Capítulo 5

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A verônica demora muito para ler um mangá, ao menos duas semanas - se for rápido. Não conversamos muito mas ela até que é divertida, sempre a vejo estudando a tarde na cantina.

Estou na escola a tarde lendo "Guru Queen" pelo celular antes de dar 14:10 - horário do apoio, ou no meu caso de começar a estudar(não sou muito fã de apoios). Verônica está na minha frente, chega em uma parte triste e eu começo a chorar, ela se desespera.

"Ei, você ta bem..?", ela diz bastante preocupada.

"Sim sim, é que eu estou numa parte triste", digo enquanto viro o celular para ela.

"PORRA. QUE SUSTO. Não acredito que você ta chorando aqui do nada por mangá", ela fala com um tom de alívio e raiva.

"Eu sou uma pessoa sensível poxa"

"E eu não lido muito bem com pessoas chorando"


Dois dias depois, quinta-feira, estávamos na escola à tarde estudando. 

Uma pessoa da outra turma chega para tirar dúvidas de matemática conosco -  a prova é sábado - e nós a ajudamos.

"Poxa, como esperado da filha do Cláudio"

No momento que eu escuto isso, eu automaticamente viro em direção à Verônica com uma expressão de espanto e lhe digo:

"VOCÊ É FILHA DO CLÁUDIO?! O QUE?", e um pouco mais baixo digo a mim mesmo "Como eu só estou descobrindo isso agora?"

O Cláudio é, se não meu professor favorito, um dos meus professores preferidos, isso é meio que um choque. Por sinal, vou ao apoio dele com um único intuito: pedir pra ele explicar um conteúdo do 2º Ano(Números Complexos), assim como meu irmão fez na época de primeiranista dele

"Eu não saio espalhando que ele é meu pai. Mas obviamente há gente que sabe e fica falando por ai", após isso ela me dá um soco e continua "Agora de volta aos estudos"

Algumas horas depois, perto da hora que costumamos ir embora Diego vem nos irritar e por acidente derruba água nas folhas de Verônica. Ela ficou extremamente puta e foi embora e disse para deixar as folhas ali para secarem.


Sexta-feira. Cheguei meio atrasado, mas consegui entrar para primeira aula. 

No meio da aula eu viro para a Verônica para fazer um comentário, porém ela não me escuta e parece procurando algo no fichário. A expressão em seu rosto mudou gradativamente entre o preocupada de "eu não sei onde isso está" para um desapontamento de "eu sei onde está, mas eu não posso ir pegar".

"As folhas...", ela diz a mim com um tom melancólico e de auto repressão.

"O que têm elas?"

"Eu deixei elas aqui ontem, lembra?"

"Ae!", eu tinha esquecido completamente de ontem a tarde. "É só pegar na hora do intervalo, não?"

"É. Se não fosse o fato de que em alguns minutos vão limpar lá e não tem como eu sair agora a ir pegar"

"Tá, você tem um ponto", depois de alguns instantes pensando. "Já sei, eu boto meu celular pra tocar agora, o Geraldo me tira de sala, nisso eu aproveito e pego as folhas. GG"

"Eu não vou deixar você ser tirado de sala por minha causa, principalmente de propósito. Você é idiota?"

"Sim e você já me conhece a tempo o suficiente pra saber disso. De toda forma, não vai fazer muita diferença, eu nem to prestando atenção, é aula do Geral-", observo atentamente para o professor com um olhar curioso seguido de um sorriso animado. Então, completo minha frase "do"

Ela me olha com um olhar desconfiado e relutante. "O que você pensou dessa vez?"

Eu levanto minha mão. Geraldo pausa sua explicação sobre o sistema capitalista - embora a aula fosse de biomas do mundo - e olha para mim, peço para ir beber água - mesmo que fosse a primeira aula e a direção pede para os professores não deixarem os alunos saírem para beber água ou ir ao banheiro nesse horário - e ele deixa sem se importar e volta para sua "explicação".

Vou até a mesa onde a Verônica deixou as folhas, pego-as, bebo água e volto para a sala.

"Aqui suas folhas", eu entrego com uma calma imensa como se fosse a coisa mais normal do mundo(não era) - eu acreditava fielmente que não ia dar certo.

Seu olhar incrédulo com a situação é tão fofo. "Obrigada, obrigada, obrigada. Eu ainda não estou acreditando que você realmente fez isso"

"É... Sou desses. Tudo pelos amigos, não?"

As Crônicas de VerônicaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora