darkness

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Os lábios de Jeno se desgrudaram dos meus ao que uma doce voz chamou pelo seu nome. Nos viramos e demos de cara com um garoto, de sorriso grande e bonito, e lindas madeixas rosas. A confusão em mim era expressa por minha testa franzida e uma leve cara de trouxa - a que eu carrego todos os dias da minha vida.

- Meu Deus, Nono. - exclamou, já agarrado ao pescoço do meu namorado. - Que saudades!

Muitos ficariam se mordendo de ciúmes diante de uma cena dessas, entretanto, eu tinha uma auto estima extremamente baixa, e uma vontade insignificante de intervir. O menino agarrava o corpo de "Nono" e era correspondido numa mesma intensidade. Apenas me mantive afastado, um minúsculo sorriso nos lábios e o coração apertado.

- Jaemin! Quanto tempo!

Engoli minha vontade de chorar diante do rápido e bem aceito selinho que o recém descoberto Jaemin deixou no Lee. Sei que meu coração deveria estar inundado de raiva, mas apenas sentia tristeza.

Quando a pequena bolha de amor que os envolvia pareceu se dissipar, Jeno lembrou da minha existência.

- Jaemin, esse é meu... - Jeno me puxou para perto deles, hesitando um pouco antes de continuar. - Amigo, Huang Renjun. Renjun, esse é meu amigo de infância, Na Jaemin.

O peso em meu coração era grande demais para que eu ao menos reparasse na mão do Na estendida em minha direção para um cumprimento.

"Eu era seu amigo então... " - pensei, vendo o brilho agora doloroso do anel prata em meu dedo anelar.

- Então... - Jeno prosseguiu, vendo que nada sairia de mim agora. - Eu e Jaemin crescemos juntos, Renjun. Nossos pais eram grandes amigos, passávamos o dia todo grudados, até mesmo namoramos por um tempo, mas tivemos que terminar porque o tio Na recebeu uma proposta de emprego no Japão.

O sorriso luminoso em seu rosto machucava. Doeria bem menos se ele somente arrancasse meu coração com as próprias mãos e sapateasse sobre ele.

Mas não é como se eu pudesse me sentir assim tão magoado, afinal, como ele acabou de dizer, fomos reduzidos à apenas amigos. Eu não deveria exigir nada. Muito menos o culpar por algo. Jaemin era lindo, Jeno não deveria nem pensar duas vezes antes de cair nos encantos do rapaz recém chegado.

- E Jaemin, Renjun é meu colega de classe.

Namorado, amigo, colega...

O quanto iria demorar até eu ser reduzido a nada?

Minha descrição na vida dele me fazia parecer um figurante inteiramente insignificante. E era como eu me sentia de fato.

O tão demorado sorvete de menta que pedira refrescou minha memória de onde estávamos. Jeno havia me trazido na pequena sorveteria na esquina do colégio logo após o fim das aulas. Segundo ele, após uma semana inundada de provas, precisávamos de um tempo só pra nós dois. Pra ficarmos de chamego. Entretanto, aqui está Na Jaemin, roubando a cena.

"Calado Renjun, agradeça-o por ter aparecido!" - minha mente me dizia. - "Acha mesmo que conseguiria manter a atenção de Jeno e o fazer feliz com essa personalidade horrenda?"

Apertei o pote de sorvete ainda inteiramente cheio, totalmente avulso ao assunto dos dois ao meu redor.

- E... Eu... - minha voz saiu pequena, quase escassa, interrompendo o diálogo que se estabelecera ali e garantindo a atenção dos outros dois. - Está na minha hora, preciso ir.

he is back • norenminOnde histórias criam vida. Descubra agora