not a machine

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e você ai achando que a tristeza tinha acabado

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Desde bem pequeno, Chenle aprendera a sentir, mas nunca deixar transparecer.

Afinal, a vida não era difícil apenas para ele. Sofrimento nenhum que assolasse seu coração seria suficiente para se assemelhar ao de seu irmão do meio.

Durante o tempo no orfanato, ele também sofrera. Só ele sabia das noites em que abafava seus soluços no travesseiro já úmido, marcado por incontáveis lágrimas anteriores.

Crescera de maneira precoce, os traumas de seus irmãos, sobretudo Renjun, se espelhando em sua realidade. Ainda que fosse bem jovem, inocência e pureza nenhuma seria duradoura quando confrontadas com tamanhos infortúnios.

Ele e Renjun haviam passado 11 anos junto das outras crianças, sendo constantemente apresentados a novos pais que iam e vinham, e pareciam levar todos, mas nunca os dois.

Eram expostos como verdadeiras mercadorias.

No momento em que Sicheng fora embora, recém completando seus 18 anos, o caçula se sentiu na obrigação de crescer. Abandonou qualquer necessidade de diversão e assumiu uma pose mais séria. Sabia que precisava cuidar de Renjun, visto que o irmão nunca havia se recuperado de sua má experiência com os pais adotivos.

Qualquer tristeza ou lamúria pessoal ficava para segundo plano. Tomar conta do outro era a única coisa que importava. Ele havia moldado a si mesmo como uma espécie de máquina, que ignora os próprios sentimentos e se preocupa unicamente com os arredores. Sua única função era proteger e apoiar Renjun, apenas. Essas eram suas ambições de vida.

Contudo, nenhum ser humano consegue ser inteiramente mecanizado. Em um de seus livros, ele lera sobre uma tal Escola Administrativa das Relações Humanas. Ela prega que o importante ao ser em qualquer ambiente são suas condições mentais, e não físicas. Ainda que ele aparente estar bem por fora, é seu interior sensibilizado o que realmente importa, o que sempre virá a tona e não poderá ser escondido por muito tempo.

No momento em que Sicheng finalmente conseguira a guarda dos dois, e uma casa confortável para que vivessem, o alívio no peito do menor foi inconfundível. Ele não iria descansar na obrigação de cuidar do irmão, isso nunca, mas Sicheng seria capaz de proteger sua retaguarda e cuidar dos pontos que ele não conseguia. Além disso, seu coração ficava mais calmo apenas em viver em um ambiente familiar... Com sua família de verdade.

Só ele sabia o quanto era duro chorar todas as noites em um quarto que não lhe pertencia, com pessoas que desconhecia; precisar acalmar o irmão em várias ocasiões, dizendo palavras de conforto em que nem mesmo ele acreditava; ter que aguentar os olhares atravessados dentro do colégio público que frequentava; e decorrentes dúvidas dos outros alunos sobre quem eram seus pais, onde eles estavam.

Talvez fosse isso que mais doesse.

Ele sabia quem eram seus pais. Conhecia seus nomes e até mesmo o lugar em que moravam. Havia herdado o sobrenome dos dois, e ainda vivia com ele.

Mesmo depois de anos, a canção de ninar calma que a mãe lhe sussurrava toda noite ainda estava guardada em sua mente. O caminho arenoso que percorria junto do pai quando levavam o pequeno cachorro da família para passear. Ele poderia alcançar aquela estrada de olhos fechados, talvez sonhando e almejando encontrar no fim dela sua casa colorida em tinta azul, sua mãe no vestido florido que usava muito, o pai com o bigode engraçado e, sobretudo, seu irmão mais velho. Entretanto, ele sabia que aquilo nunca aconteceria.

Não passava de um sonho.

Por essa razão, ele nunca se atrevia a andar por aqueles lados, ainda que se recordasse muito bem como voltar para casa. Ele sabia, e temia, não ver mais nada ali, se não uma residência vazia. Não haveriam pais amorosos e muito menos um irmão brincalhão, porque eles o haviam abandonado. Aquela casa havia sido deixada para trás, assim como ele.

he is back • norenminOnde histórias criam vida. Descubra agora