Dois

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Depois da seção "médica do amor" tinha ido ao banheiro e já estava de saída quando esbarro em Gabriel. Hoje é o dia de encontrar gente antiga. Não, este não era um namorado, apesar de que na época que o conheci adoraria que fosse. Um amigo da faculdade, um amor, mas que nunca foi meu.

– Li! Meu Deus olha você! – Falou rindo com seu sorriso adorável que fazia qualquer um ao seu lado rir.

– Olá Gabriel! Quanto tempo! Está pronto para 2019?

– Ah, nem me fala nisso Li. Estou desesperado.

– Mas por quê? O que foi?

– Estou terminando minha lista de desejos para 2018.

– Mas só faltam – olhei no relógio de pulso e vi que ele ficou encarando também – 4 horas para o Ano Novo.

– Eu sei menina. Por isso estou esta pilha de nervos. Bonita pulseira por sinal – Olhei para minha pulseira, que o relógio insistia em esconder, realmente era muito bonita.

– Sim, obrigada, minha mãe me deu de aniversário esse ano. Mas me fala, quantos desejos ainda faltam?

– Mais ou menos 4 ou 3. Ainda não sei se vou cumprir um deles. Quer me ajudar?

Olhei para porta e depois para meu celular, onde tinha chego uma notificação da Netflix para terminar de ver um filme. Ah eu não tinha nada melhor para fazer e isso iria me garantir uma noite bem agradável e divertida.

– Vamos – e o sorriso travesso dele me fez gargalhar.

1º - Fazer uma boa ação para quem você não gosta.

Foi horrível quando ele disse que já que entrei nessa teria que fazer direito. Então enquanto ele fazia algo bom para alguém que ele detestava, seu vizinho Rafael, eu tinha que pensar em quem eu não gostava e o que fazer para essa pessoa.

­– Quem é? – e aqui estava eu, na casa da minha colega de trabalho que eu definitivamente não me dava bem com um vaso de planta na mão. Que bom que estávamos perto da casa dela, senão, não saberia quem ajudar.

– Eu, Natalia. – Ela abriu a porta e sua expressão de tédio para mim foi tão des-motivante que me deu vontade de ir embora com minha plantinha.

– Posso ajudar?

– É... Acho que começamos com o pé esquerdo. Que tal nesse novo ano, tentarmos melhorar nossa... Convivência? – Ela me encarou, erguendo a sobrancelha. Oh, Deus. Porque ela é tão debochada?

– Tudo bem, é, mas eu não tenho presente pra você ­– minha vez de revirar os olhos.

– Tudo bem – respondi estendendo a planta.

– Obrigada, te vejo no trabalho.

– Não acredito que ela fechou a porta na sua cara, que megera. – Estávamos rindo das nossas situações constrangedoras, sentados no banco da praça jogando pão para pombos.

Este era o desejo dois. Na verdade, eram patos, mas não tinham patos na praça, fiquei surpresa de ainda ter pombos tão tarde da noite.

– Sim, eu disse que ela era horrível. E como foi com seu vizinho?

– Ele disse que vai tentar ouvir Heavy Metal mais baixo esse ano, espero que realmente tente.

– E o que você deu para ele?

­– Um par fone de ouvidos novos. Eu disse que são muito bons para ouvir música.

Não pude segurar a gargalhada e logo ele me acompanhou também, o que acabou afastando os pombos, que saíram voando. Bati as palmas das mãos para tirar as migalhas de pão.

Véspera de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora