- Bom dia, a senhorita está atrasada - Diz um homem acendendo as luzes e abrindo as cortinas do quarto.
Abro os olhos com dificuldade e visualizo o mesmo homem ranzinza de ontem, vestindo o mesmo uniforme preto com um avental branco, a única coisa que mudou foram os brincos, pois a carranca mal humorada ainda está presente no seu rosto. Será que o seu humor ruim vai contagiar o meu?
- Bom dia... Ahn...Moço, que horas são...Exatamente?
- Agora são 7h02 em ponto e pode me chamar de Franklin. Por favor se aprece, se a senhorita não se apressar vai sobrar pra mim. Vista as roupas que estão em cima da cama.
- Tudo bem... Franklin, estou indo - Pego a roupa e vou correndo pro banheiro me arrumar. Eu queria tomar um banho antes, mas tenho medo de Franklin ter falado sério. O meu medo nem foi o seu alerta, na verdade foi algo entre a sua voz autoritária e a sua cara fechada.
Quando saio ele ainda está lá esperando e minha cama já está arrumada novamente. Ele pode ser até um pouco assustador, mas não posso negar que é eficiente.
Quando anúncio que estou pronta deixo ele me conduzir pelas escadas em silêncio em direção a cozinha para o café da manhã, eu acho. Conforme vamos descendo o silêncio entre nós parece me esmagar se tornando um grande incômodo. Preciso dizer alguma coisa, mas o que?
- Ahn...E...Ei Franklin.
- Diga.
- Posso te chamar de Frank? Ou Frankie? Sabe é mais amigável - Dou uma risadinha para deixar o clima mais leve - já que vamos conviver juntos aqui por um tempo eu pensei que seria melhor...
- Não, nunca gostei de apelidos - Olho para o seu rosto indiferente indignada com a chatice dele - Não precisa tentar ser minha amiga, sou apenas um empregado, não precisamos ser amigos.
- Ah...Desculpa, você deve ter razão - Não é como se eu pudesse força-lo a ser meu amigo mesmo.
Descemos mais um lance em silêncio, já que a minha tentativa mais cedo foi um completo fracasso. Parece que não chegamos nunca a essa tal cozinha.
Conforme vamos andando, começo a perceber que não estamos indo para uma cozinha, sala de jantar ou algo do tipo. Na verdade ele estava me levando para fora da casa.
Quando chegamos ao local, vejo a tia Carlota com um grupo de pessoas sentadas ao redor de uma mesa redonda de madeira e obviamente um deles é o tio Ben. O que é isso? Nós vamos fazer um piquenique no fundo do quintal?
Assim que chego perto o suficiente para me notarem, Franklin anuncia minha chegada. Como se isso fosse necessário. Já que todos estavam me olhando como se eu fosse um unicórnio de crista verde florescente, patas douradas, cílios azuis que veio voando magicamente de Marte, vomita glitter e canta Heavy Metal enquanto dança balé. Tá...Talvez eu tenha exagerado um pouco, mas é como me sinto no momento.
- Querida você está atrasada - Diz Carlota me tirando dos meus devaneios unicordais.
- Ah me perdoe, não vai acontecer de novo - Na verdade eu espero que não aconteça.
- Carlota deixa a menina - Foi a vez do tio Ben dizer algo - Íris como você cresceu! Nem parece que é o mesmo bebê que um dia eu peguei no colo - Ele diz como se não acreditasse nas próprias palavras - Mas ainda bem que cresceu.
- Obrigada - Eu acho, o que ele quis dizer com " ...Ainda bem que cresceu"?
- Ah deixa eu lhe apresentar as crianças - Ele faz sinal para eles se levantarem e começa a apontar um por um - Esse é o meu filho mais velho, Arthur. Esse é o do meio Gilbert. - Os dois murmuram um "Muito prazer" e se sentam novamente - Anne e Andrew são os caçulas.
- Nós somos gêmeos - Anne e Andrew dizem em uníssono e eu logo me simpatizo com eles.
- É um grande prazer finalmente conhecer todos vocês - Digo fazendo uma breve reverência e me sentando para comer com eles.
O café da manhã foi extremamente agradável. O tio e o Arthur estavam fazendo comentários tão divertidos. Nem me lembro mais da última que eu tanto a companhia de alguém.
- Está tudo muito bom, mas eu tenho que sair agora.
- E eu também - Diz o tio Ben se juntando a Carlota para deixar a mesa - Crianças, por que não passam o dia com a sua prima? Ah e aproveitem para mostrar a casa a ela.
- Tudo bem pai - Dizem em uníssono se levantando para me guiar pela casa.
- Vejo vocês mais tarde. Vamos querido - E os dois dão as mãos e saem juntos, me deixando sozinha com os seus filhos.
- Vamos Íris - Arthur chama a minha atenção para os acompanhar. Ele é um garoto alto, de olhos verdes claros e cabelo laranja cor de cenoura - Onde você ir primeiro?
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Íris
Teen FictionÍris narra a história de uma garota de 16 anos que se vê obrigada a morar com seus tios e seus quatro primos após sua mãe ser internada em uma clínica de reabilitação por dependência de álcool.