Capítulo Único

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Catra iria matar Scorpia.

Ela já tinha o plano completo em mente: Catra iria enganá-la para que Scorpia seja atraída para um lugar vazio e escuro para que então, Catra finalmente possa cortar sua garganta apenas com suas unhas.

Mas, Catra não era tão maldosa. Mais ou menos, para falar a verdade. Ela ainda queria a sensação da pele de Scorpia sob suas unhas toda vez que ela pensava na moça. E ela estava pensando muito nela naquele momento, como uma forma de distrair seus pensamentos de sua situação atual.

Do outro lado da pequena caverna – da minúscula caverna, de acordo com Catra – estava Adora, em toda sua graça de uma mulher de três metros de altura com cabelos loiros e sedosos. Catra detestava sua forma She-Ra. Ela detestava o que aquilo significava para a relação que ela costumava ter com Adora.

Adora – ou She-Ra, tanto faz – segurava sua espada com determinação, a golpeando contra as pedras que bloqueavam seu caminho para fora da caverna. Ainda estava um frio intenso mesmo com a saída bloqueada. Catra também detestava o frio, e aquilo a fez pensar que havia muito mais que ela odiava do que gostava.

"Pode parar, princesa. Não vamos sair daqui tão cedo." comentou Catra, abraçando seu próprio corpo perto de onde ela mesma já havia tentado remover as pedras com suas próprias unhas. Se a gloriosa e invencível She-Ra não era capaz de tirá-las dali, não havia nada á se fazer. Catra quase queria rir de amargura.

Ela estava com o corpo meio virado para a direção contrária da garota. Catra não queria vê-la agora. Na verdade, Catra não queria ver Adora nunca mais. O sentimento conflito em seu peito não valia a pena. Adora não deveria valer a pena, então Catra não entendia porque tudo em si queria continuar indo atrás dela. Adora havia a abandonado e se juntado aos inimigos. Não havia por que continuar correndo atrás de alguém que não se importava com ela tanto quanto Catra se importava com ela.

Catra ouviu o som da espada atingindo o chão. Ela ficou tentada a olhar sobre o ombro para ver o que Adora estava fazendo, mas ela lutou contra a vontade. Quanto mais longe ela ficasse de Adora, o melhor. Logo Scorpia e Entrapta a encontrariam e tudo ficaria bem de novo. Catra esperava.

Ela esperou, por assim dizendo. Ela esperou, esperou e esperou e percebeu que talvez ninguém estaria vindo para salvá-la. Adora a salvaria, nos velhos tempos. Mas agora Adora estava do outro lado da caverna com a cabeça em pessoas que Catra odiava. Então Adora que se dane.

Era difícil saber quanto tempo havia se passado. Catra estava se sentindo sonolenta á medida que sua adrenalina deixava o corpo. Ela já havia desistido de tentar sair daquela caverna á muito tempo, mas de tempo em tempo, Adora pegava aquela espada e ficava arranhando as pedras com ela. O som estava irritando Catra, e ela tinha certeza que Adora estava ignorando seus sibilos toda vez que ela começava a bater inutilmente naquelas pedras.

Catra tinha muitos problemas atualmente. Mas o principal naquele momento era o fato de que se ela ficasse mais um pouco naquela caverna sem camadas extras de tecido, ela iria congelar. Ela mal conseguia mexer os dedos, e o som de seus dentes batendo se tornou uma trilha sonora. Catra nunca odiou tanto sua escolha de roupas quanto agora.

Ela decidiu cruzar os braços sobre o peito e esconder as mãos em uma tentativa de mantê-las aquecidas. Spoiler: Não estava funcionando nem um pouco. Catra voltou ao problema inicial, aquele de ela querer matar Scorpia assim que arrumasse um modo de sair daquele lugar.

Catra estava planejando como iria assassinar sua amiga após esta ser a razão de ela encontrar-se naquela situação quando ela sentiu algo ser colocado sobre seus ombros. Parecia terrivelmente com um tecido, e levou um segundo para Catra identificar a coloração avermelhada para ela desvencilhar da jaqueta; pulando para outro canto da caverna em segundos enquanto sibilava como se estivesse fugindo de um perigo.

mended heart ✧ catradoraWhere stories live. Discover now