosamente tentando não fazer barulho e espiou o corredor certificando-se que ele ja não prestava mais atenção em seus movimentos.

A casa não lhe parecia tão grande porem havia milhares de portas que aparentemente não davam em lugar algum além dos três cômodos comuns , o quarto ,a sala e a cozinha .
Logo Lara foi cativada por um maravilhoso cheiro de bolo que infestava a casa.
Então uma voz grossa veio da sala :
- Espero que tenha feito café ! E o cheiro do bolo esta ótimo!
Estranhando a menina deu um passo para traz e hesitou em continuar, mas alguma coisa dentro dela fazia questão de ver o rosto de quem havia falado.
Se esgueirando pela porta ela observou. E la estava ele sentado em uma poltrona de couro velha com as botas sujas de lama apontadas para o alto.
Foi quando seus olhares se cruzaram e um tremor de medo percorreu todo o corpo dela, e sem saber o que fazer ela ficou paralisada ali o encarando.
Uma mão gelada pousou sobre seu ombro.
A voz do homem velho que havia entrado no quarto ecoou :
- Você e Jairacy já se conheceram, ótimo! Assim me poupa apresentações.
Com uma voz tremula a menina respondeu:
- An.. s-sim... mas ...eu ainda não sei o seu nome.
- Claro! perdoe-me, meu nome é Mateus.
- O meu é Lara. - ela respondeu olhando tudo a sua volta.
Meio confusa ela voltou seu olhar para Mateus e perguntou:
- O senhor sabe se  o que houve ontem, hoje... Antes ? Foi real?
Com uma expressão de preocupado Mateus saiu da sala.
Ela olha para o outro ainda sentado buscando alguma resposta.
- Não liga para o meu pai, ele sempre foi assim, misterioso e sombrio... E pode me chamar de Jay - ele responde levantando e indo atras de Mateus.

O que Foi EscondidoOnde histórias criam vida. Descubra agora