Buscar George não foi difícil. Ele era escandaloso e corpulento, logo eu o encontrei arrancando uma lata de comida da mão de um menino.
Por mais que meu sangue estivesse fervendo, ainda precisava saber onde estava as outras crianças, portanto, deixei que o velho seguisse seu caminho, o acompanhando distante.
Não era fácil me esconder quando metade da população das ruas me olhava torto. Queria ter Elane comigo, me escondendo deles, dos olhares maldosos como ela sempre fez. Por fim, nunca fui eu que a protegia do mundo, mas sim o contrário.
Finalmente George chegou em seu galpão que era tão velho quanto ele. Me aproximei lentamente e espiei entre as frestas da madeira.
Cerca de cinco crianças estavam lá dentro, suas roupas eram maltrapilhas e todas estavam sujas.
―Espero que já tenham feito o que eu mandei!―George gritou.
As crianças se encolheram.Um menino , tão magricelo quanto os outros, caminhou lentamente até George e lhe entregou um colar de pérolas.
―Só conseguiu isso hoje, trombadinha ?―Ele disse, arrancando o colar da mão do garoto.― Alguém vai ter que dormir sem jantar,para aprender uma lição!
O menino tentou protestar, mas George o estapeou no rosto e o garoto caiu no chão com um baque.
No mesmo instante eu fiz com que os pregos da madeira se soltassem, fazendo uma parte grande o suficiente cair para eu conseguir entrar no galpão.
Todos os olhares acabaram sobre mim e minha entrada nada singela. As crianças se encolheram um pouco mais na parede do fundo enquanto George me olhava incrédulo.
―O que você quer ?―Ele disse.
Eu sorri, ferozmente.
―Quanta audácia.―Ameacei dar um passo à frente, mas então percebi o tanto de metal que aquele nojento carregava nos bolsos.Deixei que tudo caísse no chão, se espatifando em uma absoluta desordem. ― Ops .
George se ajoelhou.
―Tenha piedade!―Ele suplicou.― Por favor, eu sou apenas um Vermelho tentando sobreviver!
―E escravizando crianças?―Eu rosnei.―Não é essa a Nova Norta que eu prometi que colocaria o meu nome e o da mulher que eu amo nas escrituras. ―Fiz alguns fios de metal da pedraria se enrolar em seus braços, o algemando. Encontrei uma corrente e a fiz se enrolar seu pescoço, o deixando lentamente sem ar.Dei passos largos até ele.― O que faz a essas crianças?
―Na..da.Nada.―Ele começou a dizer.Vi seu rosto se tornar uma bola cor de rosa e não consegui evitar o sorriso.― Eles rou..bam.Vive..mos assim.
―Não. Você bate nelas.
―Des...culpe.
―Ah não, não se desculpe para mim. ―Eu o girei para as crianças no fundo do galpão.―Peça perdão a elas.
―Me..perdoem.
Apertei mais a corrente.
―Sabe,George.―Ele pareceu surpreso por eu saber seu nome.― Eu aprendi muitas coisas com a mulher que eu amo. Em especial sobre compaixão, empatia e principalmente sobre justiça.
Seu rosto foi ficando roxo. Soltei um pouco o aperto.Eu queria aproveitar aquele momento até o fim.
―Eu vou levar as crianças daqui. Elas estão sob a custódia do governo provisório de Norta,liderado por Diana Farley.
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No meu sangue- Fanfic Evangeline e Elane
FanfictionUm ano se passou desde que a guarda escarlate derrubou a monarquia. Evangeline e Elane agora vivem em Montfort ,mas visitam Norta com certa frequência, já que prometeram a Diana Farley que ajudariam os vermelhos a reconstruir o local. Elane se acost...