V

372 72 18
                                    

Meu nome é massa folhada, fina e frágil, caída aos contos de uma escada, velha, embalsamada e sem degraus.

Meu corpo é fumaça, sem cor, sem graça, sobrevoando uma floresta amarga, sem fogo, sem palha.

Meu amor é ouro dos tolos, sem valor ou marca, vendido em supermercados, de graça, decorando os pescoços de quem, com coragem, o comprou.

Meu medo é lama, suja, molhada, derramada sobre as flores mal perfumadas de um quintal.

Meu rosto é vento, é brisa, invisível, cálido, mas alivia.

Meu mundo é estrela, brilhou, um dia, hoje está perdida, mas você a vê, de longe, eras depois de brilhar de verdade.

Meu chão é rio, mar, água, onda... Despejada, sem jeito, engolfada em tudo, em si mesma.

Meu céu é vazio, inexistente, sem sentido, inalcançável, inalienável, porém, inconscientemente, preenchivel.

FarvelOnde histórias criam vida. Descubra agora