To The Moon

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Exatamente naquela noite, o tempo estava extremamente úmido, e aquela pequena criança preferia pensar que as pequenas fadas existentes em seu mundo estavam jogando água em todas as plantas do local, incluindo as grandes árvores da praça luminosa na maioria das regiões, fazendo com que o ar absorvesse a umidade da água gélida derramada por elas.

Zachary era um garoto extremamente sorridente, preocupado, devidamente atencioso, e muito delicado. Mesmo tendo apenas os seus 9 anos, Zach, como preferia ser chamado, sentia uma necessidade enorme de cuidar das pessoas, e possuía um carinho enorme por cada uma daquelas que sorriam para ele.

Enquanto pulava nas pedras escorregadias que traçavam um caminho para o topo do não tão grande monte, ele gostava de imaginar o quanto alguém deveria ter usado sua força e amor em seu trabalho para deixar aquelas lindas pedras polidas daquela maneira, ou talvez, imaginar o quanto alguém usou sua magia para levantar aquelas pedras com apenas pó mágico e colocá-las ali, em perfeita harmonia por um longo caminho até onde ele gostava de ficar em noites como aquela.

Chegando ao topo da colina, ele se encaminhou para seu lugar de sempre, para observar a lua mais de perto, um pequeno espaço em baixo de uma árvore que era estranhamente confortável, pouco antes de se sentar, ele gostava de explorar o local, tentando ver se alguém como um pequeno pássaro precisava de sua ajuda para por exemplo voar novamente. Naquele dia, nada.

Talvez tudo estivesse perfeito, até ele se se encaminhar para o seu local de acento, segurando seu cobertor por cima dos ombros, e ver uma garota lá: chorando, abraçando os próprios joelhos, encostada na madeira gelada e vetusta, o cabelo bagunçado como se ela estivesse lá a algum tempo.

Ele se sentou ao seu lado, a cobrindo com o lençol que era devidamente cheiroso e macio, e a abraçou de lado, se aconchegando ao lado dela, também se enrolando com parte do cobertor. Ela o encarou, o nariz vermelho por conta do choro e do frio, e então, deitou a cabeça em seu ombro. Fungou.

— Me chamo Emma. — a garota mencionou depois de um tempo, com uma voz doce e maviosa, uma voz que o outro nunca havia ouvido na vida, e estava, sinceramente, hipnotizado. Ele estava assim por tudo que aquela garota era, ela lhe dava... curiosidade.

— Zach. — ele pensou que ela se levantaria para olha-lo, ela não o fez. Ela tinha um cheiro tão suave quanto toda ela, não era difícil sentir um cheiro de amoras em seu cabelo.

Um silêncio quase desconfortável no local, porém, a presença deles era o suficiente, a deles e a da lua.

— Eu sonho em ir para a lua um dia, você não?

— É, eu também — ele murmurou sabendo que se apenas concordasse com um gesto, ela não veria, por estar olhando a lua ao invés de seu rosto.

— Estava frio aqui.

— A lua nunca fica bonita assim sem um porém, eu acho — ela se levantou um pouco o jogando um olhar de curiosidade, então a mão dele deslizou na lateral de seu braço até cair em cima da menor mão, o que atraiu a atenção dos dois. Ela segurou em sua mão, fazendo um leve carinho, e ambos prosseguiram olhando para o contato.

— Acho que tudo tem um porém, Zach. — foi a vez da menina se pronunciar, e ele pensou bem antes de responder.

— Acho que não existe porém para o amor. — disse, convicto de sua resposta.

— Acho que nem todas as pessoas podem ser amadas. — fungou mais uma vez.

— Você pode ser amada, Emma. Qualquer pessoa pode ser amada, eu te prometo isso, okay? Tudo é possível, até irmos a lua.

— Você também promete isso?

— O que?

— Que iremos a lua.

— Eu prometo.

— Zachary? — uma voz mais velha foi ouvida, e então, a menina se assustou, correndo dali se escondendo em algum lugar. Era tarde demais para correr atrás da garota, então ele apenas se levantou, olhando para onde ela tinha ido, e dando às costas ao local especial, indo atrás de sua mãe, que provavelmente o chamara por causa do horário tardio.

No dia seguinte, no mesmo horário, eles se viram de novo, e assim se prosseguiu por um mês inteiro. Emma contou um pouco sobre sua história para Zach, o qual começou a levar lanches para a garota frequentemente, juntamente também levando o carinho que a cada dia apenas crescia pela menor. Ela dizia sair de casa durante a tarde e só voltar quando o sol voltasse a nascer, pelo motivo de que que seu pai era violento, e ela não gostava de permanecer em casa quando ele estava lá.

Eles amadureceram juntos depois dali, por alguns anos eles eram inseparáveis, até Zach completar os seus 14 anos, e precisar se mudar. A notícia a qual mexeu muito com o psicológico da pequena Emma.

— Emma? — a voz inocente de Zach ecoou pelo local assim que ele pisou pela última vez no fim da trilha de pedras, a noite estava nublada, dando indícios de que choveria logo, que segundo o Zach de alguns anos atrás eram lágrimas de alguns anjinhos, que choravam por algum motivo especial.

Silêncio. Zach não ouviu a resposta de Emma aquele dia. Por mais que a garota fosse calada, ela costumava o responder, o que o preocupou. Apressou-se então com seus passos até ver a garota de longos fios ruivos na beira do penhasco.

Eles se olharam, um olhar que ele se lembrava de ter visto a 5 anos atrás, um olhar tristonho e frio, onde um paraíso dentro dele insistia em se esconder atrás de lágrimas que tentavam não cair, com medo de ser destruído por tamanha maldade existente naquele mundo não bondoso para todos. Ele não era tão inocente a ponto de saber no que ela estava pensando, no que ela queria fazer.

— Eu Te Amo. — ela disse com uma voz chorosa, pouco antes de olhar para frente respirando fundo, e colocar um de seus pés para fora da colina.

Foi naquele momento que Zachary deu tudo de si, correndo até Emma e segurando seu braço, a puxando de volta para terra firme, ele a puxou com tanta força que ambos caíram no chão, ela por cima dele, ele debaixo dela.

Então, ela desabou, deixando todas as suas lágrimas caírem no peitoral do garoto que estava com o rosto vermelho de tanto medo, então ele a apertou, a apertou como nunca, chorando também. Chorando como se a única coisa que precisasse para a sua vida inteira estivesse em seus braços naquele exato instante, e como se não quisesse perdê-la nunca.

Eles se beijaram naquela noite, ambos chorando, sentindo o amor que amadureceu junto com eles, junto com aquela velha árvore e aquela velha lua, florescer.

— Meus pais podem te adotar. — era a voz chorosa dele.

— Seríamos irmãos, então.

— Eu sempre vou te proteger, mas não consigo te ver como uma irmã, você sabe bem o que temos. São só alguns anos até nos tornarmos de maior! Nos casaremos, teremos a melhor família de todas, como você sempre quis!

— E você e eu iremos para a lua?

— Iremos para a lua, Emma. O nosso amor irá nos levar para a lua juntos, nem que essa seja a minha única missão em toda a minha vida.

— Eu sempre vou viver por você, Zach.

— Eu sempre vou viver para amar você, Emma.

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