Capitulo 1

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Eu estava sentada no sofá da casa dos Payne's. O relógio de prata, pendurado na parede, marcavam 21 horas e a ceia de natal começaria  á 00:00h. A cada nova batida que vinha acontecendo frequentemente da cozinha era como um novo susto.

A quatro anos atrás me mudei de West Midiands para o Brasil devido a uma nova proposta de trabalho para minha mãe. O que eu não conseguia entender era o ódio que Liam conseguiu guardar de mim ou o ressentimento... Eramos jovens até demais para amar, sim... Eramos. Em 2008 ele me disse coisas horríveis quando me despedi dele, mas o que mais havia me marcado foi sua ultima frase: "Vá e então eu lhe odiarei para sempre." Os pelos dos meus braços se arrepiam ao me lembrar daquele momento. A muito tempo eu não pensava nisso... Tavez tivesse pensado durante um ano todo e aquilo doeu, mas depois disto, bom... Era provável que eu tenha me acostumado com isto, como eu sempre me acostumo.

Minha vida não era a mais perfeita. Nunca foi e dificilmente seria. Antes, quando nos conhecemos, Liam sempre foi minha base... Foi ele quem me insentivou a estudar e também foi ele quem roubou meu diario e disse que eu tinha um "Talento" para escrever. Eu gostava dele, mas se passaram 4 anos e as coisas mudaram... Tanto para mim e principalmente para ele.

Lembro-me das diversas vezes em que Liam se recusou a falar comigo pelo telefone, dizia que eu havia morrido para ele e que ele me odiaria pelo resto de sua vida, que todo o mal que eu havia lhe proporcionado retornaria em dobro para mim... Essas talvez fossem as piores coisas que ele tenha me dito.

Karen, sua mãe, sempre o repreendia ao telefone e tentava lhe obrigar a falar comigo, mas esta era a única coisa em que Liam desobedecia sua mãe. Meu contato com a familia nunca foi quebrado. Ruth, Nicola, Karen e até mesmo Sr. Payne, algumas vezes, conversavamos por horas... Foram 4 anos dificeis. O quanto minha mãe me ajudou a crescer foi a metade que Karen havia ajudado. Ela sempre me tratou como um quarto filho e eu era grata por isto. Desta maneira, ao descobrir que fui aceita na Universidade de Londres, lhe liguei rapidamente, contando sobre o ocorrido e como sempre ela me parabenizou e disponibilizou o quarto do Liam, agora vago, para que eu passasse alguns dias antes que eu fosse diretamente para Londres atrás do meu apartamento.

Liam é um ano mais velho que eu e após minha partida, brevemente eu recebia noticias dele... Karen normalmente não se manifestava, mas ela havia me dito a 2 anos atrás sobre suas tentativas para o The X-Factor, e eu torci por ele... Eu desejei que ele conseguisse e depois de alguns meses recebi a noticia de Karen. Ele se juntou a uma banda, ainda no The X-Factor e juntos ganharam o terceiro lugar do programa. O que ninguém esperava era que com o terceiro lugar eles alcançassem o topo do mundo! A banda "One Direction" explodiu e conquistou todo o planeta.

Por conta disto, em plena véspera de Natal, Karen encontra-se um pouco chatiada. Liam prometeu que viria para casa, mas ele não cumpria suas promessas, pelo menos, não essas... Sua mãe, que era dona de um enorme coraçã as vezes transbordava em lágrimas, mas no fundo o orgulho por ter ajudado seu filho a realizar seu sonho era maior que qualquer saudade...

A campainha soou e Karen surgiu à frente do corredor que ligava a sala á cozinha. Me deu um breve sorriso, talvez tentando disfarçar algumas lágrimas teimosas, mas seus olhos marejados eram notaveis. Ela tinha medo, apezar de tudo. Ela tinha medo de que Liam se esquecesse dela...

Karen abriu a porta delicadamente e foi surpreendida com um abraço de urso! Meu coração disparou de tal maneira que eu pensei que ele saltaria pela boca. Havia um cabelo castanho claro em meio aos braços dela. A pessoa era de fato mais alta, mas se curva para abraçá-la. Os braços eram consideravelmente fortes. Ele levantou o rosto e eu tive de me remexer no sofá. Era ele... Sim, Liam... Era ele! Era agora mais magro que antes, mas o sorriso... Este nunca mudou, este era indiscritível. Ele cumprimentou suas irmãs e se dirigiu até mim...

Arqueou uma sombrancelha.

"Zoe?" Ele perguntou. " Zoe Patterson?" Seu tom de voz foi indiferente e aquilo me assustou. Meu estômago revirava constantemente e pude sentir minha mão tremer. Por sorte ou talvez não, ao invéz de apertar minha mão ele me deu um beijo no rosto, deixando seu perfume forte em torno de mim.

