O Fim e o Recomeço

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Giovanni acordou num beco vazio e escuro da cidade de Florença, fora isso, não fazia ideia de onde estava, havia sangue escorrendo de sua cabeça, e ele sentia como se o mundo estivesse girando. Então, levantou-se e começou a caminhar. Pra onde? Não fazia ideia, mas sabia que tinha que encontrar as pessoas que haviam matado seus companheiros. "É verdade, meus companheiros estão mortos", pensou Giovanni, e sentiu o mundo desabar em cima de si, atirou-se ao chão e começou a chorar. Pensou em pegar algo para se bater e tirar sua vida ali mesmo, mas não tinha nada, então, disse para si mesmo:

-Me matar? Não tem sentido nisso. Eu vou matar todos eles, um por um, e garantirei que todos tenham as piores mortes possíveis!

Então levantou-se com um olhar possessivo, enchugou as lágrimas e voltou a caminhar. Suas pernas estavam sem forças, mas continuou mesmo assim, cambaleando pelas paredes. Quando dobrou a esquina do beco, avistou uma mulher carregando uma cesta de pão consigo. Ele a chamou e ela veio. Ela ofereceu um pão à ele, e perguntou se queria que ela o levasse até sua casa, para tratar os ferimentos, Giovanni aceitou de bom grado.

Ao chegar na casa da moça, ela abriu espaço e o pôs em sua própria cama, deitou-o e trouxe uma bacia com um pano limpo dentro dela, e começou a limpar os ferimentos. Ela perguntou o que havia ocorrido, e Giovanni disse, com tom sedento de sangue:

-Meu companheiros foram mortos e eu fui jogado naquele beco imundo, onde você me encontrou.

-Você está com um ferimento muito grande na cabeça, deve ter levado uma bela pancada.- disse a moça com um tom de ironia para quebrar o clima pesado que ali pairava.

-Sim! De fato eu levei uma bela de uma pancada.

Ela terminou de limpar os ferimentos e foi buscar outros panos limpos para enfaixá-lo. Depois de ter cuidado de todos os ferimentos, a moça se dispôs a lavar as roupas de Giovanni e preparar algo para ele comer. Giovanni estranhou tamanha disposição para ajuďá-lo, afinal, quem ajuda uma pessoa que nem ao menos sabe o nome de tal maneira?

-A propósito, meu nome é Ana, vivo sozinha nessa casa, meus pais morreram e deixaram de herança para mim. Não vá embora, seria estranho para a sociedade ver um homem saindo da casa de uma mulher solteira, ainda mais quando esse homem é casado.- disse a moça.

-Como sabe que sou casado?- perguntou Giovanni.

-Seu nome é Giovanni, eu te vejo passar por aqui todos os dias com sua mulher e filha, para fazer compras na feira, por que acha que eu te ajudei? Sua mulher é uma amiga minha, ou pelo menos era.

-Desculpa, nunca havia notado-lhe. Espera! "Era"?

-Você não está sabendo? Sua esposa e filha estão...

-Estão o quê? Termine sua resposta!

-Vamos mudar de assunto, aqui está sua comida, coma antes que esfrie, depois voltamos a falar disso.

-Tudo bem, estou com muita fome.

Após Giovanni ter comido, Ana entregou-o umas roupas que eram de seu pai, mostrando-lhe o caminho até o banheiro.

-Eu preparei um banho para você, após terminar, troque suas roupas e me entregue as que está usando nesse momento.- disse Ana.

Giovanni entrou no banheiro e continuou pensando no que Ana havia dito. O que será que acontecera à sua esposa e filha enquanto estava desacordado? Preferiu deixar de lado por enquanto e aproveitar seu banho. Após sair do banheiro, fez como Ana havia dito-lhe, entregou as roupas sujas à ela e vestiu as que havia recebido. Ana pediu-lhe para sentar-se na sala e esperar por ela, Giovanni o fez, foi para sala sentar-se e esperar por Ana. Ela voltou depois de um tempo e Giovanni pediu para ela terminar o que havia dito.

-Olha, já faz um dia, sua casa foi incendiada por bandidos com sua esposa e filha dentro. Elas estão mortas...- disse Ana, chorando.

Giovanni não aguentou, caiu em lágrimas. Seus companheiros e agora sua esposa e filha? O que mais ele poderia perder? Giovanni levantou-se, agradeceu e foi embora rumo à sua casa. Chegando lá, ele viu os destroços e que havia sobrado da casa, ou seja, nada. Giovanni chorou silenciosamente, dobrou seus joelhos para pegar a foto de sua filha que estava jogada no chão e limpou-a. O mundo havia desabado para Giovanni naquele momento, havia perdido tudo que tinha, tudo que mais amava, havia perdido o rumo, o sentido de viver, então, pegou uma faca e tentou se matar, mas ouviu uma voz dizer "papai, não faça isso!", Giovanni se assustou e levantou-se na hora. Seria sua filha Serena? Não, impossível, ela estava morta, e não havia mais ninguém por ali, Giovanni não aguentou e começou a chorar. Então disse para si mesmo:

-De novo isso? Mais uma vez tentando me matar? Quer saber? Que se dane! Não vou mais chorar, não vou mais me lamentar, minhas lágrimas não vão trazê-las de volta.

Giovanni encontrou um crachá em meio aos destroços, pegou-o, limpou-o, e leu:"Anto Reis". O coração de Giovanni acelerou como nunca naquele momento, ele sentiu uma onda de tristeza e ódio correndo por todo o seu corpo, então, levantou-se, olhou para a foto da filha, e jurou vingança sobre aqueles que desgraçaram sua vida.

A Vingança de GiovanniOnde histórias criam vida. Descubra agora