- Ei, Jaeno! Vai vomitar na casa do caixa prego ou na casa daquele seu super amigo Mark!- Cruzou os braços com raiva, encostando suas costas na madeira da porta do banheiro, escutando uns choramingos de Lee.
- Cala a boca! Para de pensar que eu não te amo por cinco minutos?- Gritou ali da cabine e cospiu mais pétalas de gypsophila no lixo do banheiro enquanto o cheiro doce daquelas flores tomar conta do local.- Você vai me matar!
- Eu ainda estou mal com a coisa do Mark... Como você me substituiu por ele?!
- Foi só uma saída!
Huang entrou no banheiro rapidamente e com o rosto a refletir raiva mas após sentir o cheiro maravilhoso das flores, as sombrancelhas deixaram aquela posição franzida, sorrindo rapidinho e se ajoelhando ao lado do garoto que ainda estava agarrado na lixeira, cuspindo gypsophilas. O chinês se sentiu mal. Sabia do apreço do Lee por si e até tinha um apreço pelo mesmo e por causa daquela situação, crisântemos lhe enchiam o pulmão as vezes quando via Jaeno a andar com outros. Seja com Mark ou não. As mãos longas tomaram o rosto simétrico de Jaeno, fazendo o mesmo olhar para si. Os olhos negros quase transbordavam lágrimas enquanto a boca ainda tinha pétalas de gypsophila grudadas. A destra se esgueirou sobre os lábios, limpando as flores e as derrubando no chão mesmo. Cheirou o doce aroma profundamente, sorrindo ainda mais com aquilo.
- Pra que tanto ciúmes?
- Você é precioso demais. Minha flor favorita, lembra? Você é realmente muito precioso para mim... Sabe que eu te amo, não é?
Era como se toda e qualquer flor dentro de seu estômago estivessem a se dissipar rapidamente, conseguindo respirar e focar em Renjun. Céus, como amava tanto aquele moleque mas céus, por que não estavam juntos? Aquilo lhe fazia se revirar em raiva. Se aproximou mais, encostando as testas e fechou seus olhos.
- Mas só por isso? Eu ainda vomito gypsophilas querendo ou não. Ainda sou teu até a morte.- Murmurou, se entristecendo lentamente com a situação. Sua respiração ainda soava com dificuldade e os suspiros com cheiro de flores branquinhas. Talvez estava no último estágio e seu estômago iria começar a se petrificar quando menos esperasse.
- Você sabe que ainda é cedo.
- Mesmo assim, não quero morrer com dezessete anos. Eu não quero morrer.- A voz saiu trêmula e o coração de Renjun se retorceu novamente.
- Você não vai enquanto eu estiver vivo, hm? Eu ainda vomito crisântemos.
Lee abriu suas pálpebras, encarando os olhos acastanhados. Aquela situação era tão torturante para si e agora, se tornava pior. Só queria que aquela escola acabasse e pudesse agarrar Renjun em seus braços e ficar com o mesmo para sempre. Malditos acontecimentos banais. Maldita distância e malditas flores em seu estômago. Suspirou entrecortado, encostando os lábios no chinês e beijando o mesmo lentamente como se tivessem todo o tempo do mundo. O sol surgia e o celular apitava na pia mas mesmo assim, Jaeno ainda beijava Renjun na promessa de voltar a China somente para trazê-lo a si, matando cada gypsophila e cada crisântemo. Um dia iria voltar e trazer para si, ficar com o garoto, beijá-lo quando queria. Iria amar Renjun de verdade. Os lábios tinha gosto doce e o cheiro era melhor ainda. Tão macios quanto pétalas que colocava para fora mas as pontas dos crisântemos apertavam o coração do Huang em meio aquele beijo, fazendo um aninho sequer se tornar milhares de séculos.
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distância tóxica
RomanceJaeno é uma margarida preciosa demais mas a distância acaba sendo uma terra tóxica, lhe asfixiando aos poucos e a insegurança de Renjun apenas piora, fazendo crisântemos se tornar uma ideia horrível de decoração.