"Isso mesmo..." Dei um sorriso forçado. Eu nunca soube disfarçar direito. "Uau você cresceu!" Eu queria morrer! As palavras sairam involuntáriamente da minha boca e agora ele deveria estar se perguntando no quão idiota eu sou.

"Um pouco..." Ele respondeu se sentando ao meu lado. "O que lhe trouxe novamente para cá?"

"Estudos..." Respondi. "As universidades do daqui são bem melhores que a do Brasil e eu fui aprovada..." sorri sincera.

"Entendo."

"E como vão as coisas com você? Fiquei sabendo sobre a banda... Fico feliz por você." Talvez ele não me odiasse, não mais... Nossa conversa continuava sutilmente e eu estava feliz em conversar com ele. O nervosismo havia passado e agora restava uma enorme ansiedade de começar a falar desesperadamente tudo o que aconteceu durante esses 4 anos.

"Sim, estamos juntos a 1 ano." Ele respondeu." Vou ver se minha mãe precisa de ajuda..." Ele disse enquanto deixava a sala.

"Achei que você iria ter um infarto." A voz soou brincalhona." Você ainda gosta dele?" Ruth continuava.

"Claro que não, Ruth!" Disse baixo. Pare de ver coisas onde não há!

"Zoe, você ainda está tremento." Ela soltou uma gargaljada alta.

"Sério Ruth..." Falei arrogânte. "não enche meu saco!" ri. Peguei meu celular checando a mensagem que Manu havia me enviado. Ela estaria na segunda-feira em Londres para conhecermos nosso AP. Manu seguia a carreira musical também, assim como Liam, porém, no Brasil, que normalmente, não trás uma enorme repercussão. Mas ela é boa, sempre a apoiei e poderia contar com ela para qualquer coisa, eu sabia disso e aquilo chegava a me amedrontar.

"Zoe" ouvi uma voz me chamar da cozinha. Era Karen. "Pode vir aqui por gentileza?" Me dirigi a cozinha onde apenas ela e Liam permaneceram. "Eu conversei com Liam, e ele estará em sua casa por uma temporada toda, talvez devesse aproveitar e se juntar a ele..." Ela soltou um sorriso largo. Meu peito arfou. Karen queria mesmo que eu e o Liam ficassemos na mesma casa? Vai saber o quão psicopata ele se tornou... A anos tento conversar com ele e só recebo patadas mas agora ele me convida para morar com ele... O que eu devo fazer?

"Eu não posso" Minha voz soou grosseira demais. "minha amiga se juntará a mim na segunda- feira e já é sexta, planejamos dividir um apartamento ja a algum tempo e não posso deixá-la sozinha, ela nunca veio para cá... Não me leve a mal, mas não daria certo." Eu soltei o ar e controlei meu nervosismo. Sabia que havia falado rápido demais e sabia que Liam se lembrava dessa minha mania quando fico nervosa.

"Zoe - A voz grossa de Liam quebrou um longo silêncio que se instalou na cozinha." Sei que não tivemos o melhor passado possível, porém as coisas mudaram. Ambos crescemos e me arrependo de tudo que lhe disse..." Ele se aquietou por um instante. Ele se lembrava de tudo que me disse, de todas as birras pela qual não se comunicava comigo. "Me deixe concertar isso. Hoje ao conversarmos na sala percebi o quão idiota fui. Eu perdi alguém muito especial sendo egoísta e isso não acontecerá novamente!"

"Liam, eu não posso deixar minha amiga..." Meu coração estava disparado e eu podia sentir meu peito balançando rapidamente a procura de ar. Não entendia o motivo para estar assim." E além do mais" Fiz uma observação.  "não gostaria de ser espancada por alguma fã istérica sua.

"Zoe" Ele se manifestou. Karen pegava alguns pratos e saia da cozinha sem interromper nossa conversa. "Não vá comigo e então eu lhe odiarei para sempre!" Ele deu um passo a frente e eu quase podia sentir seu perfume novamente.

"Pare de gracinhas, Payne." Dei lhe um soco em seu braço.

O resto da noite foi como um borrão. Após beber alguns copos de vinho minha cabeça ja rodava e eu persistia em ficar na varanda e ver o céu que estava mais estrelado que o comum. Fazia frio, alguns graus, mas ainda não chegava a nevar. Por volta das 02:00h subi até o quarto em que estava por alguns dias e me deparei com as malas de Liam... Tinha me esquecido que estava em seu quarto. Peguei algumas cobertas no closet e desci até a sala, que estava vazia, ajeitei o sofá para minha noite de sono e deixei que ele viesse...

Feels Like Snow In September (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora