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Abraço com força a pequena caixa e apoio a cabeça no vidro do carro. Faz mais de uma hora que estamos em uma estrada deserta. Não totalmente deserta agora, já que eu, o Albert e o Juan o motorista estamos marcando presença. Mas deixando essas detalhes de lado, não há nenhuma movimentação por aqui.

Pelo tempo que estamos nessa estrada em particular, deduzo que os únicos vizinhos do meu tio são apenas os portões e muros altos da própria residência. Parece que todos os adultos da família Fortier gostam de se isolar.

Falando nele, como será que o tio Ben está? A última vez que o vi foi no seu casamento. Isso faz o que? Oito? Nove anos? Considerando que somos parentes próximos isso faz muito tempo. Eu nem sequer me lembro o nome da noiva. Como ela se chamava mesmo? Era Catharina? Era...

- Chegamos menina, espere só um segundo - Olho para fora e logo vejo que estava certa. Lá estavam os portões e muros altos que esperava.

Assim que os portões são abertos nós entramos e sinto uma pontada de decepção. Minha casa podia não ser a mais agradável e receptiva do mundo, mas nós damos valor a botânica. Parece que a minha adaptação aqui vai ser mais difícil do que parece.

Quando finalmente chegamos a porta de entrada avisto um grupo de pessoas bem arrumadas para a minha recepção, pelos uniformes a maioria devem ser empregados. Mas uma delas eu reconheço imediatamente, não só pela roupa e acessórios. Os cabelos pretos, olhos verdes esmeralda e o rosto angelical. É sem duvidas a esposa do tio Ben, em outras palavras minha tia. Ela continua a mesma, parece que os anos não a afetaram tanto como eu pensei.

- Oh querida, você chegou - Diz a mulher vindo em minha direção assim que desço do carro. Ela não mudou nada mesmo, continua a mesma mulher linda e elegante. - Coitadinha, você deve estar tão cansada da viagem.

- Um pouco - Tento forçar um sorriso após o abraço, mas não sai como o esperado.

- Você trouxe pouca coisa. Ótimo! Compraremos novas! Podemos fazer isso amanhã se quiser, pois hoje você precisa descansar. Venha entre! Não se preocupe com as suas coisas, eles levarão para vocês.Vou lhe mostrar o seu quarto.

Eu hesito por um instante, não posso entrar sem me despedir, deixo a caixa no chão e vou até Juan que estava se preparando para ir embora e o abraço. Ele e a sua mulher são como um pai e uma mãe para mim,sempre que precisei de ajuda eles estavam lá. Sempre me ajudando quando estava triste, com duvidas, fazendo travessuras ou apenas querendo conversar mesmo. E ficar longe, mesmo que não seja por muito tempo dói. Eu poderia exigir que ele viesse e continuasse como meu motorista particular, mas séria muito egoísmo da minha parte fazer ele largar sua família para passar esse tempo comigo aqui. Afinal não é para sempre. Mas mesmo assim, me entristeço e a vontade de chorar é grande.

- Vou sentir sua falta - É claro que eu nem precisava dizer isso a ele, pois ele sabia.

- Não precisa se preocupar menina, não é por muito tempo - Assinto e me afasto pegando a caixa novamente- Vai lá com a sua tia, não se preocupe, nos veremos de novo. Agora eu preciso ir querida - Assinto novamente e fico olhando enquanto ele entra no carro e parte.

- Vocês parecem ser bem próximos -Quando me dou conta ele já havia partido e ela ainda estava ao meu lado. Fico um pouco constrangida ao ver que minha tia esperou tudo pacientemente e não disse nada, apenas respeitou o meu tempo. Isso foi legal da parte dela.

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