Hogsmeade - Jily

Ele fez o pedido

Uma semana se passou. Na segunda-feira de manhã, James não apareceu no café e nem na aula de Transfiguração. Lily estranhou, mas achou que ele ainda não tinha acordado, perder aula não era algo inédito para o Maroto. Mas quando ele não compareceu na aula de Feitiços, a ruiva achou suspeitou que tinha algo muito errado. Ele sempre dizia que queria aprender todos os feitiços possíveis para lutar contra Você Sabe Quem e seus seguidores.
— Sirius, onde está James?
— Ele já não estava no dormitório quando eu acordei. Também não o vi no café.
— Lupin, você sabe dele?
— Não o vi, Lily. Daqui a pouco ele aparece.
A garota não percebeu, mas os dois trocaram um olhar cúmplice.

Na terceira aula da manhã, História da Magia, James ainda não tinha aparecido. Mas havia um pergaminho em branco na mesa habitual da Lily.
— Esse é o Mapa do Maroto que vocês falaram? — ela perguntou, mais para Lupin que para Sirius, porque este estava ocupado demais beijando Marlene.
— É. Você só precisa dizer "Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom" e tocar no mapa com a varinha.
Lily o fez, imediatamente, linhas de tinta começam a delinear as seguintes palavras:

Os Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinha e Pontas, fornecedores de recursos para feiticeiros malfeitores, têm a honra de apresentar:

O MAPA DO MAROTO

Lily não conseguiu deixar de sorrir. Então se tornaram visíveis todos os detalhes dos terrenos e do castelo, além dos pontinhos minúsculos que se movem junto com pegadas, representando as pessoas que se encontram dentro e fora de Hogwarts.
Ela examinou todos os nomes. A maioria estava dentro das salas de aulas. Mas o pontinho de James Potter não, ele estava no Salão Principal.
     — O quê eu faço? — ela olhou para Lupin, já adivinhando a resposta.
     — Siga James.

     Ela entrou no Salão Principal sem prestar qualquer atenção no Mapa, afinal, ele deveria estar lá. Mas não estava. A única coisa diferente que havia no lugar era um lírio branco em cima de uma das mesas.
     A garota sorriu, se aproximando para pegar a flor e um cartão que estava junto dela. Nele, a letra cursiva de James dizia:

     Evans, meu lírio, minha ruiva.
     Você é tão assustadoramente perfeita para mim. Eu amo cada detalhe seu. Sua voz quando fica envergonhada, a cor de suas bochechas quando fica com raiva, a intensidade dos seus olhos quando está gritando comigo.
Venha comigo. Vou te mostrar as pequenas coisas em que eu reparo em você. Todas as minúsculas coisas que eu amo em você.
Porque, Lily Evans, eu estou desesperadamente apaixonado por você.

Ela sentiu vontade de chorar, de gritar de alegria e, principalmente, de beijar James Potter. Então, continuou seguindo o pontinho dele no Mapa.
Ele estava na biblioteca. Achou que ele tinha se encurralado, mas, quando chegou, viu o ponto dele saiu por uma porta lateral. Ela encontrou outro lírio e outro cartão em uma das mesas.

Sinto muito em fazer você perder aula por causa disso. Sei como leva a sério os estudos, e isso é outra coisa que amo em você. Amo o jeito com que você se preocupa com tudo, como gosta de tudo organizado, como gosta de ler. Amo a sua forma de tentar ser a melhor: através dos estudos. Mas saiba, para mim, você é a melhor em tudo. A mais inteligente, a mais linda, a mais corajosa, a mais teimosa. Seu nome deveria ser adjetivo. "A mais Lily Evans" .
São só algumas coisas que eu amo em você. Há muitas, inúmeras, incontáveis.

Ela guardou o segundo cartão em seu bolso e pegou o lírio na mão, o segurando junto com o outro. Abriu o Mapa novamente. Dessa vez, ele fora até o jardim. Estava perto do Lago Negro.
Teve que procurar muito até achar outra flor branca. O lírio estava no lugar onde ele a tinha beijado, certa vez. Nem muito escondido, nem muito à vista.
Eu também amo a forma com que você se preocupa com seus amigos. Como os defende, como é leal. Você, Lírio, é uma das pessoas mais leias que já conheci na vida. E tenho muita sorte de te ter ao meu lado. Todos os que convivem com você têm sorte de te ter na vida. Até os mais chatos, como Snape. Você faz algo bom surgir mesmo na mais maligna pessoa. Seu sorriso é capaz de parar guerras. Mas seu olhar pode causá-las. Você é intensa por inteiro. E essa é só mais uma das coisas que amo em você.

     Ela pegou o terceiro lírio e o cartão. Observou o ponto de James, que agora estava em uma das masmorras.
     Andou até lá e observou o pontinho do Potter dar a volta e subir as escadas. Lily o seguiu, apreensiva. Finalmente, achou uma flor e um bilhete em uma das escadas.

     Meu Lírio,
     Esse é o penúltimo bilhete. Eu sei que vai guardá-los com carinho. E isso é outra coisa que eu amo em você. O seu amor imenso. Eu sei que meus trocadilhos são ótimos.
     Eu amo o jeito que você revira os olhos para mim, amo o jeito que insiste em fazer o certo, amo o jeito que você é. Simples assim. Eu tudo em você.

     Ela estava chorando. Muito. Guardou o cartão no bolso e segurou a flor na mão. Viu que James estava no campo de Quadribol. Foi andando até lá, devagar. Era o último, segundo o cartão.
     Mesmo com a visão embaçada, quando ela chegou ao campo de Quadribol, viu James. Ele estava com um buquê de lírios e uma folha na mão... e tinha uma seta desenhada nela. Ela olhou para cima e o choro se intensificou. No painel que marcavam os pontos da partida, estavam escritos as palavras:

     Lily Evans, você aceita namorar comigo?

     James retirou a folha da seta. A mesma pergunta estava escrita nela.
     — SIM! — ela correu até James — Sim, James Potter, eu aceito namorar com você.
     Os Marotos apareceram, olhando toda a cena.
     — Se o pedido de namoro foi assim, imagina o de casamento — Sirius riu.
     Os dois riram. Riram, se abraçaram, se beijaram. Ele olhou profundamente para Lily.
     — Eu te amo, Lírio.
     — Eu também te amo, James.