Capítulo 3

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Me sinto um zumbi ao levantar. Talvez não devesse ter ficado até tarde lendo, só talvez. Pensava na Anna. Ela até que é divertida, não conseguimos conversar muito, mas quero muito ser seu amigo. Tenho um fraco para pessoas quando descubro que elas gostam de anime.

Isso me lembra ano passado. Eu estava na fila de um evento geek acompanhado de Giovanni. Eu usava um cosplay de casal com a Vevê - ela, por motivos de prova, chegou apenas mais tarde. Havia cortado meu cabelo e o tingido com spray vermelho, pois ocorreu um problema com a peruca. Enquanto eu e Giovanni conversávamos, as pessoas a nossa frente falavam de "Murasaki Shiki Ride" e eu, automaticamente, me virei para eles e gritei:

"VOCÊS GOSTAM DE MURASAKI SHIKI RIDE?!"

Esse foi o início de minha amizade com Isadora, uma amiga que tenho grande consideração e que, infelizmente, mora em outra cidade - próxima, porém, não podemos sair constantemente.


De volta a rotina, parece que o Leandro voltou de viagem. Merda. Eu gosto dele, mas nossos pais têm um acordo de carona: eles me levam de manhã e na hora da saída, meus pais o levam para casa. É horrível ficar pronto no ritmo alheio. Se bem que ele é da Anna, então pode ser útil de algum jeito. Eu sou muito babaca, socorro.

Vou falar com Anna sobre minha leitura.

"Comecei a ler Grape ontem"

"Ah, boa. O que achou? Está em que capítulo?"

"Gostei bastante. A trama me agrada muito. Eu estou no capítulo 17 e-"

"CARALHO, MAS JÁ?", ela diz me interrompendo.

"É... Eu até teria terminado, mas estava tarde e fiquei com sono"

"Meu Buda. Você é muito atoa"

"OW, ofensivo. Eu leio só no meu tempo livre, que no caso foi só a noite"

"Atoa!", ela diz com um tom de deboche e começamos a rir.

O sinal do início das aulas toca e então volto para minha sala.

Na hora do intervalo, Diego - um amigo de minha turma com quem estudo junto desde o sétimo ano, mas em algum ponto do ano passado ele foi para classe A - me chama:

"Ei Daniel, tenho que lhe apresentar um pessoa"

"Okay", digo relutante, pois vindo dele, coisa boa não é.

Vamos até o primeiro lugar na parede da janela. Lá está sentada uma garota de óculos, seus cabelos são longos, escuros e lisos, sua pele é muito clara, seu olhar remete ao de uma pessoa bem tímida. Ela é bem bonita. Parece ser baixinha, não tenho certeza devido a postura na qual se encontra, espero que seja - zoar baixinhas é uma arte cuja beleza é apreciada por poucos.

"Então Daniel, essa é a Verônica. Ela também gosta de animes, mangás e essas coisas", diz Diego.

"Prazer, sou o Daniel"

"Oi", ela responde.

Diego retoma a palavra, "Eu tinha emprestado meus mangás de 'Kyoto Onis' e ela gostou. Você poderia deixar ela ler seu volume 3?"

"Ah, claro! Amanhã eu lhe entrego, tudo bem?", digo olhando para ela.

"Sério?! Muito obrigada", ela diz com uma mistura de timidez, entusiasmo e muita fofura.

Despeço-me e saio da sala. Diego me segue e diz:

"Eu devia ter avisado antes né? Do nome dela."

"O que? Não. Relaxa. Eu e a  Vevê estamos relativamente de boa e, além disso, não é como se ela fosse a única pessoa chamada 'Verônica' no mundo", eu o respondo.

"Então está tudo certo", ele volta para sala.

As Crônicas de VerônicaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora