Espelho Temporal (Pausada Temporariamente)

Capítulo III

_ Acorde!!!
“Lá vamos outra vez
Tomar cafe da manha e ir direto pra escola".

Por incrível que pareça, estou mesmo no ano de 1988, não sei como não percebi antes, as construções, a falta de tecnologia, era meio óbvio. O que eu ainda não entendo é como eu vim parar aqui, na minha cidade, a muito tempo atrás.
Pelo menos agora não me sinto tão perdido, tenho uma rotina  seguir. E que a propósito ,se não fosse pelo Márcio eu não chegaria a tempo na escola.
Eu corri direto para minha sala, no mesmo momento em que o sinal tocou.

_ Quase atrasado em seu segundo dia? Isso não é nada bom.  Aquela voz suave surgiu no meio, era ela, Kimberly, a qual já estava sentada em seu lugar na sala.
O que ela disse era uma crítica em tanto, mas com aqueles olhos castanhos, e seu sorriso, eu não pude me zangar.

Então eu simplesmente dei um sorriso discreto e sentei no mesmo lugar, no fundo, ao lado da janela.
Então a aula começou, era aula de  história, o que chegava a ser irônico estudarmos tanto o passado, já que eu vim parar exatamente neste tempo.
A professora nos fazia ler vários textos na aula, o pior era ler em voz alta, eu odeio ler em voz alta.
A aula era tão cansativa que quando me virei, 5 colegas já estavam dormindo sob a carteira, e eu não os culpo, eu também já estava morrendo de sono.

Porém isso não era exatamente o maior dos meus problemas, como foi que eu vim parar aqui? HM.. pera, agora me lembro..o espelho…, o espelho do meu quarto. O pior é que meu quarto não existe neste tempo.
Mas espera aí, eu fui parar no quarto, da Kimberly, e se o espelho estiver lá? Talvez eu possa voltar para casa, mas só indo no quarto dela pra ter certeza, o que não vai ser uma tarefa fácil, mas como é que eu vou fazer isso?

_ Jones…
_ Jones!!!
Era a professora gritando.
_Ha? O que?
_ É para você continuar a leitura, de onde paramos.
_ Ahn sim, onde mesmo?
_ Se tivesse mais tempo prestando atenção na aula em vez de dormir, vc saberia.
_ Próximo!
Então outro aluno começou a ler no meu lugar, eu nem tinha percebido que eu havia dormido, eu devo ter apagado do nada.

_ Mandou bem novato- Kimberly cochichou dando uma pequena risada.
_ Ahn, não enche.

Me virei para a janela ao meu lado, observei tudo lá fora, era diferente do acostumado, poucos carros, mais natureza, mais pássaros. É nesses momentos que pensamos no que a revolução industrial entre outras mudanças realmente resultaram.

Depois de um tempo, não ouvia mais nada, nem o barulho da sala, nem a professora, eu estava começando a me “desconectar do mundo”. Então comecei a pensar...

Eu acho que a única forma para mim descobrir se o espelho estava na casa dela era eu indo lá.
Felizmente pelo que percebi, ela está morando na mesma casa eu vou acabar morando futuramente.
O único problema é que a tarde devo estar no orfanato, tenho que dar um jeito de sair, nem que seja no meio da noite, eu preciso saber.
Apesar de estar em outro tempo, uma coisa parece nunca mudar, as aulas parecem uma tortura de chatisse.

Os professores falam, falam, e falam, os conteúdos no fundo são importantes, mas  aulas teóricas e entediantes não vão nos ensinar nada.

Eu passei muito tempo pensando, por que logo que parei ,o sinal tocou, e eu fui direto almoçar.

...

Almoçando notei que Kimberly não estava por perto, onde ela foi?- Me perguntava.
A vontade que eu tinha era de achá-la, mas não tinha tempo para isso.
O Sr. Márcio já havia vindo me buscar, o que me lembrava das minhas infelizes tarefas da tarde.

Chegando no orfanato, quase tive um imprevisto infarto.

_ Mas o que?!

Era lama pra todo lado, e pra variar era nos corredores que eu deveria limpar.
Márcio que estava ao meu lado disse:

_ Parece que as crianças foram brincar lá fora, e como tinha pouca gente cuidando, 2 crianças entraram todas sujas.
_ Só duas? -Falei

É sério parecia que tinha sido uma tropa, de tanta lama que tinha.

_ Mudando de assunto, a Diretora está junto ao delegado, eles querem falar com você.

Logo que ele disse eu fui direto a sala da diretora.

_ Jones, que bom que você veio, já íamos chamá-lo.
_ Bom, parece que não há qualquer registro sobre você, então a Diretora concordou em você estar na escola em tempo integral, deixando de lado suas tarefas no orfanato, se tornando um membro oficial do orfanato.
_ Eu...entendo.Obrigado-Falei.
Ufa, não preciso limpar a sujeira que está lá fora, eu pensei.
_ No entanto, como esse acordo só valerá a partir de amanhã, você deverá efetuar ainda suas tarefas de hoje, um inclusive limpar aquela bagunça do corredor.

Depois disso só fiz uma cara do tipo, “Mas que droga, é sério isso?”
A Diretora apenas riu discretamente, mas provavelmente ela percebeu só pela minha expressão.
   
Assim que saí do escritório, Márcio me entregou coisas que precisei pra limpar aquele corredor. vou
Vassoura, pano, sabão, e outros utensílios que acho que nem existem mais no meu tempo. Eram quase meia noite e eu ainda não tinha terminado a bagunça.

   E meu plano pra fugir e encontrar a minha casa?!
Bom estou cansado demais para criá-lo, esse desafio acaba ficando para um outro dia.
   Eram meia-noite e meia quando pude finalmente descansar, fui direto pro banho e mudei de roupa. Não precisei nem de dez segundos para finalmente virar uma pedra dorminhoca.

Observador: Obrigado novamente a todos os leitores, a meta desse livro é publicar um capítulo por semana, a princípio, será postado na sexta feira.

Obrigado!